A crise política deflagrada na semana passada pode atrasar a agenda econômica de reformas "em algumas semanas". A avaliação foi feita pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em teleconferência com investidores e clientes do banco JP Morgan. Na teleconferência em inglês, o ministro foi questionado se eventual atraso na tramitação das reformas no Congresso seria em "semanas ou meses". "Minha opinião é em termos de semanas", disse ao investidor.Durante a fala inicial, o ministro da Fazenda reconheceu que a crise política pode "mudar a programação da reforma da Previdência", mas Meirelles repetiu discurso já feito em outras ocasiões de que o importante é a aprovação do tema.&nbsp;"O ponto principal é que (a reforma) vai mostrar os resultados", disse o ministro, ao comentar que muita gente o questiona sobre eventual atraso de um ou dois meses. "Na verdade, o importante é a confiança de que será aprovado."

Crise deve atrasar agenda de reformas 'em semanas', diz Meirelles a investidores

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(Wesley Costa)

De presidente do Grêmio Estudantil do Lyceu de Goiânia à ministro da Fazenda. A trajetória do goiano Henrique Meirelles foi contada em detalhes no livro autobiográfico “Calma sob Pressão”. Nascido em Anápolis, o executivo voltou a Goiás para o lançamento da obra, que aconteceu durante um evento exclusivo promovido pelo Sicoob UniCentro Br, na terça-feira, 19. O encontro foi marcado pelo momento de autógrafos e pela presença de lideranças e autoridades, como o governador Ronaldo Caiado e o vice-governador Daniel Vilela. Durante o discurso, Caiado enfatizou a importância de dar mérito às pessoas que fazem história em nosso país. “Henrique Meirelles saiu da nossa cidade, Anápolis, e se tornou um homem respeitado internacionalmente pela posição de relevância que ele tem”, disse.

O governador contou ainda que influenciou a participação do executivo na política e elogiou seu posicionamento frente aos desafios que enfrentou ao longo da carreira. “Meirelles tem um grande preparo intelectual, que dá a ele essa calma e a capacidade de argumentação. Diante de todas as dificuldades, ele apresentou saídas, dentro das regras do sistema democrático, com respeito ao Congresso Nacional, ao Judiciário, ao Executivo e aos entes federados também. É um homem que traz paz. E foi justamente o que colocou no livro ‘Calma, sob pressão’”, pontuou Caiado. 
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A obra se tornou leitura obrigatória para políticos, economistas e estudantes. Em menos de um mês, a primeira edição foi esgotada, com 7 mil exemplares vendidos. A turnê de lançamento passou por São Paulo e Rio de Janeiro, onde o livro foi apresentado em livrarias. Para o diretor-presidente do Sicoob UniCentro Br, Diogo Mafia, sediar esse evento trata-se de um momento ímpar na história da cooperativa. "É uma honra receber o ex-ministro e ex-presidente do Banco Central. Assim como ele, que saiu de Goiás e tem relevância internacional, nós somos uma instituição nascida aqui, e hoje contamos com vários pontos de atendimento, em São Paulo, Tocantins, Distrito Federal e Minas Gerais. Então, a presença dele nos alegra e mostra a representatividade do cooperativismo financeiro para o estado de Goiás e para o Brasil”.

Meirelles agradeceu ao convite da instituição e declarou a importância de voltar a sua terra natal para esse lançamento. “Goiânia foi uma parte muito importante da minha vida, foi exatamente onde eu cresci e me iniciei na vida política. Viajei o estado inteiro, aprendi a me comunicar e a liderar. O livro conta os meus passos até chegar ao Banco de Boston, onde permaneci por 29 anos e tudo que acontece após, como a minha eleição para deputado federal, aqui em Goiás. Cheguei à presidência do Banco Central, na qual eu fui a pessoa que permaneceu por mais tempo no cargo. Estive também em outras posições públicas e no setor privado”. O executivo, que recebeu familiares em um momento privado, antes do evento, falou sobre sua descendência. “A família da minha mãe chegou em Goiás em 1790, e a família do meu pai em 1830. Então, as minhas raízes estão aqui, fortemente encravadas no território goiano”.

<h2>Confira mais fotos do evento:</h2>

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Henrique Meirelles lança livro autobiográfico no Sicoob UniCentro Br

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Em 2002, o então prefeito de Goiânia Pedro Wilson (PT) organizou um encontro num hotel em Brasília entre o candidato a presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Henrique Meirelles, que àquela época havia acabado de deixar a presidência do Banco de Boston, instituição financeira onde trabalhou por quase 30 anos. Morando nos Estados Unidos, Meirelles queria voltar ao Brasil pela via política.

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“Acho que você deve entrar no PSDB”, aconselhou Lula. Ao que Pedro Wilson se sobressaltou: “Mas Lula, o que é isso? Você o está aconselhando a entrar no partido adversário?”. Então Lula explicou que as ideias de Meirelles estavam “mais em linha” com os ideários tucanos. E a sugestão do petista prosperou.

O episódio é descrito pelo próprio Meirelles no livro de memórias “Calma sob pressão: o que aprendi comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o ministério da Fazenda” (Editora Planeta), que será lançado em Goiânia na terça-feira (19), no Sicoob UniCentro do Setor Marista.

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Antes de fechar o acerto de filiação com o PSDB, Meirelles ainda titubeou com a possibilidade de filiar-se ao PFL. Uma ligação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), porém, convenceu da ideia soprada inicialmente por Lula de que o partido dos tucanos seria mesmo a melhor opção.

Naquele ano, o anapolino Meirelles saiu candidato a deputado federal por Goiás pelo PSDB. A campanha fora um acontecimento, logrando a ele a maior votação da história de Goiás para o Legislativo federal até então. Uma estreia política nada mal para quem havia passado boa parte da carreira profissional sobretudo em cargos executivos no setor privado.

Mas o estopim eleitoral não durou muito tempo. Antes mesmo de assumir sua cadeira na Câmara dos Deputados, Meirelles foi a Washington e a Nova York, a pedido do governador reeleito de então, Marconi Perillo (PSDB), para ajudar o governo de Goiás a atrair empréstimos do Banco Mundial para o estado. Em meio ao périplo em Nova York, o telefone tocou. Era Aloizio Mercadante, que o convidava para uma conversa com Lula, que fora eleito presidente em outubro, em Washington. “Era óbvio que aquele convite não era para tomar chá”, conta Meirelles.

E não era. Às voltas na montagem da equipe que desembarcaria com ele na Esplanada dos Ministérios no ano seguinte, Lula fez o convite para que Meirelles fosse presidente do Banco Central. A cena era: o Brasil tinha reservas internacionais de 38 bilhões de dólares, um acordo assinado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para ter acesso a um empréstimo de 30 bilhões de dólares, e a inflação que rodava em mais de 12% ao ano naquela época. Meirelles aceitou o convite com a condição de total independência.

Segundo relata no livro, Lula reagiu questionando sobre a tal independência, mas o futuro chefe do BC respondeu citando exemplos internacionais de bancos centrais independentes e, por essa razão, seguros no trabalhar da principal meta: controlar a inflação sem influências políticas externas. O petista concordou. Meirelles viu como “pragmático” o gesto do futuro presidente.

Apesar de ter sido eleito com 183 mil votos para deputado federal, Meirelles renunciou ao cargo cerca de dois meses após a eleição e desfiliou-se do PSDB antes mesmo da posse para assumir a presidência do Banco Central. Na primeira medida à frente da autarquia federal, o goiano levou o Comitê de Política Monetária (Copom) a elevar os juros, razão pela qual foi duramente criticado e pressionado internamente, o que chamou de “fogo amigo”.

***

Tanto na relação política com Lula quanto, anos depois, como ministro da Fazenda do presidente Michel Temer (MDB), Meirelles, hoje com 79 anos, afirma em entrevista ao POPULAR que seu grande trunfo foi sempre saber se dedicar com eficiência ao cargo específico que tinha e exercê-lo bem.

“Por exemplo, no BC, eu trabalhei bem e consegui baixar a inflação, conseguimos acumular reservas, e tudo isso levou a um crescimento maior do Brasil. O próprio Lula diz que foi uma parceria de sucesso. Com o Temer, me dediquei também e o produto brasileiro subiu”, observa.

“Calma sob pressão”, inclusive, é prefaciado por Lula e Temer. Olhando no retrovisor, o petista afirma que sua admiração por Meirelles não se limita aos números positivos da economia, mas também “à lealdade dele ao nosso projeto de crescimento econômico com inclusão social”, mencionando ainda a renúncia ao mandato de deputado federal para assumir a presidência do BC em um momento em que “o recém-eleito governo do PT provocava um temor infundado no setor financeiro”. Para Lula, a relação com Meirelles mostrou que “um petista e um tucano podem deixar de lado as divergências e trabalhar pelo bem do Brasil”.

Temer, por sua vez, afirma que por causa da monta da credibilidade de Meirelles, enquanto presidente não o deixava apenas na área econômica. “Pedia a ele para renegociar a reforma da previdência e outros temas. Pedia a ele para ir ao presidente da Câmara, do Senado, reunir-se com deputados e senadores porque tínhamos temas complicados”, diz o emedebista. Durante o governo Temer, Meirelles foi o responsável por propor o teto de gastos, uma medida duramente criticada pelo PT e substituída no primeiro ano do governo Lula 3 pelo arcabouço fiscal.

Meirelles vê dificuldades em reduzir os juros do país com a atual situação econômica, em que projeções indicam ritmo de aumento da taxa de juros, podendo chegar a 14%, e uma expectativa pelo corte de gastos que não se consolida. “O Banco Central, para controlar a inflação, ele tem que realmente manter os juros em patamar adequado. Isso vai depender muito da política fiscal, como o próprio presidente do BC já mencionou. Possível é baixar os juros”, diz.

“Quando eu entrei no BC, a taxa de juros, a Selic, estava a 25%, muito maior do que hoje. Entreguei ela a um dígito. A queda de juros é puxada pelas projeções de inflação. Hoje o mais importante seria o plano de corte de gastos que o ministro Fernando Haddad e a ministra Simone Tebet estão se referindo.”

Na autobiografia, Meirelles comenta em uma passagem emblemática que as políticas monetária e fiscal tiveram um bom desempenho no primeiro mandato do presidente Lula. O ex-presidente do BC revela também que em 2007 Lula ligou para ele pedindo a redução dos juros. “Meirelles, olha, eu nunca te pedi nada”, disse o petista. “É verdade”, respondeu Meirelles. “Pois hoje eu vou te pedir. Vou te pedir, então, que corte os juros para o Brasil crescer, porque senão nós não vamos crescer os 5% da nossa meta”, pediu Lula. E Meirelles respondeu: “Olha, presidente, fique tranquilo que nós vamos fazer o melhor para o Brasil.”

***

O livro é coalhado de histórias pessoais e dos bastidores do Poder, todas narradas em primeira pessoa. Falando sobre Goiás, o ex-ministro da Fazenda repassa os anos de infância e juventude antes de sua mudança para São Paulo em 1965. Meirelles nasceu em Anápolis em 1945 graças a um personagem inesperado: um serial killer condenado por 21 assassinatos. O pai de Meirelles, então diretor da Penitenciária do Estado e secretário de Segurança Pública, havia assumido a responsabilidade pela liberdade condicional de José Lourenço, o “matador” da época.

Após ganhar uma nova chance, Lourenço tornou-se motorista da família Meirelles e foi peça-chave para que o parto dele ocorresse conforme o desejo da mãe, que insistia que ele nascesse em Anápolis e não em Goiânia. Em meio ao racionamento de combustível, Lourenço revelou que havia estocado gasolina no quintal, garantindo o transporte para o hospital.

A convivência entre Lourenço e a família Meirelles foi marcada pela confiança após o episódio. Anos depois, Meirelles, ainda jovem, confrontou o Lourenço sobre os crimes. “É verdade que você matou 21 pessoas?”, perguntou. Ele admitiu e explicou que perdia o controle em momentos de provocação, mas garantiu que nunca mais teve esses episódios após a ajuda do pai de Meirelles.

***

Nas memórias, Meirelles conta que em 2001, morando em Nova York, o Banco de Boston, instituição financeira que presidia, patrocinou um espetáculo no Lincoln Center com os Três Tenores. Anfitrião da festa, Meirelles vestia um smoking e cumprimentava as pessoas na saída quando recebeu um tapa nas costas que o fez lembrar de sua adolescência em Goiás. Quando se virou, viu um homem alto de cabelo laranja.

“Welcome to New York, Henrique (bem-vindo a Nova York, Henrique)”, disse o homem. Era o empresário Donald Trump. Meirelles afirma que a companhia de construção do futuro presidente dos EUA era cliente do Boston, mas sempre tivera problemas com crédito e dificuldades em pagar.

Meirelles se autodescreve como o “filho de Goiás que virou cidadão do mundo”: “É uma parte muito importante da minha biografia.”

Henrique Meirelles conta bastidores do poder em livro de memórias

Política

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Lançamento em Goiânia

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Secretário estadual de Comunicação, Gean Carvalho(Weimer Carvalho / O Popular)

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O secretário estadual de Comunicação, Gean Carvalho, reage às declarações do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e da ex-secretária da Economia de Goiás Cristiane Schmidt, que defendem a reforma tributária. “Se Meirelles e Schmidt são a favor da reforma é mais um motivo pra Goiás ser contra. É só ver a quais interesses sempre estiveram ligados”, afirma o auxiliar do governador Ronaldo Caiado em mensagem enviada a esta coluna.&nbsp;

Na contramão do que tem defendido Caiado de maneira incisiva, Meirelles e Schmidt disseram ao POPULAR que Goiás não perde com a reforma tributária, que deve ser votada nesta quinta-feira (6) pela Câmara dos Deputados. <a href="https://opopular.com.br/politica/schmidt-e-meirelles-dizem-que-goias-n-o-perde-com-reforma-tributaria-1.3045448" target="_blank">Os dois avaliam que o estado não sofrerá perdas com os mecanismos de compensação e que a proposta não fere a autonomia de governos</a>.&nbsp;

“Falar que Goiás não terá perdas é zombar da inteligência dos goianos. O próprio vice (Geraldo) Alckmin admitiu isso. Se não tivesse perdas, porque então há a proposta de fundo de compensação? Você só propõe compensar quando há perdas. Se os dois querem defender a reforma porque tem os interesses deles, é legítimo. Mas que o façam com honestidade intelectual”, continua Gean.&nbsp;

O secretário de Comunicação reafirma que o governo federal, por sua força política, terá maioria no Conselho Federativo, que definirá a distribuição de recursos e repete um dos questionamentos mais utilizados por Caiado. “Dizer o contrário é acreditar em Boitatá, em conto da carochinha, é não conhecer a política na vida real. O mesmo vale para os tais fundos. Qual fundo de compensação já funcionou no Brasil?”, pergunta.&nbsp;

Gean Carvalho também aponta que Henrique Meirelles tem suas qualidades profissionais, “mas em sua longa vida é incapaz de apontar algo que tenha feito pelo estado. Até quando ganhou um mandato dos goianos entregou antes da posse pra cuidar de outros interesses”, alfineta.&nbsp;

Por último, o auxiliar de Caiado defende que não se trata de uma posição só de governo, “mas de todo o setor produtivo do estado”. “Se a reforma fosse boa pra Goiás, entidades como Adial e Acieg estariam a favor”, finaliza.

Gean Carvalho reage a Meirelles e Schmidt: "Mais um motivo para Goiás ser contra a reforma"

Opinião

Matéria - Coluna Giro

Coluna Giro

Signatários de manifesto favorável à reforma tributária em discussão na Câmara dos Deputados, dois economistas que acompanham o cenário de Goiás avaliam que o estado não sofrerá perdas com os mecanismos de compensação e que a proposta não fere a autonomia dos governos. O ex-ministro e ex-secretário estadual de São Paulo Henrique Meirelles, que é goiano, e a ex-secretária estadual de Economia Cristiane Schmidt assinaram o documento divulgado na terça-feira (4) em defesa da proposta de emenda à Constituição (PEC), com apoio de mais de 65 economistas, especialistas e empresários.

O governador Ronaldo Caiado (UB) tem o posicionamento mais radical entre os chefes do Executivo contra a reforma, alegando desrespeito ao pacto federativo e à autonomia dos estados e riscos de perdas de arrecadação e indústrias em Goiás. Caiado também defendeu a guerra fiscal, afirmando que existe em todo o mundo e é relevante para atração de empresas. Em entrevista à Globo News na terça-feira, ele chegou a dizer que a proposta de criação do Conselho Federativo - que ficaria responsável pela distribuição dos valores do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) aos Estados - é “coisa de venezuelano”.

Os economistas dizem entender a preocupação de estados produtores, mas consideram que o texto garante formas de compensação e autonomia dos governadores. Ressaltam ainda que o relator da reforma, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), está aberto a promover adaptações no texto. Em entrevista à CBN na terça-feira, Meirelles afirmou que as resistências partem de “governadores que gostam de ter o poder de tributar”.

Ao POPULAR, ele disse que Caiado tem razão em buscar mais clareza sobre o impacto e compensações, mas que é viável a negociação por detalhamento dos termos. Ele ressaltou inclusive que Caiado assinou, juntos com todos os outros governadores do País, substitutivo para reforma em 2020 que defendia as alterações e estabelecia formas de estados produtores manterem alíquotas diferenciadas.

“O governador Caiado tem certa razão no sentido de que, da maneira como está proposta inicialmente, a formação do conselho poderia favorecer estados das regiões Norte e Nordeste. A solução, e é o que se está negociando, é uma mudança na forma de composição do conselho. Mas a reforma, com o conceito de simplificação, é boa e necessária ao País”, diz Meirelles.

O ex-ministro também considera equivocada a tese de desrespeito ao pacto federativo. “Os estados é que vão tomar as decisões no conselho. Não está havendo transferência para o governo federal, nada disso. A única coisa que precisa ser mudada é a composição do conselho entre os estados e assim o assunto fica resolvido”, considera.

Leia também:

<a href="https://opopular.com.br/economia/como-a-reforma-tributaria-muda-quanto-ganham-estados-e-municipios-1.3045245" target="_blank">-&nbsp;Como a Reforma Tributária muda quanto ganham estados e municípios</a>

<a href="https://opopular.com.br/economia/saiba-como-funciona-o-cashback-da-reforma-tributaria-1.3045101" target="_blank">-&nbsp;Saiba como funciona o cashback da reforma tributária</a>

<a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-defende-que-guerra-fiscal-entre-estados-e-positiva-1.3045067" target="_blank">-&nbsp;Caiado defende que guerra fiscal entre estados é positiva</a>

Sobre o debate a respeito de guerra fiscal, Meirelles diz que há possibilidade de os estados manterem benefícios para atrair empresas. É também o que afirma Cristiane Schmidt, que agora é consultora sênior do Banco Mundial, instituição que é favorável à PEC da reforma. Ela divulgou nesta quarta-feira (5) nas redes sociais sua posição sobre os principais pontos de discussões da reforma e também considera que pode haver concessão de benefícios, mas em outro modelo.

A ex-secretária afirma que o Conselho Federativo reforça o poder dos entes subnacionais e que governadores e prefeitos manterão autonomia plena para conceder benefício a setores ou a empresários.

“A União não participa, logo, não opina (no conselho). Serão os entes que arrecadarão, proporão normativas, dirão como será o operacional e decidirão sobre as suas alíquotas (do IBS). Neste novo modelo, o papel dos fiscos estaduais será mais relevante do que agora, com atuação integrada e harmonizada, jamais vista, em que todos os entes trabalharão em prol de todos os entes, com objetivos convergentes”, diz.

Ela afirma ainda que a guerra fiscal “desune o País e deixa um estado refém do outro, num eterno sentimento de briga”.

Ao comentar a proposta alternativa do governo de São Paulo para a distribuição dos recursos, com a ideia de uma Câmara de Compensação, Cristiane defende o Conselho Federativo e diz que a mudança aí, sim, representaria perda de autonomia dos Estados. Segundo ela, é preciso discutir a governança do conselho, dando “voz a todos, igualitariamente, independentemente de tamanho de PIB ou da população”.

“Uma das belezas do conselho é dar a certeza aos empresários de que os seus créditos serão devolvidos rapidamente, em especial aos exportadores, considerando que nesta reforma a base de devolução é ampliada. O objetivo é desonerar totalmente o setor produtivo para que estes possam, desta forma, investir e produzir mais, gerando mais emprego e renda. O conselho dá segurança jurídica aos tesouros estaduais e aos empresários”, considera.

Sobre os benefícios fiscais, ela afirma que o Fundo de Compensação ou pelo Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) servirá para as compensações e detalha a análise de autonomia para concessão de benefícios. “Antes era via crédito outorgado/redução de base de cálculo e agora será via despesa orçamentária, como uma política pública qualquer, que constará nas leis orçamentárias (LDO e LOA), aprovadas nas assembleias, dando maior transparência à sociedade acerca do uso dos escassos recursos públicos”, explica.

Cristiane elogia a disposição do relator e das autoridades envolvidas em promover adaptações no texto, para buscar contemplar gestões e segmentos e afirma que é preciso “ter coragem em evoluir”. “Ninguém aguenta mais este manicômio tributário, exceto os consultores na área. É necessário simplificar, desburocratizar e trazer segurança jurídica para fomentar os investimentos.”

A ex-secretária cita ainda que, dos 193 países-membros da Organização das Nações Unidas, 174 adotam o Imposto sobre Valor Agregado (IVA). “Isto quer dizer que a proposta de reforma tributária em discussão no Congresso não é uma jabuticaba. Pelo contrário. É copiada das melhores práticas internacionais.”

Meirelles também argumenta que a reforma garantirá maior produtividade ao País. “Hoje, segundo estudos do Banco Mundial, as empresas gastam em média 2,6 mil horas por ano só com burocracia para pagamento de impostos. Com a simplificação, as empresas vão produzir mais, o trabalhador vai produzir mais e isso será vantajoso a todos.”

Schmidt e Meirelles dizem que Goiás não perde com reforma tributária

Tributação

O Popular