A disputa pelo domínio do tráfico de drogas em Anápolis seria apenas o início. A suspeita era de que eles queriam estruturar os tentáculos da organização criminosa em mais cidades goianas, avançando para todo o Estado, nos próximos anos. Eles são o grupo de 14 policiais militares, 5 policiais civis e 4 civis presos e investigados pela Operação Malavita, cujos nomes foram levantados com exclusividade pelo POPULAR, apesar de as investigações ainda correrem em segredo de Justiça (veja quadro). Alguns deles são bem mais ousados. Usaram a farda e até máscara de palhaço para praticar crimes.A Operação Malavita foi deflagrada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), em 29 de outubro. O inquérito inclui 54 vítimas, 34 delas executadas a tiros pelo suposto grupo criminoso, que queria transformar os traficantes da região de Anápolis em seus aviõezinhos e deixá-los sem nenhum lucro do comércio da droga. O capitão Fabiano de Borba Ferreira, que está na corporação há 13 anos, e o soldado Thiago Marcelino Machado são suspeitos de encabeçarem a organização, embora os membros dela ainda não tivessem funções bem delimitadas.Uma das vítimas de extorsão sobreviventes conta que está presa porque Borba e Marcelino “plantaram” droga para prendê-la. No início do ano passado, eles invadiram a casa da mulher, na cidade, atrás do irmão dela, um traficante de drogas e ladrão de carros que morava em outra residência e que, em abril de 2013, foi morto porque teria se recusado a entrar no esquema dos policiais. Todos eles conversavam por meio de rádio comunicador.A artesã recebeu ameaça de extorsão de R$ 10 mil, mas há casos de até R$ 200 mil. O POPULAR conseguiu, com exclusividade, as imagens de um circuito interno de segurança da casa de um traficante de Anápolis. O vídeo registra o momento em que três homens arrombam a residência, todos encapuzados, um deles com máscara de palhaço, em 9 de outubro deste ano, numa das últimas ações do grupo antes da operação. A maneira como eles seguram as armas é típica de quem recebeu treinamento da polícia. “Como não encontraram o suposto traficante no local, pediram à mulher dele R$ 200 mil, mas ela não tinha”, contou outro policial da cidade.