Uma adolescente, de 12 anos, morreu no fim de semana em Anápolis porque os pais não encontraram vaga em unidade de terapia intensiva ( UTI) pediátrica na cidade. Depois do fechamento para reforma da unidade do Hospital Evangélico Goiano (HEG), Anápolis passou a dispor de apenas sete leitos, oferecidos pela Santa Casa de Misericórdia. De acordo com a médica pediatra Gina Tronconi, a adolescente esteve internada na UTI do Evangélico por várias vezes, mas devido à desativação da unidade, não foi possível salvar a vida dela. “Eu estou muito triste e porque não dizer desanimada, pois infelizmente, ela morreu”, lamentou a médica, prevendo que muitas outras crianças da cidade e de municípios vizinhos podem morrer na mesma circunstância. De acordo com a pediatra, apesar da idade, a adolescente tinha o corpo pouco maior que de um bebê e sempre dependia de leito de UTI, tanto que a família lutou muito para que o HEG não desativasse a unidade, fazendo até um abaixo-assinado. “Como sabiam que a UTI do Evangélico estava fechada, os pais pediram o socorro do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu), que levou a menina para o Hospital de Urgências, mas ela morreu antes de ser socorrida”, relatou. Para Gina Tronconi, uma cidade com uma população próxima dos 400 mil habitantes e que abriga pacientes de pelo menos 30 outras cidades do Estado, não pode dispor de apenas 7 leitos de UTI pediátrica. “O mínimo necessário para nossa cidade seriam 20 leitos”, defende a médica. Já o enfermeiro-chefe da Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, Júlio César Gomes, entende que 30 leitos só para Anápolis ainda seriam insuficientes, considerando a demanda que a Santa Casa tem para esse tipo de serviço. “Nós temos apenas sete vagas para a UTI pediátrica e dez para a UTI neonatal, mas devo dizer que se hoje aparecesse um bebê precisando de vaga em qualquer uma delas, nós não poderíamos atendê-lo, pois não temos uma só vaga disponível. A UTI neonatal está, inclusive, com uma cama extra”, disse o enfermeiro. O diretor-técnico do HEG, Stanley Fanstone Pina, acredita que a reforma da UTI pediátrica deva demorar cerca de 90 dias, mas ressaltou que esse tempo pode ser reduzido se houver colaboração da Secretaria Municipal de Saúde, que tem a gestão plena da saúde pública na cidade. “A nossa intenção era iniciar a reforma em dezembro do ano passado, mas como a Santa Casa também anunciou que iria fechar sua UTI para reforma, nós resolvemos aguardar a reabertura daquela unidade”, disse o diretor, que desativou a UTI no início deste mês, justificando com a necessidade de fazer adaptações e de melhorar a infraestrutrura, que segundo ele, deixa muito a desejar. Apesar das afirmações do diretor-técnico de que o fechamento da UTI pediátrica é temporário, Gina Tronconi não acredita que ela volte a funcionar. A pediatra disse que a manutenção de UTI é muito cara, e que o hospital não recebe aporte do governo municipal.