Duas semanas após a tragédia ambiental que atingiu Padre Bernardo, cidade goiana no entorno do Distrito Federal, produtores que dependem da água do Córrego Santa Bárbara e do Rio do Sal vivem angústias e incertezas. Sob mau cheiro e milhares de moscas, veem plantações e criações minguarem sem o acesso regular à água, contaminada desde 18 de junho, quando uma pilha de lixo de 40 mil m³ desabou no aterro Ouro Verde – um lixão, afirmam a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Seu funcionamento era tido como temerário pelos técnicos, mas as atividades seguiram por medidas judiciais. Apesar de o lixão estar no município, ele fica a 60 quilômetros do centro comercial de Padre Bernardo. A população afetada reside no distrito de Monte Alto, especialmente as pessoas das regiões de Vendinha e Ouro Verde, próximas do desastre. Quando acaba o asfalto da Avenida Perimetral Norte, na Vendinha, percebem-se os primeiros sinais da presença do lixão. O vento sopra e um cheiro azedo de esgoto faz as narinas arderem. Na vizinhança do aterro, com diversas chácaras, moscas incomodam quem transita.