O reajuste do transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia ainda não teve seu estudo oficialmente iniciado e não há previsão para que isso ocorra. O POPULAR utilizou a fórmula paramétrica que consta no contrato de concessão para os reajustes, teve acesso aos dados que compõem o cálculo e o fez. O resultado foi de um valor da tarifa em 4 reais, um aumento de 8,55% ante os atuais R$ 3,70. Mesmo sem uma conta oficial, há um consenso entre os envolvidos no sistema de que o valor a ser cobrado ainda neste ano é este de 4 reais. A justificativa é que a população não conseguiria arcar com um valor acima deste preço.O cálculo deveria ser de acesso fácil a qualquer cidadão, já que se trata de uma tarifa pública e de interesse público, mas nem todos os índices estão disponíveis de forma transparente e fácil. Para que se conseguisse o resultado e acesso aos dados que compõem a fórmula, a reportagem contou com o auxílio de funcionários e ex-servidores da CMTC e da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC), que referendaram a conta sob anonimato. Também foram utilizadas as tabelas com os cálculos realizados de 2010 a 2016.Os valores da variação do óleo diesel, do salário dos motoristas, Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a Coluna 36 da Federação Getúlio Vargas (FGV) são oficiais e de acesso relativamente fácil a qualquer cidadão. O preço do diesel é o médio para grandes compradores (distribuição) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em Goiânia, disponível no site oficial do órgão. Já o INPC também é oficial e de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o salário dos motoristas é segundo a convenção coletiva de trabalho (CCT) feita no ano passado. Neste último índice só consta o salário e não os aditivos e o vale alimentação que os trabalhadores recebem. A Coluna 36 da FGV representa a depreciação da frota e maquinário utilizado para a operação. É divulgado pela revista Conjuntura Econômica, oficial da universidade com sede no Rio de Janeiro, ou para quem tem acesso ao FGV Dados, que é próprio para assinantes. A reportagem teve acesso ao dado a partir de um assinante do projeto, após ser negado de forma oficial. Ele se torna público após três meses de divulgação.Conforme diz o contrato, o reajuste ocorre a partir desses valores em um acumulado de 12 meses. No entanto, isto nem sempre foi seguido no histórico dos reajustes. No ano passado, por exemplo, os dados utilizados tiveram como mês base abril de 2014 e o mês final foi janeiro de 2016, já que em 2015 houve a revisão tarifária e não o reajuste. A diferença entre elas é que a primeira é mais complexa, não utiliza a fórmula paramétrica do contrato, mas leva em consideração o equilíbrio econômico e financeiro do contrato e deveria ser feita a cada cinco anos.A revisão demorou dois anos a mais para ocorrer do que o previsto e pode até vir a ser calculada novamente no próximo ano. Neste ano, por outro lado, o reajuste é necessariamente feito pela fórmula paramétrica. Para estimar qual seria o valor da tarifa, O POPULAR utilizou os valores entre fevereiro de 2016 a janeiro de 2017, já que se levou em conta o mês seguinte ao do último reajuste como mês base e o último mês que possui todos os dados fechados, completando o total de 12 meses, conforme prevê o contrato.Há uma semana, a reportagem contatou a CMTC para ter acesso aos dados oficiais do índice de passageiros equivalentes por quilômetro (IPKe), mas os números não foram enviados até o fechamento da matéria. Os índices foram conseguidos de forma extraoficial e podem divergir do cálculo final da companhia, mas técnicos que atuam no sistema confirmam que a diferença deve ser mínima, o que não mudaria em muito o resultado final da tarifa, já que são utilizadas as variações entre os valores e o fator resultante.O IPKe é um índice que mostra quantos passageiros que pagam a tarifa são transportados a cada quilômetro rodado, ou seja, não se conta as gratuidades do sistema e os estudantes são calculados de modo que dois resultam em um, já que destes é cobrada apenas meia tarifa. O valor dá uma ideia de quantos usuários deixam o sistema ao tempo que a operação aumenta a rodagem, com a expansão da região metropolitana. Para se ter uma ideia, nos anos iniciais do contrato, o valor chegava a 1,6, mas, atualmente, o máximo chega a 1,4.-Imagem (Image_1.1235569)