-Imagem (1.1224212)As opções são sortidas quando o designer Nathan Oliveira, 28 anos, resolve abrir o guarda-roupa e escolher a peça que vestirá para cair madrugada adentro. Entre as camisas estampadas, sapatos, bermudas ou calças, o que mais lhe agrada em noites de verão, quando o calor de Goiânia bate os 30 graus, são as saias. “Sabe como é, ninguém merece colocar calça jeans nesse clima quente”, confessa o goiano. Em tempos de discussão sobre a polêmica moda genderless ou sem gênero, as saias que até então eram exclusivas para os manequins femininos saem por aí em diferentes recortes e formatos para os rapazes que não têm medo da inovação.“Mas o que é isso aí?”, indaga o participante do Big Brother Brasil Daniel, após o paulistaníssimo Pedro tirar da mala uma saia e vesti-la dentro de um dos quartos da casa. “Mas não é um kilt escocês?”, ele continua até o colega explicar que trata-se de uma saia comum e que já faz parte de seu estilo pessoal. Nos programas da TV, de dia ou noite, na rua e até em eventos de moda. Suprassumo na última edição da São Paulo Fashion Week, o estilista João Pimenta colocou homens de saia na passarela enquanto a designer Vivienne Westwood apresentou meninos de minissaia na coleção de outono-inverno 2018 em janeiro em Londres. Foi a primeira vez que a grife trabalhou de uma só vez peças sem distinção de gênero e as saias foram os elementos de maior destaque entre o público atento às novidades.Em Goiânia, estilistas ligados ao mercado mundial já começam a se atrever na moda sem gênero, sem medo do preconceito ou da difícil adesão do público. “Existem saias e saias. Não é fácil adaptar o formato dos corpos masculinos e femininos num mesmo produto, já que o quadril difere entre um e outro. O importante é pensar uma peça unissex e que brinque com essa tendência fashion que já explodiu por aí há tempos”, explica Nathan, proprietário da marca NOD, e que lançou no ano passado a coleção Embrace to Unexpected, ou numa tradução mais literal “Abrace o Inesperado”, que se joga entre cores vibrantes e peças sem gênero específico. “O engraçado é que a procura pelas saias por parte dos homens foi muito maior que as bermudas. Os meninos pedem cada vez mais sem receio de ousar”, avalia Nathan.GêneroSaias de preguinha, as envelopes, balonês ou o estilo escocês popularmente chamados de kilt. Não importa o modelo específico, o importante, de acordo com a estilista Lorraine Vieira, da marca goiana DNA 111, é sentir-se bem com as pernas de fora. A designer também aderiu à moda das saias sem gênero e geralmente produz peças que servem tanto para mulheres quanto para homens, mas também confecciona sob encomenda exclusivamente para o público masculino, já que é outro trabalho de recorte e composição visual, como o cós e a estrutura da peça. “A história da moda é circular e é uma constante vai e volta. Em outros momentos os homens já usaram saias. Estes meninos de hoje não têm medo de sofrer represália na rua, porque não existe esse tipo de preocupação na cabeça deles”, reitera.A inspiração para a coleção sem gênero de Lorraine intitulada Música em Movimento abarcou os festivais nacionais de música, a exemplo do Lollapalloza, Rock in Rio, Do Sol, Picnik ou ainda os regionais Bananada e Vaca Amarela. De acordo com ela, são nestes espaços que as pessoas têm a liberdade de se vestir como quiserem e até criar personagens para determinada ocasião. “É um verdadeiro ato político e contra o preconceito, já que moda e gênero são assuntos para serem discutidos e falados, com pessoas que cada vez mais quebram paradigmas e que querem se vestir como bem entenderem”, comenta.