Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO) decidiu, por maioria, na noite desta quarta-feira (2), recomendar a suspensão do processo de seleção das Organizações Sociais (OSs) para gerir escolas da rede estadual de ensino de Goiás.Na nota, a entidade recomenda que o Estado amplie o diálogo com as representações das partes envolvidas na mudança de gestão, como pais, professores e estudantes. Também é criticada a falta de informações concretas quanto à operação e aos benefícios das OSs.&nbsp;Dos 86 conselheiros da OAB-GO, 73 votaram a favor da recomendação e dois foram contrários. Houve uma abstenção e 10 ausentes.&nbsp;Uma reunião sobre o assunto já havia acontecido entre os advogados, mas só agora houve consenso para realizar a votação. Um documento com a recomendação deve ser entregue para a Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) nos próximos dias. &nbsp;HistóricoEm fevereiro, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), Ministério Público Federal (MPF), e Ministério Público de Contas do Estado, expediram recomendação para a Seduce suspender o edital de chamamento das OSs.&nbsp;Na última terça-feira (1º), o MP-GO propôs ação civil pública requerendo a suspensão do edital. &nbsp;&nbsp;

OAB-GO recomenda suspensão de seleção das OSs nas escolas em Goiás

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Matéria - Política

Aos 70 anos, a advogada Carmencita Balestra conquistou a sua carteira de advogada em solenidade conduzida pelo presidente Rafael Lara, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO). Segundo a advogada,&nbsp;a conquista marcou uma nova fase em sua vida após três décadas de atuação na educação.&nbsp;

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Ao POPULAR, a advogada contou que&nbsp;a escolha da segunda profissão partiu do desejo em seguir os passos de seu pai,&nbsp;Otávio Balestra. “Meu pai foi um grande juiz e busquei nesse exemplo fazer o curso de direito”, informou.&nbsp;

Formada em educação física pela&nbsp;Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia do Estado de Goiás (Eseffego) desde 1988, Carmecita compartilhou que as atividades que desenvolvia por lá reforçaram o desejo em defender os direitos dos idosos. “Comecei a trabalhar na Eseffego em 1982 como recreadora para idosos, antes de me formar em educação física. Em 1988 eu me formei e já comecei a lecionar, onde segui até me aposentar, em 2017”, relembrou.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/goiania-sedia-congresso-brasileiro-sobre-tratamento-de-doencas-do-intestino-1.3170118" target="_blank">Goiânia sedia congresso brasileiro sobre tratamento de doenças do intestino</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/idoso-denuncia-que-teve-a-casa-roubada-apos-ser-dopado-durante-encontro-marcado-por-aplicativo-de-relacionamento-1.3170104" target="_blank">Idoso denuncia que teve a casa roubada após ser dopado durante encontro marcado por aplicativo de relacionamento</a></div>

Segundo Carmencita, ainda na Eseffego,&nbsp;ela ajudou a implantar o primeiro programa de uma faculdade para pessoas idosas. “Foi uma ação que movimentou toda a faculdade, para além das atividades físicas. Estudávamos muito sobre direitos humanos e depois de 2003 o estudo passou a ser sobre o estatuto do idoso”, contou.&nbsp;

<cite>Por estar sempre desenvolvendo ações para pessoas idosas percebia o quanto nossos direitos são desrespeitados e assim vi que fazer direito era mais um caminho para defesa e garantia de direitos da pessoa idosa”, complementou a advogada.&nbsp;</cite>

Formada em direito pela FacMais Inhumas em 2022, Carmencita se especializou em saúde e envelhecimento. “Sou gerontóloga, portanto, tenho identificação técnica com o envelhecimento. Fui a primeira professora de educação física gerontóloga&nbsp; do país em 1995, recebi o título. Hoje sou uma advogada gerontóloga&nbsp; e creio que a primeira de Goiás”, informou.&nbsp;

Sobre as barreiras enfrentadas durante a graduação, Carmencita Balestra reforçou a importância do apoio familiar. “A minha família, meus filhos e netos sempre estiveram do meu lado. Mas infelizmente o etarismo é uma realidade no cotidiano e temos que a cada dia mostrar que somos capazes. Somos pessoas idosas, mas não somos incapazes”, afirmou.&nbsp;

Ela, que sempre desenvolveu ações para pessoas idosas, percebeu o quanto os direitos das pessoas idosas são desrespeitados e assim viu que fazer direito era mais um caminho para defesa.

Inspiração&nbsp;

Além de&nbsp;Carmencita, seus familiares, como um neto e dois sobrinhos, também seguiram a mesma profissão. “Devemos acreditar num mundo melhor, mais justo, onde as pessoas conheçam e defendam seus direitos”, concluiu a advogada.&nbsp;

Ao&nbsp;POPULAR, o presidente da OAB-GO, Rafael Lara Martins, disse que a história de Carmencita é um exemplo de resiliência e de que não há barreiras para quem não desiste e persegue seus sonhos. “A advocacia exige muita determinação, e a Dra. Carmencita já nos mostra que está pronta para exercê-la, pois possui essa virtude. A idade nunca deve ser vista como um obstáculo para alcançar nossos objetivos; é essencial mantermos sempre o fôlego da força de vontade dentro de nós. A OAB se orgulha imensamente de contar com a jovem advogada em seus quadros”, disse.&nbsp;

Aposentada consegue carteira de advogada em Goiânia aos 70 anos

Cidades

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SUPERAÇÃO

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) apresentou, nesta terça-feira (3), um novo pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão de Alexandre de Moraes que impõe multa a quem usar o X (ex-Twitter) por meio de VPN (rede virtual privada). Desta vez, a ordem protocolou um tipo de ação que é analisada pelo plenário da corte --e não apenas por Moraes.

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Na peça, a entidade pede a suspensão da medida e a revisão do trecho relacionado à multa por uso de VPN na decisão da Primeira Turma do STF que, na segunda (2), validou a ordem de Moraes.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/ataque-hacker-afeta-pf-e-escritorio-de-familia-de-moraes-apos-bloqueio-do-x-1.3170433" target="_blank">Ataque hacker afeta PF e escritório de família de Moraes após bloqueio do X</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/musk-tenta-impulsionar-7-9-bolsonarista-e-pede-impeachment-de-moraes-1.3170156" target="_blank">Musk tenta impulsionar 7/9 bolsonarista e pede impeachment de Moraes</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/stf-forma-maioria-para-manter-x-suspenso-em-julgamento-sobre-decis-o-de-moraes-1.3170002" target="_blank">STF forma maioria para manter X suspenso em julgamento sobre decisão de Moraes</a></div>

Na decisão que suspendeu o X, na última sexta (30), Moraes estabeleceu multa diária de R$ 50 mil às pessoas naturais e jurídicas que tentarem acessar a rede social por meio de subterfúgios tecnológicos, tais como o uso de VPN, além de outras sanções civis e criminais.

Para a OAB, a determinação fixa uma sanção genérica e abstrata e, assim, cria um ilícito com potencial de atingir muitos cidadãos que não são investigados e não estão no processo.

Para dar peso à ação, a peça é assinada pelo presidente do Conselho Federal da OAB, Beto Simonetti, pelos diretores nacionais e por todos os presidentes das 27 seccionais.

A previsão de multa por uso de VPN viola "frontal e expressamente a legalidade e a separação dos Poderes, com potencial de atingir um número indeterminado de pessoas que não figuram no polo passivo da presente demanda e não podem ser diretamente responsabilizadas por quaisquer atos investigados no bojo da Pet 12.404, sob pena de violação direta ao devido processo legal e ao contraditório, além de revelar-se medida desarrazoada e desproporcional ante a conduta descrita como proibida".

A ordem argumenta que a definição de uma conduta como ato ilícito e a multa decorrente dele devem estar previstas em lei. "Uma decisão judicial não pode criar um ato ilícito e nem prever a punição correspondente", diz a petição.

A entidade afirma que a punição dos indivíduos "deve se dar em um processo justo e legítimo, que garanta a todos os acusados o respeito aos seus direitos fundamentais, especialmente os relacionados ao contraditório e à ampla defesa".

Na última sexta, quando Moraes suspendeu a rede social X, a OAB já havia questionado a multa. Na data, a entidade fez um pedido para que o relator revisasse ou esclarecesse o trecho da decisão. A demanda foi feita dentro do processo em que o ministro deu a decisão e, até o momento, não teve resposta específica.

Agora, a OAB apresentou uma ação independente, uma ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental), que, caso seja considerada válida para análise, necessariamente precisa ser julgada pelo plenário da corte.

Nesse caso, a ação será distribuída a um relator, que vai conduzir a tramitação do processo e, quando liberar para julgamento, deverá ser pautada pelo presidente da corte, ministro Luís Roberto Barroso. A OAB pede que a ação fique sob o comando de Kassio Nunes Marques, pela semelhança com pedido feito pelo partido Novo.

A Primeira Turma do tribunal se manifestou na segunda de forma unânime para manter a suspensão ao X no Brasil. Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux votaram com Moraes. Mas Fux fez ressalvas, justamente no ponto da definição da multa.

Ele sugeriu que a decisão não pode atingir "pessoas naturais e jurídicas indiscriminadas e que não tenham participado do processo, em obediência aos cânones do devido processo legal e do contraditório".

Apesar de ter sido mantida por unanimidade, a decisão de Moraes foi vista com ressalvas por parte do STF. Ao enviar o processo à Primeira Turma, Moraes buscou um ambiente no qual ele tinha segurança de garantir apoio unânime dos pares à sua ordem. Sob reserva, os ministros que demonstraram insatisfação com a atitude e argumentam que uma decisão da magnitude da suspensão de uma rede social deveria ser analisada por toda a corte.

Os ministros indicados ao STF pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Kassio Nunes Marques e André Mendonça integram o outro colegiado. Ambos têm discordado, no todo ou em parte, de outras decisões de Moraes que tratam de temas relacionados a apoiadores do ex-presidente, como os processos sobre os ataques de 8 de janeiro de 2023.

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OAB recorre ao STF contra multa por uso de VPN e quer que todos os ministros julguem o caso X

REDE SOCIAL X

Uma advogada é procurada por suspeita de escrever recados em seu corpo e levar as informações para os presos. A Polícia Federal (PF) informou que a operação batizada de 'Columbia Livia' foi deflagrada nesta quarta-feira (31) em cinco municípios goianos. Como o nome da suspeita não foi divulgado, a reportagem não conseguiu contato com a defesa.

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) informou que foi comunicada, que está acompanhando a operação e que designou o presidente da Comissão de Prerrogativas da subseção de Anápolis, José Ricardo,&nbsp;para acompanhar o caso.

De acordo com a PF, as investigações começaram em março deste ano e apuraram que uma advogada repassava mensagens de fora da cadeia para os presos. Para conseguir transmitir as informações a investigada escrevia bilhetes e cartas no próprio corpo. A identidade da advogada não foi divulgada, ela está foragida.

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Dessa forma, de acordo com a polícia, ela conseguia transmitir e receber recados com anotações de ações criminosas, como dívidas de presos que respondem por tráfico de drogas, negociações de quantidade de drogas de presos com pessoas em liberdade e ocultação de patrimônio, por exemplo.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/pf-faz-operac-o-contra-grupo-suspeito-fraudes-bancarias-que-movimentou-mais-de-r-3-milh-es-1.3159678" target="_blank">PF faz operação contra grupo suspeito fraudes bancárias que movimentou mais de R$ 3 milhões</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/vidraceiro-e-preso-no-lugar-de-criminoso-apos-perder-os-documentos-denuncia-familia-1.3159674" target="_blank">Vidraceiro é preso no lugar de criminoso após perder os documentos, denuncia família</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/operac-o-contra-suspeitos-de-fraudes-bancarias-encontra-dinheiro-escondido-dentro-de-geladeira-em-goias-1.3159771" target="_blank">Operação contra suspeitos de fraudes bancárias encontra dinheiro escondido dentro de geladeira em Goiás</a></div>

Ao todo, foram cumpridos 14 mandados, quatro de prisão preventiva, três de prisão temporária e outros sete de busca e apreensão nas cidades de Trindade, Águas Lindas de Goiás, Anápolis, Senador Canedo e Goiânia. Além de um sequestro de imóvel avaliado em R$ 1,5 milhão.

<h2>Nota na íntegra da OAB-GO</h2>

"A Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO) informa que foi comunicada oficialmente e está acompanhando a operação Columbia Livia, deflagrada na manhã desta quarta-feira (31). A operação tem como objetivo reprimir atos ilícitos envolvendo indivíduos atualmente privados de liberdade, que contavam com suporte externo, sendo investigado se incluía a atuação de uma advogada.

Para garantir a observância dos direitos e prerrogativas profissionais, a OAB-GO designou o presidente da Comissão de Prerrogativas da subseção de Anápolis, José Ricardo, para acompanhar as diligências relacionadas ao caso.

A OAB-GO continuará monitorando a situação e adotando todas as medidas necessárias para assegurar que os princípios de justiça e legalidade sejam respeitados."

Advogada é suspeita de escrever recados em bilhete e no corpo para levar informações a presos

POMBO CORREIO

<img attr-cid="policy:1.3152321" attr-version="policy:1.3152321:1720295852" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3152321/926a89c6-e8e1-42f0-90a6-fa5f3a51915b.jfif?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Leodegária de Jesus, aos traços de Amaury Menezes (Divulgação)

No ano em que são celebrados os 135 anos de seu nascimento, a poetisa goiana Leodegária Brazília de Jesus é alvo de uma reparação histórica. Em junho, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou por unanimidade a proposta de concessão, à também professora, do título de advogada. A proposta surgiu em 2022, na seccional da cidade de Goiás, onde a verve literária da goiana de Caldas Novas floresceu. O reconhecimento se alinha a uma série de homenagens à escritora, a primeira mulher a publicar um livro na antiga capital.

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Na tarde de sexta-feira (5), a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade e Equidade Étnico-Racial abriu, no auditório do Centro Administrativo do João Francisco, na cidade de Goiás, a agenda de ações em homenagem a Leodegária de Jesus, que terá como ponto alto a mostra de longa duração Goiás, Nosso Patrimônio Tem Cor, que começa no dia 8 de agosto, aniversário da poetisa, no Museu das Bandeiras. A realização é em parceria com o mandato da vereadora Elenízia da Mata (PT), do Museu das Bandeiras e do Museu da Memória de Goyaz.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/encontros-de-musica-e-fe-apresenta-grupo-sons-do-cerrado-na-cidade-de-goias-1.3152187">Encontros de Música e Fé apresenta grupo Sons do Cerrado na cidade de Goiás</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/100-anos-da-coluna-costa-prestes-a-marcha-que-fez-historia-1.3150127">100 anos da Coluna Costa/Prestes: a marcha que fez História</a></div>

Lázaro Ribeiro, à frente da pasta, explica que a expografia vai contar com poemas, reproduções de fotografias e documentos diversos – como a carteira da OAB e o título de doutor honoris causa, concedido à poetisa em agosto de 2023 pela UFG –, vídeos e documentário. Nesta sexta-feira (5), foram lançados os editais, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, de oficinas criativas das quais sairão duas coletâneas no fim do ano: uma com poemas de alunos da rede pública; outra, de mulheres acima de 40 anos. “Nosso objetivo é potencializar novos escritores”, explica Lázaro Ribeiro. Também haverá oficinas de bonecas de pano e de bordados.

Um site abrigará informações da mostra, com fotos, vídeos, artigos acadêmicos, material jornalístico, depoimentos e a poesia de Leodegária publicada em seus dois únicos livros, Coroa de Lyrios (1906) e Orchídeas (1928). A partir de agosto, quem quiser conhecer um pouco mais da vida e obra de Leodegária de Jesus poderá conferir as informações no Museu das Bandeiras. “Nosso objetivo é criar, no futuro, o Memorial da Leodegária. Estamos trabalhando para isso”, salienta Lázaro Ribeiro.

<h3>Forças ocultas </h3>

O pedido para que a inscrição de Leodegária de Jesus fosse deferida pela OAB veio de um requerimento assinado pelo presidente da seccional da cidade, Murillo de Oliveira Dantas; pela vereadora Elenizia da Mata; e pelo conselheiro Reginaldo Ferreira Adorno Filho. O pleito, aprovado pela OAB de Goiás, foi encaminhado ao Conselho Federal. Relatora do processo, a conselheira federal Julinda da Silva (RO) ressaltou a importância de Leodegária como precursora da literatura feminina em Goiás e sua atuação em causas sociais. A concessão do título foi aprovada por unanimidade.

No documento, os proponentes lembram que a escritora foi impedida de cursar Direito por perseguição política a seu pai, o professor e deputado José Antônio de Jesus. A informação veio a público pela filha de criação de Leodegária, Doralice de Oliveira. A crítica literária, poetisa e pesquisadora Darcy França Denófrio, autoridade em Leodegária de Jesus, confirmou que em 1º de março de 1904 uma banca examinadora se deslocou do Rio de Janeiro até Goiás para aplicar a Leodegária, então com 15 anos, os exames gerais preparatórios que dariam acesso ao curso, recém-aberto na cidade.

“Ela foi reprovada e o pai encaminhou uma apelação ao Rio de Janeiro. Enquanto esperava, Leodegária fez o curso normal”, conta Goiandira Ortiz, secretária municipal de Cultura da cidade de Goiás, outra estudiosa da vida e da obra da poetisa. O resultado da aprovação no exame, com distinção em Português, só chegou seis anos depois, quando, enfrentando sérios problemas de saúde e dificuldades financeiras, José Antônio de Jesus deixou a antiga capital com a família em busca de recursos médicos. “Ela tinha condições de se tornar advogada, tinha conhecimentos e foi preparada para isso. Ao ser privada, sua história mudou.”

Para Goiandira, que até o fim de 2027 pretende lançar a obra A Fortuna Crítica de Leodegária, ainda não se tem clareza sobre os motivos que impediram o acesso da poetisa à faculdade de Direito. “Pode ser pela cor, por ser mulher ou pelas desavenças políticas.” José Antônio era do lado da família Xavier de Almeida, contrária à família Bulhões, que mandava na cidade. Se tivesse tido sucesso, Leodegária seria a primeira mulher a se tornar advogada na antiga capital, mas o privilégio coube a Rosa Godinho, filha de família abastada, dois anos depois.

<h2>Pouco reconhecimento em meio à vida itinerante</h2>

Um pouco da história de Leodegária de Jesus está fincada em localidades distintas de Goiás e Minas Gerais, mas é a cidade de Goiás que mais tem se esforçado para destacar sua importância. Sua origem está em Jaraguá, onde o pai, o negro José Antônio, vindo de Diamantina (MG), conheceu a mãe Ana Isolina, branca, de olhos claros. Ali nasceu Zenóbia, a primogênita do casal. A família se mudou para Caldas Novas, onde abriu uma escola. Em 1889, nasceu Leodegária.

Como o casal foi nomeado para uma escola pública, a família foi para Jataí, onde Leodegária passou a infância. Consta que José Antônio lutou muito para elevar Jataí à condição de cidade, em 1895. No ano seguinte, foram para Rio Verde. O pai da poetisa dava aulas e se envolvia com a política. Foi eleito deputado pelo Partido Repúblicano Federal, obrigando a família a seguir para a capital, Goiás, onde nasceu em 1902 a filha caçula, Maria Aurora. Lá, Leodegária lançou em 1906 seu primeiro livro.

A direção seguinte da família foi Catalão, em busca de recursos médicos para José Antônio, severamente acometido pelo glaucoma e uma doença na coluna que o impedia de trabalhar. Leodegária passou a dar aulas e a costurar, ajudando a mãe no custeio da casa. Em 1916, a itinerância foi a Araguari (MG); dois anos depois, a Uberlândia, onde, cego e paralítico, José Antônio morreu em 1920. Ana Isolina e as filhas abriram o Colégio São José na cidade e Leodegária publicou em 1928 sua segunda obra, Orchídeas.

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Em 1946, Leodegária foi com a mãe e as irmãs para Belo Horizonte, onde abriram o orfanato Lar São José. Lá, Ana Isolina morreu três anos depois; Zenóbia morreu em 1953, emvisita a Araguari. Leodegária morreu em 1978, na capital mineira, aos 89 anos. Em suas pesquisas, Goiandira Ortiz, que em sociedade com uma amiga abriu em 2018 a Livraria Leodegária, na cidade de Goiás, descobriu que Aurora partiu depois, assim como Doralice, a filha adotiva da poetisa, que terminou os dias num asilo. A casa onde a família vivia em BH virou estacionamento.
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<h2>Goiana se junta a 2 nomes históricos</h2>

Com o reconhecimento, o Conselho Federal da OAB enfatiza a importância de Leodegária como personalidade histórica e cultural que contribuiu na luta pela igualdade de gênero e racial no Brasil. A inscrição ocorreu nos mesmos moldes daquelas concedidas em 2015 ao baiano Luiz Gama e em 2022 à piauiense Esperança Garcia, uma dupla que fez história, respectivamente, nos séculos 19 e 18. A última é reconhecida pela OAB nacional como a primeira mulher advogada no País.

Mulher negra, escravizada na região de Oeiras, sul do Piauí, em 1770 Esperança Garcia redigiu carta ao governador da Capitania de São José denunciando a violência contra crianças e mulheres. O documento histórico, descoberto pelo pesquisador Luiz Mott em 1979, é considerado uma das primeiras cartas de Direito no Brasil. Em maio do ano passado, a OAB Nacional inaugurou em sua sede, em Brasília, um busto de Esperança Garcia confeccionado pelo artista piauiense Braga Tepi.

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Filho de um português com uma negra liberta, o baiano Luiz Gama nasceu em Salvador, em 1830, e foi vendido como escravizado pelo próprio pai aos 10 anos. Quando foi alforriado, sete anos depois, estudou Direito como autodidata e passou a defender pessoas na mesma condição, além de ser ativista político, poeta e jornalista. O título de advogado lhe foi concedido pela OAB 133 anos após sua morte.

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Na Livraria Leodegária, em Goiás, bonecos homenageam Cora Coralina e a escritora que dá nome áo local (André Costa / O POPULAR)
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<h2>Cora Coralina, a amiga da vida toda</h2>

Um dos focos da pesquisa de Goiandira Ortiz é a relação entre Leodegária de Jesus e Cora Coralina, as duas escritoras que elevaram nacionalmente o nome da cidade de Goiás como fonte de produção literária. “As duas foram contemporâneas, nasceram no mesmo ano, e no mesmo mês, com uma diferença de 12 dias. Leodegária, no dia 8 de agosto; e Cora, no dia 20. Elas se conheceram na adolescência, num tempo em que havia uma efervescência cultural muito grande na cidade, dois cinemas funcionando, saraus, recitais e o Gabinete Literário Goyano, fundado em 1864.”

Conforme Goiandira Ortiz, a amizade das duas, que começou na juventude, perdurou por toda a vida, com troca de correspondências e confidências. “Elas tinham muitas afinidades, apesar das trajetórias distintas.” Leodegária foi para Goiás na infância, acompanhando o pai, eleito deputado na primeira república. Matriculada no Colégio Sant’Ana, passou a conviver com o meio intelectual onde já atuava Cora. Vilaboense, Cora mudou-se para São Paulo em 1911 e só retornou em 1956. Leodegária deixou a cidade de Goiás por volta de 1912 e apenas visitou a antiga capital nos anos de 1930 e 1960.

Ambas publicaram suas criações em jornais de Vila Boa, como o efêmero Rosas e O Lar, mas coube à Leodegária o pioneirismo de lançar em livro, em 1906, aos 17 anos, uma coletânea de poemas batizada Coroa de Lyrios. Cora só publicou aos 75 anos a primeira obra, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, em 1965, nove anos depois de voltar à cidade natal. Leodegária era sonetista, com uma criação influenciada pelo romantismo e parnasianismo. Cora ficou mais à vontade para escrever com o modernismo.

Leodegária, em toda a sua vida, lançou apenas dois livros. O segundo foi Orchídeas, em 1928. Além de Poemas dos Becos, Cora publicou em vida três obras, Meu Livro de Cordel (1976), Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (1983) e Estórias da Casa Velha da Ponte (1985). Postumamente, vieram outros cinco livros, os infantis Meninos Verdes (1986), A Moeda de Ouro que o Pato Engoliu (1999) e O Prato Azul-Pombinho (2002); e os de poesia Tesouro da Casa Velha (1996) e Villa Boa de Goyaz&nbsp;(2001).

<h3>Reconhecimento tardio</h3>

Coube ao pai de Leodegária, José Antônio, encaminhar para todos os grandes jornais do País no início do século 20 o primeiro livro da filha e, como atestou um de seus biógrafos, Basileu Toledo França, foram publicadas várias críticas, favoráveis e contrárias. A obra de Cora Coralina passou a ser conhecida nacionalmente quando, em 1979, Carlos Drummond de Andrade publicou uma carta no Jornal do Brasil elogiando seu primeiro livro. A importância de Leodegária tomou maior dimensão a partir do estudo acadêmico de Darcy França Denófrio, que culminou na obra Lavra dos Goiases III (2001).

Quando fez a última visita a Goiás, em 1960, Leodegária esteve na casa de Cora. Antes, passou por Goiânia, quando foi homenageada pela Academia Goiana de Letras na presença de Zoroastro Artiaga, Bernardo Élis e Basileu Toledo França, fato registrado pelo POPULAR. Leodegária morreu em 1978, em Belo Horizonte, onde passou a morar. Cora Coralina morreu em Goiânia, em 1985.