-Imagem (1.1252800)O artista plástico Jorge Rivasplata, de 83 anos, autor de uma estátua de mais de dois metros do filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), encontrada no quarto do estudante de psicologia Bruno de Melo Silva Borges, de 23, que desapareceu há nove dias em Rio Brance, capital do Acre, afirmou que acredita que o rapaz seja uma reencarnação do filósofo e que veio ao mundo para completar a obra dele.Em entrevista ao site G1 divulgada nesta quarta-feira (5), Rivasplata, que diz conhecer Bruno há muito tempo, confirmou que o rapaz foi seu aluno em curso de desenho e pintura e que se destacava por sua inteligência. Lá, eles se aproximaram e a encomenda da estátua foi feita. A obra, orçada em R$ 7 mil, está avaliada em R$ 20 mil.Rivasplata foi presenteado por Bruno com um livro sobre Giordano. O escultor acredita que o filósofo, morto na fogueira durante o período da Inquisição, tenha reencarnado no estudante para a complementação e apresentação de seu trabalho para o mundo. Aos pais de Bruno, o artista plástico, emocionado, pediu calma e disse que tudo está bem.Apesar da proximidade, o artista plástico afirma que sabia sobre o possível plano de saída de Bruno de casa, nem sobre seu paradeiro. O sumiço do rapaz está sendo investigado, em sigilo, pela Polícia Civil do Acre.Entenda o casoO estudante de psicologia Bruno de Melo Silva Borges, 23 anos, está desaparecido desde o dia 27 de março, quando foi visto pela última vez em um almoço de família.Além do fato do sumiço, o que chama atenção nesse caso é o quarto do rapaz, sem móveis, com escritos impecáveis, com precisão e simetria e que, além da estátua de Giordano Bruno, apresenta símbolos gnósticos e 14 livros criptografados escritos por ele mesmo e identificados por números romanos.O quarto de Bruno ficou trancado por 24 dias enquanto os pais viajavam de férias. Quando o pai do jovem, o empresário Athos Borges, retornou do trabalho e não encontrou o rapaz, ele abriu o quarto e viu as mudanças. "Eu entrei lá e não vi a cama, não vi nada, só vi aquilo tudo. Naquele momento eu vi que o Bruno tinha ido embora", disse Athos.Na ausência dos pais, Bruno ficou com o irmão gêmeo Rodrigo Borges e a irmã mais velha, Gabriela Borges. "Ele falava que era o projeto dele, eu questionava o porquê que não poderia saber o que era o projeto e ele me disse que iria me contar o que era em duas semanas. As pessoas falam porque que você não foi lá e abriu aquela porta? As pessoas têm que entender que não se tratava de uma criança, é um adulto e tem a privacidade dele. Me incomodava, mas eu não podia arrombar a porta", contou Gabriela.A irmã disse ainda que ele deixou uma chave que relaciona letras e símbolos e eles conseguiram traduzir algumas coisas. "O título de um dos livros é 'A teoria da absorção do conhecimento'", explicou.A mãe de Bruno, a psicóloga Denise Borges, afirmou que o filho não tem problemas psicológicos. "Ele é iluminado. Na escola, sempre foi diferenciado, um líder nato, com um alto poder de persuasão. É um menino de um coração tão bom, que dava as coisas da casa e dele aos outros, como camisetas e calças. Não é porque é meu filho, estou falando do Bruno amoroso, que enxerga a alma das pessoas”.Denise comentou ainda que em 2013, Bruno tinha falado sobre um projeto que estava trabalhando e precisaria de dinheiro. Ela disse que o ajudaria se soubesse o que era, mas ele não contou. “Ele dizia que era secreto e não dei o dinheiro. Então, começou a procurar pessoas que acreditassem nele sem contar o que era o projeto. Ele só me falava que estava escrevendo 14 livros que iriam mudar a humanidade de uma forma boa. Ele me pediu um ano sem trabalhar para terminar e eu, orientada por um médico, deixei”, explicou.A psicóloga também contou que o filho já tinha escrito cinco livros. "Um deles ele queria patentear, porque havia lançado uma teoria. Ele me pediu ajuda e eu disse que iria ler. Li três vezes. Somente na terceira, quando fui ler, entendi. Nunca tinha visto uma coisa daquela, era perfeita a teoria dele, que somos interligados em tudo. Ele queria patentear e eu não dei conta”, diz.Por fim, a mãe falou o que faria se tivesse visto o quarto antes do desaparecimento do filho. “Se ele abrisse a porta do quarto e nos chamasse para ver, eu iria chorar até ‘morrer’, chamar a ambulância e mandar internar. Ele sabia o que nós faríamos. Talvez tenha ido embora para que chegássemos a esse esclarecimento. Talvez tenha tentado patentear, não tenha conseguido, e criou uma linguagem própria ou talvez a obra tenha sido feita para ser lida por quem tem uma inteligência além”, especula Denise que está preocupada com Bruno, mas acredita que o “exílio” também faça parte dos planos dele na construção de suas teorias filosóficas.Goianos ajudam a descriptografar obrasNa última segunda-feira (3), os goianos Igor Rincon e Renoir dos Reis criaram o site "Decifre o Livro" para ajudar a descriptografar as páginas dos livros do estudante. De acordo com Renoir, a família de Bruno já entrou em contato com eles.-Imagem (1.1252793)