Ontem, em visita à Câmara Municipal de Goiânia para fazer sua primeira prestação de contas, o prefeito Iris Rezende (PMDB) anunciou que pretende mudar o projeto do BRT (Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus) para preservar o Centro de Goiânia. Ele chegou a chamar a obra de um “trambolho de concreto” que poderia violentar a Praça Cívica e a Avenida Goiás. Iris defende que a obra do BRT seja dividida em dois trechos: um ligando a Região Norte à rodoviária e o outro saindo da Praça do Cruzeiro até Aparecida de Goiânia. O prefeito relatou que já conversou com as duas empresa responsáveis pela obra sobre a mudança e, na Câmara, pediu que os vereadores se manifestassem a respeito da proposta. Além de dividir o BRT, Iris pretende estender o corredor à região Noroeste, a partir do Recanto do Bosque. Seriam mais quatro quilômetros de obra. O BRT Norte-Sul faz parte do Pacto de Mobilidade Urbana, do governo federal, e a construção está parada por falta de contrapartida da prefeitura. No projeto original, o BRT vai do Terminal Cruzeiro ao Recanto do Bosque. O trecho que Iris Rezende pretende alterar é o que vai do Terminal Isidória ao Recanto do Bosque, orçado em R$ 192 milhões, cuja contrapartida da prefeitura é de R$ 41 milhões. Segundo reportagem do POPULAR do último dia 12, só 28% desse trecho já foi concluído. Segundo o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), Fernando Bertoldi, a eventual mudança no projeto deverá ser discutida posteriormente, “ao longo do ano”. Ele esclarece que qualquer alteração é custeada exclusivamente pela Prefeitura, que já terá que arcar com uma modificação feita pela gestão anterior. De acordo com o secretário, a prioridade agora é retomar a obra e não há nem previsão de quando a Prefeitura terá os recursos para pagar a contrapartida atrasada, cerca de R$ 11 milhões. “A empresa não tem condição de dar andamento à obra senão receber pelo menos o atrasado”, afirma Bertoldi.Além disso, o município terá que comprovar capacidade financeira para arcar com as outras parcelas da contrapartida, que somam R$ 35 milhões, e pagar mais R$ 7 milhões em desapropriações. No total, para retomar a obra, a Prefeitura precisa de R$ 53 milhões. À Caixa Econômica Federal, que é cofinanciadora do projeto, caberá um repasse de R$ 40 milhões, que, segundo Bertoldi, já está garantido. O secretário vai tentar levantar o recurso por meio de um financiamento pelo Programa de Financiamento das Contrapartidas do PAC (CPac). Segundo ele, a gestão passada entrou com pedido para obter esse financiamento, mas não conseguiu devido às condições financeiras da Prefeitura. “Vamos agora retomar essa negociação”, afirma o secretário sem convicção de que terá sucesso. A assessoria de imprensa do prefeito informou que nas próximas semanas a Prefeitura pretende retomar as obras dos dois trechos do BRT. O que vai do Terminal Cruzeiro ao Isidória menos de 3% foi concluído e dos R$ 8,6 milhões da contrapartida devida, a Prefeitura pagou apenas R$ 244 mil.Iris Rezende também falou sobre outro assunto polêmico em sua visita à Câmara: a falta de um líder na Casa. Ele afirmou que não tem pressa para escolher o vereador que vai exercer a função. Segundo ele, a demora é uma cautela. “Apenas três vereadores foram eleitos pelo meu partido e estou esperando conhecer de perto todos os vereadores e vereadoras para que possa escolher o líder do prefeito que tenha relacionamento e contato com todos eles”, disse. Recentemente, os vereadores derrubaram o veto do prefeito em relação à permissão de uso de uma área para uma igreja. O projeto é inconstitucional, já que é prerrogativa exclusiva do Executivo dar destinação a áreas públicas, e muitos vereadores avaliaram que a derrota do prefeito se deu em razão da falta de um líder.