Após um período de expansão em bairros periféricos, o processo de verticalização de Goiânia voltou a se concentrar na Região Central da cidade. Com terrenos mais caros e escassos, o setor da construção civil foca em empreendimentos cada vez mais altos, que já passam dos 40 andares, e estão transformando definitivamente a paisagem da cidade. Goiânia já tem o edifício mais alto do Centro-Oeste, com 44 andares distribuídos em 148 metros de altura, o que equivale a 3,6 vezes a altura do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (leia mais na página ao lado).Os setores Marista, Oeste e Bueno, que antes sofriam limitações impostas por lei em algumas vias, voltaram a receber empreendimentos com as mudanças no Plano Diretor da capital, que permitiu, a partir de 2008, uma nova orientação do adensamento para pontos próximos aos corredores de desenvolvimento, como as Avenidas 90 e 85.Só nas regiões Central e Sul foram lançados nos últimos dois anos 35 edifícios, a maioria de alto padrão e que, em alguns casos, chegam a custar R$ 7 mil o metro quadrado (veja quadro).As construtoras estão direcionando seus investimentos para estes bairros que, pela localização privilegiada e boa infraestrutura, garantem alta rentabilidade na comercialização dos imóveis e atendem uma demanda represada desde o início dos anos 2000, quando passou a valer a limitação para a construção nestes bairros.A Rua 135, no Setor Marista, é um exemplo claro da transformação que está alterando o perfil de algumas ruas residenciais. Até o início deste ano, a rua contava com apenas dois prédios em construção. Agora, parte das casas que ocupavam a via no início deste ano começaram a ser derrubadas e os terrenos já cedem espaço para estandes de venda dos empreendimentos verticais do bairro.Numa extensão de três quarteirões (cerca de 500 metros), surgiram em menos de dois meses dois estandes de venda de empreendimentos e mais três casas foram derrubadas há poucas semanas para abrigar um novo empreendimento.ParceriasÉ justamente esta microregião, que compreende os quarteirões entre a Alameda Ricardo Paranhos e o Parque Areião, a bola da vez do segmento de alto padrão. O potencial de negócios nesta localidade é tão grande que as empresas estão investindo em parcerias com o setor público para revitalizar as ruas e avenidas.Foi o que ocorreu com a pista de corrida da Ricardo Paranhos e acontece agora com a Alameda Dr. Sebastião Fleury, onde fica o acesso principal ao Batalhão Anhanguera. A via, que conta com um largo canteiro central, está sendo revitalizada pelas empresas Opus Inteligência Construtiva e a TCI Inpar, junto à Prefeitura de Goiânia.Esta é uma estratégia adotada pelas construtoras para valorizar ainda mais seus empreendimentos e atrair compradores. Investimentos semelhantes foram feitos no Jardim Goiás, com a construção do Parque Flamboyant; na Praça da T-23, Setor Bueno, e entre o Parque Amazônia e o Jardim Atlântico, com o Parque Cascavel, locais onde já é possível avistar os sinais da crescente verticalização. Só na Praça da T-23 foram entregues três prédios no ano passado e outros quatro estão em construção.Até 2007, explica o diretor da Opus, Dener Justino, bairros como Oeste e Marista sofriam limitação em seu processo de verticalização, o que mudou com o Plano Diretor.Com a permissão conferida pela a nova lei, a empresa lançou seis empreendimentos nestes setores desde 2008, dos quais três foram entregues e outros três estão em construção. Outros dois serão lançados em breve. “Até agora, conseguimos acertar. Nos empreendimentos já entregues, todas as unidades foram vendidas”, destaca Dener. Segundo ele, um dos empreendimentos, o Great, teve valorização de 76% entre o lançamento e a entrega.De casamento marcado, a bancária Marília Dayrell faz parte desses consumidores que têm preferência por morar em bairros mais centrais. Ela comprou um apartamento em construção no Setor Marista, que será entregue em 2016.“Já moro no Setor Oeste e queria manter essa boa localização depois de me casar”, justifica Marília. A bancária conta que o imóvel já teve uma boa valorização desde a data da compra, feita há cerca de um ano.A Dinâmica Engenharia também fez lançamentos no Marista, Bueno e Oeste. Este último vai abrigar o Poème, na Alameda das Rosas, que terá 37 pavimentos e será lançado no próximo sábado. Para chamar a atenção do público, um ramalhete de rosas gigante foi colocado no local.“O Setor Oeste sempre foi o melhor bairro de Goiânia e todo mundo sempre quis morar de frente para a Alameda das Rosas”, acredita o diretor da empresa, Mário Valois. Porém, a oferta era limitada antes das mudanças no Plano Diretor da capital.-Imagem (Image_1.526796)-Imagem (Image_1.526795)