No plenário da Câmara de Goiânia e da Assembleia Legislativa de Goiás, na manhã e tarde de quinta-feira, não houve qualquer comentário sobre a bomba daquele dia - a nova prisão de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por acusações de desvio de recursos públicos por meio da Delta e empresas fantasmas. Provocados pela imprensa, dois deputados comentaram o episódio, mas em tom de lamentação e em defesa do contraventor.Mais de quatro anos da deflagração da Operação Monte Carlo, Cachoeira volta aos negócios como empresário, embora sem empresas em seu nome, e sempre atento a questões políticas e de gestão pública, Cachoeira voltou, aos poucos, a circular em importantes rodas do Estado e a ter interesses prontamente atendidos.Aliados mais próximos, que perderam cargos ou ficaram no limbo por conta do escândalo de 2012, também retomaram atividades e estão bem posicionados hoje, contribuindo com a influência de Cachoeira no poder público.Com escritório instalado em uma casa no Parque das Laranjeiras, Região Leste da capital, Cachoeira atua em várias frentes de negócios. Segundo relatos de amigos, ele investe no setor imobiliário - tem grandes loteamentos em cidades do interior, incluindo sua terra-natal, Anápolis -, representação comercial e importação de produtos da área farmacêutica. “Depois da Monte Carlo, ele buscou legalizar tudo e só atua na parte empresarial. Eu ainda não acredito nisso (na acusação de desvio de recursos públicos para pagamento de propina)”, diz Santana Gomes (PSL), um dos deputados que defendeu Cachoeira ao ser questionado pela imprensa na quinta-feira. Ele é da lista de lideranças políticas que apareceram em diálogos diretamente com Cachoeira ou seus operadores nas gravações telefônicas reveladas pela Monte Carlo (veja acima). Santana e Eliane Pinheiro (PMN) contaram com a mobilização de Cachoeira na campanha eleitoral de 2014. Ex-chefe de gabinete do governo do Estado e demitida em 2012 pelos flagrantes das gravações telefônicas, Eliane foi eleita deputada estadual. “Ele pediu votos, fez reuniões e me ajudou mesmo porque é meu amigo, mas nunca me pediu nada em troca. Se sugerir algum projeto que eu considere bom para Goiás, eu apresento”, diz Santana. Francisco Oliveira (PSDB) foi o outro deputado a comentar a prisão na quinta. “Ele não merecia, até porque acabou de ter uma filha”, disse.-Imagem (Image_1.1111659)-Imagem (Image_1.1111660)-Imagem (Image_1.1111661)-Imagem (Image_1.1111662)-Imagem (Image_1.1111663)-Imagem (Image_1.1111664)