No fim de abril, Michel chegou ao Atlético, discretamente. Autor de quatro gols pelo Novorizontino (SP), logo o volante canhoto virou peça chave e jogador polivalente do Dragão. Habilidoso, preciso nos passes, Michel tem se destacado nos desarmes e se sai bem quando precisa ser deslocado à lateral esquerda. Ele não perdeu o senso ofensivo - já fez três gols na Série B. Entre os titulares do Dragão, é o único jogador que chegou no decorrer desta temporada e ganhou a posição.Aos 26 anos, só agora Michel é reconhecido. A trajetória dele começou no São Cristóvão (RJ), que se orgulha de ter revelado Ronaldo. Há frase, na fachada do clube, que diz: “Aqui, nasceu o Fenômeno”. Michel veio depois e trouxe outra identificação com o craque Ronaldo - ele se destacou em torneios de favelas no Rio.Era da escolinha do Kelson, na Rua Cintra, próximo ao Bairro da Penha, onde viveu o técnico Marcelo Cabo. Quem o descobriu foi Jorge Madeira, treinador que indicou Ronaldo ao Mineiros, na década de 1990. “Alguns amigos até brincam, dizem que, um dia, poderão colocar placa lá e escrever: aqui, nasceu Michel”, diz Michel, que ficou no berço do Fenômeno por cinco anos, de 2006 a 2011.Em 2007, aos 16 anos, Michel já estava entre profissionais, após subir ao sub-20, em 2006. Antes, em 2005, ficou entre 20 melhores do “Joga Bonito”, programa de TV com jovens talentos do futebol de uma marca de material esportivo. Depois, foi para o Porto Alegre (RS), dos irmãos Assis e Ronaldinho Gaúcho. Mas, voltou ao Rio, jogou no Madureira, ganhou a Copa Rio (2012) e parou no Guarani, de Palhoça (SC). Foi ao Camboriú (SC). No futebol catarinense, apareceu um técnico decisivo - Guilherme Alves, hoje no Vila Nova. Ele e o auxiliar, Jorge Rauli, foram ver outro jogador num jogo, mas gostaram de Michel, que fez dois gols, sob muita chuva, como meia atacante. Em 2014, ambos ganharam o título da A-3 do Paulistão, pelo Novorizontino. Porém, Michel teve de voltar ao Guarani (SC). Na 2ª Divisão do Catarinense, fez 8 gols, que superam os 7 gols marcados em 2016. Mas, Guilherme fez com que voltasse à cidade de Novo Horizonte (SP), antes do Dragão.Sobre o treinador do Vila, Michel diz que ele foi fundamental. “Ele (Guilherme) deu um empurrão na minha carreira. Pude disputar o Paulistão, mostrar meu futebol”, disse Michel, que, suspenso, não enfrentou o técnico no clássico (0 a 0, na 23ª rodada).Sobre ficar no Atlético, pois se valorizou na Série B, Michel afirma que não sabe o futuro. Certo é que se identificou com o clube, especialmente por dar-lhe a chance de jogar a primeira Série B da carreira. “Tem sido bom. O objetivo é o acesso e estamos no caminho.”