No tempo de nossos avós, um vizinho cuidar da casa do outro quando ela estava vazia era normal. Todos se conheciam, tinham amizade e eram solidários em momentos de aperto financeiro, de dor, de alegria, de comemoração. Acima de tudo, uns cuidavam dos outros. O apreço e a consideração de antes foram sendo esquecidos com a correria dos dias atuais e com a perda de valores comunitários.Dona Rosa.Ela viu o programa de Vizinhança Solidária em outro Estado e trouxe o projeto para Goiânia, apresentando seu esboço ao comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar, major Karisson Ferreira Sobrinho, que o levou ao comandante-geral da corporação, coronel Sílvio Benedito Alves, um entusiasta do policiamento comunitário.Depois de adequado à realidade goianiense, o projeto-piloto começou a ser instalado nos setores Privê Atlântico e Vila Rosa. O capitão Peterson Costa, subcomandante do 7º BPM, explicou que equipes do batalhão visitaram os moradores dos dois bairros explicando o projeto e houve adesão imediata dos moradores.O programa consiste em um vizinho tomar conta do outro. “Quando tem alguém suspeito na rua, a PM é acionada imediatamente”, contou. Para isso, a polícia conseguiu patrocínio para a fabricação de 5 mil placas de PVC informando que a área é monitorada pela comunidade e o número da viatura do bairro. A placa é fixada na porta das residências.“O bandido não vai ficar aqui de jeito nenhum”, contou Dona Rosa. Segundo ela, quando acionada, a viatura do bairro não demora mais que dois minutos para chegar a porta da casa que a acionou.O capitão Peterson Costa informou que os dois bairros foram escolhidos para a instalação inicial do projeto porque eram os com mais problemas de furto e roubo a residências, já que as casas são, em sua maioria, de pessoas com alto poder aquisitivo. Segundo ele, até julho o vizinhança Solidária deve ser instalado nos 90 bairros cobertos pelo 7º BPM. O programa será lançado oficialmente nesta semana pelo comandante-geral da PM.A intenção da corporação é zerar o número de ocorrências de furto e de roubo a residências na região. “Queremos instalar este projeto em toda a cidade”, disse Dona Rosa, ao instalar ontem de tarde a placa do Vizinhança Solidária na porta da casa dela, na Vila Rosa.Segundo ela, a PM tem feito sua parte na prevenção ao crime na região, mas o mato alto nos lotes baldios coloca em risco a população. “Temos a parceria com a PM, mas não conseguimos ainda uma parceria com a Prefeitura de Goiânia”, reclamou. A assessoria da Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg) não atendeu as ligações do POPULAR para falar sobre o assunto na tarde de ontem.OcorrênciasO número de ocorrências de furtos e de roubos em residências na Vila Rosa e no Privê Atlântico não é muito alto, mas o capitão Peterson Costa revelou que em reuniões com a comunidade há a reclamação de casos não registrados oficialmente. “As pessoas acham que os casos não serão investigados, o que não é verdade. O fato tem de chegar ao conhecimento da polícia. Apesar disso, segundo ele, o número de casos não chega a um por dia na região. Todas as 1.432 residências dos 2 bairros foram visitadas pelos militares do 7º BPM, segundo Dona Rosa. -Imagem (Image_1.521792)