-Imagem (Image_1.1193316)-Imagem (1.1193326)Na primeira entrevista exclusiva após as eleições, o prefeito eleito Iris Rezende (PMDB), mesmo dizendo não ter os números oficiais, afirma que o quadro da Prefeitura é preocupante. “A situação da Prefeitura é de calamidade. Essa é a verdade. Mas não quero levantar polêmica, não quero me apequenar e ficar discutindo com Paulo Garcia”, diz. Na conversa com o POPULAR, o peemedebista também fala sobre o perfil dos auxiliares que está buscando para compor seu secretariado. Segundo ele, já tem nomes, mas que prefere não adiantá-los porque “até a última hora antes da posse pode aparecer um nome melhor”. O prefeito Paulo Garcia (PT), em entrevista ao jornalista Jackson Abrão, disse que vai entregar a Prefeitura em melhores condições que recebeu. É o que o sr. espera?Eu levantaria a mão para o céu se isso fosse verdade. O dia que entreguei a Prefeitura para ele, o município não devia um centavo nem de compra nem de financiamento. E ainda deixei R$ 176 milhões no caixa. O que estou sabendo é que meteram a mão nos fundos da Educação e da Saúde e tiraram não sei quantos milhões. As informações que me têm chegado são preocupantes. Mas se a situação da Prefeitura fosse boa, eu não era prefeito.O que a equipe de transição já apurou sobre a situação financeira do Paço? Até agora não nos foram repassados os dados a respeito da situação financeira da Prefeitura. Não sabemos oficialmente o que ela está devendo. Mas soube pelo POPULAR que a empresa que aluga veículos para Prefeitura suspendeu o serviço porque não recebia. Aí fizeram um acordo e dividiram a dívida em 13 prestações. Mas, das 13 prestações, apenas uma foi paga. Para essa empresa, a Prefeitura deve mais de R$ 50 milhões. Também fui informado que todas as obras que estão sendo construídas com recursos do governo federal estão paralisadas porque o município não entrou com a contrapartida.Duas dessas obras têm a marca da administração de Paulo Garcia: o Parque Macambira-Anicuns e o BRT. Qual terá prioridade?O contrato de financiamento do Macambira-Anicuns quem assinou com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) fui eu. O projeto começou com a administração (2001-2004) de Pedro Wilson e está paralisado porque a Prefeitura não entrou com a contrapartida. O ideal era que não tivesse que escolher, mas primeiro tenho que corrigir a situação financeira da Prefeitura e ver o que posso tirar de despesas, o que vai sobrar. Não tenho condição técnica para dar uma resposta agora. A situação da Prefeitura é de calamidade. Essa é a verdade. Mas não quero levantar polêmica, não quero me apequenar e ficar discutindo com Paulo Garcia. Vou fazer o que fiz na sucessão do Pedro Wilson. Em 2005, assumi a Prefeitura com débito de R$ 262 milhões. O que eu fiz: devolvi todos os veículos alugados pela Prefeitura - mais de 300. E os fiscais receberam passe de ônibus para ir para o bairro fiscalizar. Rescindi o contrato com a empresa que fazia segurança para a Prefeitura. Cortei os celulares dos servidores e mantive interurbano apenas para os secretários. Também rescindi o contrato com a empresa que fazia a coleta de lixo na cidade desde a época (1996-2000) do Nion (Albernaz).O sr. pediu para os vereadores aumentar de 20% para 30% o valor que pode ser remanejado no Orçamento do município?Um vereador me informou que o prefeito, no último momento, reduziu para 20% o que sempre foi de 30%. Estranhei e disse que, se pudesse manter a tradição, deixasse nos 30%.É verdade que e o sr. pediu prazo de 60 dias aos vereadores para começar a cumprir as promessas de campanha?Não conversei nada disso com ninguém. Não posso afirmar uma coisa hoje se não conheço a situação da Prefeitura.O PMDB tem três nomes que pretendem disputar a presidência da Câmara: Clécio Alves, Andrey Azevedo e Wellington Peixoto, além de Paulinho Graus (PDT) que faz parte da aliança que apoiou a candidatura do sr. Qual será o critério de escolha? Já disse aos quatro que essa é uma questão que eles têm que demonstrar competência política para solucionar, porque os quatro querem uma mesma posição. Não vou entrar.Já definiu o secretariado?Hoje, já poderia nominar três ou quatro. Mas não quero, porque até a última hora antes da posse pode aparecer um melhor do que eu estava pensando. Tanto, que não fiz convite a ninguém ainda. O grupo que me deu assistência na campanha está me ajudando a discutir nomes.Qual perfil se pode esperar do secretariado. O sr. pretende repetir a renovação de 2005? Em 2005, o PMDB tinha desaparecido, mas tinha aquelas figuras que ficavam segurando o altar do partido: Luiz Soyer, Wolney Siqueira, Genésio Barros. Eu trouxe o Waguinho, o filho dele, mas não o Wolney. Não posso menosprezar a experiência, mas tenho que associar conhecimento com esforço, motivação e resistência.João Doria (PSDB), prefeito eleito de São Paulo, pretende fazer um conselho de ex-prefeitos. Isso pode ser feito em Goiânia?Não. O que eu vou buscar de Paulo Garcia? O Nion (Albernaz) é um homem que deixou uma marca. Tive até o privilégio de nomeá-lo prefeito. Mostrei que Nion não era apenas um professor de matemática no Lyceu. E, quando restituíram a eleição para prefeito das capitais, Nion foi o meu candidato. Mas depois dele, quem se tira? Sou uma pessoa de decisão rápida. Meu mérito é a facilidade que tenho para tomar decisão. Esse negócio de ficar ouvindo conselho não combina comigo.O sr. se sente preparado para fazer a administração que a cidade exige hoje?A última coisa que posso ser na vida é imbecil. O político imbecil é aquele que se elege e o poder sobe à cabeça. Não chegaria aonde cheguei se não tivesse um comportamento moral diferenciado e criativo. Antes de 2005, quando a Prefeitura anunciava o período de matrícula, o pai ou a mãe levava um colchão e passava a noite para conseguir matricular o filho na escola próxima de casa. Então, criei o telematrícula. Depois, o teleconsulta. Era o que tinha de mais moderno naqueles dias. Nenhuma autoridade pode desconhecer e ignorar a evolução da ciência e da tecnologia, sobretudo na área da informação. Não manejo bem o computador, e não sou obrigado a conhecer suas minúcias. Mas sei escolher a pessoa para resolver para mim.Como o sr. recebeu a notícia da renúncia do Major Araújo, que saiu acusando a cúpula do PMDB de boicotá-lo?Com tristeza. Não gostei porque me relacionei com ele durante toda a campanha, participamos juntos de tudo. Sempre promovi a sua defesa, quando ele era criticado naqueles debates, entendendo que ele foi escolhido pelas forças que me apoiaram por ser a pessoa que é.Como o sr vê a briga entre o senador Ronaldo Caiado (DEM) e o deputado Daniel Vilela (PMDB) visando 2018?Não existe briga. Nem está em discussão a eleição de 2018. Nosso candidato, seja Caiado ou Daniel, será aquele que as forças políticas entenderem que é o melhor para o momento. Amanhã, o PMDB e o DEM vão ter o juízo e a competência para escolher o melhor.Já descansou da campanha?Saí só quatro dias. Um no Dia de Finados, quando levei flores ao túmulo dos meus pais e do meu irmão (Orlando). Depois, passei três dias na roça.