Intolerância e preconceito religioso preocupa uma família de Trindade. Desde o último sábado, o telefone da casa onde moram não para de tocar. Do outro lado da linha, ameaças e xingamentos. O casal de comerciantes libaneses e muçulmanos Jamil Nagib Ghannoum, de 72 anos, e Ilham Isbir Ghannoum, de 52, procurou ontem a delegacia da cidade para que o caso seja investigado.As críticas são contra a religião da família, que mora em Trindade há mais de 40 anos. No último domingo, sem entender o que estava acontecendo, Ilham atendeu a uma ligação de uma pessoa que perguntou se o telefone era de um centro de tradições muçulmanas. Ao confirmar a informação, a pessoa do outro lado da linha fez ameaças e disse que muçulmanos não são bem vindo no Brasil.Jamil Nagib explica que a casa possui uma sala onde realiza orações. Nesse local, também recebe pessoas interessadas em conhecer o islamismo. “Sempre convivi muito bem com todas as pessoas. O islamismo prega o amor ao próximo. Aqui apenas ajudo quem quer conhecer a religião e quer adorar a Deus, que é único.”O casal mora no centro da cidade na companhia de uma das filhas. Eles mantêm um comércio, de onde tiram o sustento, mas a família teme pela segurança dos dois. As mensagens publicadas no Facebook criticam a religião e relacionam os muçulmanos à barbaridades como estupros e assassinatos. Uma das filhas, Haifa Ghannoum, quer ajuda jurídica para tirar as postagens do ar.Em uma das postagem no Facebook, aparece um caminhão com um adesivo da loja onde dá para ler o nome, endereço e telefone da família, além de uma inscrição em árabe. “As pessoas não sabem do que se trata, tiram conclusões erradas e nos colocaram em uma situação muito complicada.”