“No mundo de hoje, nós estamos acostumados que a tecnologia faça coisas que há cinco anos teriam feito nossas cabeças girarem com o espanto”, foi o que apontou o criador da Black Mirror, Charlie Brooker, durante o lançamento da terceira temporada. Disponível em seis capítulos com histórias independentes, a série inglesa funciona como as Fábulas de Esopo da era moderna, numa realidade alternativa similar à sociedade dos dias atuais com foco no impacto da tecnologia nas relações pessoais, seja na política, no casamento ou no trabalho. O nome Black Mirror, inclusive, faz alusão às telas pretas do celular, computador, televisão. O cerne é um só: diferentes formas de tecnologias que contam histórias, em cenários que remetem ao futuro, numa entonação pessimista e crítica a respeito das redes sociais. A temporada amplia também a gama de gêneros que se entrelaçam entre as histórias, como humor negro, terror e thriller. Enquanto o primeiro episódio, por exemplo, narra a história de uma mulher louca para chegar a um casamento e conseguir mais curtidas nas redes sociais, o segundo conta a trajetória de um estrangeiro que participa de um experimento para testar um novo sistema de jogo revolucionário. “A tecnologia nunca é a vilã. Ela sempre está presente, mas Black Mirror é sobre as falhas e as confusões humanas que ela ajudou a aumentar”, aponta Brooker. A série surgiu em 2011, no canal público inglês Channel 4, baseado na noventista Além da Imaginação, para contar histórias isoladas sobre os riscos e benefícios da tecnologia. As duas primeiras temporadas, uma de três episódios e outra de quatro, caíram no gosto dos fãs de ficção científica e logo a antologia entrou na mira das grandes emissoras americanas. Para esta terceira, a Netflix prevê a realização de 12 episódios, seis deles já disponíveis e a outra metade prevista para estrear em 2017.