Quase seis meses após o início da vacinação conta a Covi-19 em Goiás, pouco mais de 32% da população goiana receberam a primeira dose de vacina contra a Covid-19. Com relação à segunda dose, o total é de quase 11%. Para que cheguemos ao ponto de flexibilização das regras de pandemia, como uso de máscaras e manutenção do distanciamento entre as pessoas, a superintendente de vigilância epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás, Flúvia Amorim, explica que é necessário que pelo menos 80% das pessoas estejam vacinas.Flúvia Amorim destaca que outros fatores também são observados antes da decisão de excluir as regras de pandemia. Além da porcentagem da população vacinada, é necessário que a circulação viral esteja baixa e que a população ainda esteja dentro do período de proteção da vacina, por isso a necessidade de que as doses cheguem o quanto antes às pessoas. Em Goiás, mais de 3 milhões de doses foram aplicadas; mais de 2 milhões para a primeira dose e mais de 700 mil com segunda dose ou dose única.A superintendente de vigilância epidemiológica reforça que regredir nas regras, como uso de máscaras e distanciamento, antes que estes critérios sejam atendidos é um risco. “Israel já tem mais de 70% de vacinados e voltou com a obrigação do uso de máscaras.”Os Estados Unidos liberaram a obrigação do uso de máscaras ao chegarem a 50% de vacinados. O país tinha, até a última quinta, 46% da população imunizada com as duas doses e 54% com pelo menos uma. Alguns estados, mesmo coma liberação do uso de máscaras, têm mantido a recomendação para uso nos locais fechados e públicos. O motivo é que a variante delta tem se propagado com rapidez no País e representa 20% dos casos da doença atualmente.Pesquisador do grupo que acompanha a evolução da Covid-19 em Goiás, o biólogo da Universidade Federal de Goiás (UFG) José Alexandre Felizola Diniz ressalta que em vários lugares do mundo, até mesmo no Brasil, está claro que as vacinas são sim capazes de reduzir o impacto da pandemia, principalmente em termos de casos graves e óbitos. “Entretanto, o que tem se mostrado também é que a primeira dose, embora forneça alguma proteção, não é suficiente realmente para diminuir expressivamente os problemas. E como só temos uns 11% de pessoas efetivamente vacinadas, com D1 e D2, ainda é muito pouco em termos de proporção da população imunizada.”O pesquisador reforça que garantir a imunização completa é muito importante, especialmente considerando as novas variantes, a gamma (P.1) e a delta (a indiana, que começa a circular por aqui). “Mesmo que a pessoa já tenha tido Covid há algum tempo, essas variantes têm o potencial de reinfectar bem mais alto.” Diniz acrescenta que, como elas também são muito mais transmissíveis, a proporção de pessoas imunizadas necessárias para realmente controlar a pandemia é muito alta.Diniz comenta que, pelos dados divulgados pela SES-GO, o Estado ainda tem números crescentes de casos, apesar de bem devagar, mas não há redução, o que deveria ocorrer depois da segunda onda, que foi bastante agressiva. “Nós diminuímos gradualmente a partir de final de março, início de abril, mas aí estabilizou, mas deveria ter continuado a diminuir. Depois voltou a crescer. Embora esse crescimento não esteja acentuado, já estamos praticamente no mesmo patamar do pico da primeira onda do ano passado, mas as pessoas já naturalizaram as UTIs e óbitos.” Ele ainda diz que é necessário monitorar e continuar a insistir simultaneamente na vacinação e na manutenção do máximo possível de isolamento social.O infectologista Marcelo Daher acredita que a transmissão só começará a ser reduzida de maneira relevante a partir de, pelo menos, 50% da população vacinada. Por isso ele ressalta a importância da vacinação ampla no menor tempo possível. Daher diz que é difícil definir quando poderemos aposentar as máscaras. “Com o que temos agora não dá pra achar que a pandemia acabou e que a pessoa já pode se expor. Ainda é importante manter essas regras, especialmente porque poucas pessoas tiveram acesso à vacina, ainda mais às duas doses.”O médico reforça que tomar a segunda dose é importante, principalmente por conta das variantes. “Dados mostram que uma dose pode oferecer 30% de eficácia contra a variante delta e 70% para quem tomou duas doses.” Daher explica que, com a vacinação sendo ampliada, será possível observar menor número de mortos pela doença e também de casos graves. “Isso já tem sido perceptível, mas teremos como confirmar com o avanço da vacinação”, ressalta. Segunda dose deve avançarSecretária executiva da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Luana Cássia Ribeiro diz que não há resistência à vacina na capital. “Assim que a dose chega, todos os grupos têm procurado. As vacinas acabam rapidamente”, afirma. Ela acrescenta que o estoque mantido gira sempre em torno de 1%, que geralmente é de pessoas que não fizeram a D2 dentro do prazo. A capital teve recorde de aplicação de D1 em junho e de D2 em abril. Isso varia por conta dos prazos entre as aplicações de primeira dose e reforço, já que no caso da Coronavac o intervalo é de 28 dias, da Astrazeneca é de três meses, assim como a vacina Pfizer. Apenas a vacina Janssen tem dose única. A SMS espera grande número de vacinados com D2 em julho, que é quando as pessoas que tomaram as primeiras vacinas da AstraZeneca e Pfizer começarão a receber a dose de reforço.Luana Ribeiro reforça a importância da segunda dose na data indicada no cartão e diz que em Goiânia já é possível ver efeito da vacinação. Ela cita como exemplo a reinfecção de idosos de um abrigo. “De forma empírica, vimos que não tivemos nenhum agravamento e acreditamos que a vacinação foi importante para isso.”-Imagem (1.2278209)