No final dos anos 1990, a Prefeitura de Goiânia decidiu pela implantação da Rua 85-A, conhecida atualmente como Avenida Cora Coralina, ligando a Praça do Ratinho, via Avenida 87, à Praça Cívica, como meio de reduzir o tráfego da Avenida 85, que naquela época teria um trecho de mão única. A construção contou com a implantação de uma “ampla galeria de águas pluviais para evitar <a href="https://opopular.com.br/cidades/veja-onde-est-o-os-mais-de-100-pontos-de-alerta-para-alagamentos-inundac-es-e-enxurradas-em-goiania-1.3333380" target="_self">alagamentos nas proximidades da Praça Cívica e do Fórum de Goiânia</a>”, conforme publicou O POPULAR na época. Já em 1998, havia uma preocupação da Prefeitura e moradores do Setor Sul com alagamentos “abaixo da Avenida 87 até as cercanias do Tribunal de Justiça”. A solução, porém, não demorou a se mostrar falha. Em 2004, há 21 anos, ocorria o primeiro alagamento registrado na própria Avenida 87.

Desde então, o problema se tornou recorrente e cada vez mais com maior risco aos transeuntes, ao ponto de, neste ano, a atual gestão ter informado que há um projeto para proibir o tráfego na Avenida 87 durante as chuvas. O motivo é conhecido. Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), “o levantamento sobre o assunto, alinhado aos estudos do Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU), em desenvolvimento pela parceria científica da Prefeitura com a Universidade Federal de Goiás (UFG), confirmam que o problema é geográfico e estrutural”. O primeiro se dá porque o local foi construído sobre o leito do Córrego Buritis, cujo curso d´água foi sendo ocupado já desde a década de 1930, quando da fundação da capital.

O córrego, descrito como de baixa vazão e intermitente, possui nascentes difusas, que criaram uma vereda de buritis (ou campo de murundus, como também é chamado), o que concedeu nome a ele. Sua nascente principal é localizada no Clube de Engenharia, da Rua 132 do Setor Sul, segundo o estudo “Subtração do Córrego Buritis no Espaço Urbano de Goiânia”, tese de mestrado da engenheira e arquiteta Fernanda Nogueira de Amorim Braga. A pesquisa explica também que a área de influência do curso d’água se dá desde a região mais alta do Setor Marista, nas proximidades da Alameda Ricardo Paranhos. Ou seja, toda área até o deságue no Córrego Capim Puba, no Setor Aeroporto, é o leito e sua área de influência pode ser alagada.

<ul style="padding-right: 0px; padding-left: 0px; margin: 0px 0px 5.5px 25px; color: rgb(0, 0, 0); font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 11px;">
	<li>Confira mais detalhes sobre as medidas tomadas pela Prefeitura no g1 Goiás:&nbsp;<a href="https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2025/09/30/definidos-locais-de-bloqueios-e-de-instalacao-de-cancelas-automaticas-em-ruas-de-goiania-durante-chuva-veja-lista.ghtml" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none;" target="_blank">Veja pontos de bloqueio e de cancelas automáticas em ruas de Goiânia durante as chuvas</a></li>
</ul>

O Córrego Buritis passa por locais como o Fórum de Goiânia, Bosque dos Buritis, Avenida Tocantins, Estádio Olímpico, região do antigo Bairro Popular e Setor Aeroporto, pela Avenida Oeste. Fernanda conta que a ocupação do córrego se deu já na década de 1930, em que se tem uma ordem de serviço datada de 23 de maio de 1936 para a instalação de manilhas no cruzamento do Córrego Buritis com a Avenida Tocantins, indicando as primeiras ações de infraestrutura que acompanharam o processo de construção da cidade. Na década de 1960, porém, as imagens na tese citada mostram ainda o córrego, inclusive com pinguelas usadas para os moradores cruzarem suas águas na região da Avenida 87.

Conforme a orientadora de Fernanda, a arquiteta e professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Sandra Pantaleão, a 87 é uma planície, onde já era comum que a água acumulasse no período chuvoso. A Seinfra esclarece que “o alagamento ocorre especificamente na Avenida 87 porque ela foi construída exatamente no talvegue — o ponto mais baixo do antigo leito do vale. Quando há <a href="https://opopular.com.br/clima/tempestades-devem-atingir-todas-as-cidades-de-goias-alerta-cimehgo-1.3334268" target="_self">ocorrência de chuvas intensas</a>, toda a água daquela microbacia escoa por gravidade para seu caminho natural, que hoje é o asfalto da Avenida 87. Não alaga ‘antes ou depois’ porque topograficamente, ali é o fundo da bacia”. Fernanda explica que é como se a 87 fosse um ponto de recarga do córrego, onde recebe água e aumenta a vazão.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/clima/tempestades-devem-atingir-todas-as-cidades-de-goias-alerta-cimehgo-1.3334268" style="font-size: 12px;" target="_self">Tempestades devem atingir todas as cidades de Goiás, alerta Cimehgo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/veja-onde-est-o-os-mais-de-100-pontos-de-alerta-para-alagamentos-inundac-es-e-enxurradas-em-goiania-1.3333380" style="font-size: 12px;" target="_self">Veja onde estão os mais de 100 pontos de alerta para alagamentos, inundações e enxurradas em Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/em-24h-chove-mais-da-metade-da-media-do-mes-em-goiania-1.3332019" style="font-size: 12px;" target="_self">Em 24h, chove mais da metade da média do mês em Goiânia</a></div>

A pesquisa aponta que a localização do Córrego Buritis entre dois outros córregos, Botafogo e Capim Puba, favoreceu a sua ocupação desenfreada, visto que havia planos para a preservação dos outros dois. “O córrego é uma barreira para a ligação dos bairros. E já tinham o Botafogo e o Capim Puba, em locais que eram bairros nobres. Havia já na década de 1960 o início do adensamento do Setor Oeste e, depois, do Setor Aeroporto. Mas ainda estamos pesquisando como foram as doações dessas áreas”, diz Fernanda. A professora Sandra comenta a curiosidade sobre a presença de equipamentos públicos ao longo do leito do córrego, como o Estádio Olímpico e o Fórum.

<h2>Estrutura</h2>

Até por isso, a via que liga a Praça do Ratinho à Praça do Cruzeiro se tornou o trecho crucial para a drenagem na região, ou seja, o local onde há a maior quantidade de tubulações e poços de visita na tentativa de evitar o alagamento do Córrego Buritis. Ao mesmo tempo, há subdimensionamento da rede atualmente, o que confirma o problema estrutural citado pela Seinfra. As obras de construção da Avenida Cora Coralina, finalizadas no ano 2000, foram as que construíram a atual estrutura, que ampliou a rede até o Córrego Botafogo, onde antes só havia a tubulação para a região do Lago das Rosas, que é leito do Córrego Capim Puba.

Na época, a arquiteta da então Secretaria de Planejamento, Kátia do Carmo, afirmou que “as águas pluviais são carreadas para o córrego, que não suporta o volume despejado, e a drenagem passa a ser superficial, com as consequências que nós conhecemos bem”. Era a justificativa para a necessidade da obra, que chamou a atenção dos moradores do Setor Sul no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 por não terem sido avisados do serviço. A rede existente antes disso era da década de 1980, já no final da formação do Setor Sul, o que demonstra uma capacidade planejada para uma quantidade de água menor do que a atual.

Para ter ideia, em toda a região não há sequer uma área de recarga, que seria uma estrutura para segurar um alto volume de água para dar tempo de a galeria levar a substância ao destino final. A Seinfra ainda informa que, “ao contrário do que se pensa, o Córrego Buritis não está canalizado sob a avenida”. O relato é que, durante a formação do Setor Sul, o que ocorreu foi um processo de supressão do córrego. “A cidade se estabeleceu diretamente sobre o leito original, que era intermitente, sem a terraplanagem adequada.” Ou seja, não há uma canalização do córrego em si, como ocorre, por exemplo, com o Botafogo ao longo da Marginal Botafogo, mas a construção da cidade em cima do curso d´água, com exceção da região central.

A falha estrutural é tamanha que, em 2015, um poço de visita – que é uma estrutura como uma caixa que recebe as tubulações para jogar água nos tubos que levam ao destino – quebrou. O poço está localizado na Avenida 87 com a Rua 132 e a explicação da então gestão municipal é que o asfalto colocado na base do tanque foi se desfazendo com o tempo, devido à ação da água, e, sem a sustentação, as laterais da estrutura racharam, o que fez com que o solo cedesse, bem como a base inferior. Na semana passada, a Seinfra realizou serviço de recuperação de um processo erosivo que começou a se formar em uma das pistas da Avenida 87, também com a Rua 132.

O trabalho contou com a recuperação da vala, a reconstrução (novamente) do poço de visita e da ilha na esquina com a Rua 132, além da recuperação da erosão e pavimentação do trecho. A explicação da pasta foi de que o problema se deu a partir da infiltração de água das chuvas recentes. Segundo o vice-coordenador-geral do PDDU-GYN e professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (Eeca) da UFG, Raviel Basso, na 87 também há um problema que vem desde a 132, com subdimensionamento das galerias. “A maior quantidade de água vem da 132, porque praticamente não tem drenagem no Setor Marista. E é uma microdrenagem abaixo do necessário”, conta.

Ele explica, porém, que não é possível nem mesmo saber dimensionar o quão a canalização é deficitária, pois há falha até mesmo em como levar a água para as bocas de lobo. O POPULAR percorreu a região do Marista até a Praça do Ratinho e contou 66 bocas de lobo no trecho. Dessas, 47 tinham algum tipo de problema, como entupimento por resíduos ou por concreto das tampas quebradas ou mesmo a redução da entrada por concreto ou por asfalto após o recapeamento da região. Há pelo menos duas bocas de lobo entre as ruas 1.136 e 1.135 no Setor Marista em que as entradas das estruturas estão totalmente tapadas pelo asfalto das vias, não permitindo o escoamento das águas pluviais.

<h3>Solução virá com obra no Córrego Botafogo</h3>

De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), a Prefeitura de Goiânia, possui “um diagnóstico técnico e histórico aprofundado sobre os desafios de drenagem na região da Avenida 87”. A pasta argumenta que a situação é tratada com seriedade, “dentro de uma estratégia de engenharia que visa soluções definitivas e responsáveis para todo o sistema de drenagem da capital, não apenas ações paliativas e isoladas”. Como o trecho possui duas saídas pluviais – uma galeria que deságua no Lago das Rosas e outra que deságua no Córrego Botafogo –, a solução para a via passa pela macrodrenagem da bacia desse último.&nbsp;

“Por uma questão de responsabilidade técnica e de engenharia, a prioridade da Seinfra é a solução de macrodrenagem do Córrego Botafogo, que inclui projetos de bacias de contenção (piscinões) para amortecer o volume de água. A intervenção na Avenida 87 será realizada de forma coordenada, assim que o sistema arterial (Botafogo) tiver sua capacidade de suporte garantida”, informa a Seinfra. O projeto para a macrodrenagem do Botafogo foi aprovado recentemente para ser parte do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo federal, na modalidade de Prevenção a Desastres Naturais – Drenagem Urbana, que prevê um investimento de R$ 267 milhões.

A ideia é realizar a recuperação e ampliação do canal da Marginal Botafogo, com contenção de erosões e revisão dos pontos de lançamento que chegam ao canal, além de ações ao longo da via, mas, quanto à Avenida 87, o principal aspecto é a realização das bacias de retenção, que devem segurar a água por mais tempo antes de chegar ao leito do córrego. Isso, em tese, pode fazer com que os lançamentos a partir da Avenida 87 possam chegar com maior fluidez e com tempo para “esvaziar” a rua. Segundo a Seinfra, ao mesmo tempo, o trabalho em curto prazo tem sido realizado pela secretaria.

“No final do último mês, a Seinfra fez manutenção na rede de drenagem da Avenida 87. Foram limpas 166 bocas de lobo e 150 metros de ramais, com a retirada de 15,4 toneladas de entulho e detritos. Foram construídas duas bocas de lobo e contida uma erosão causada pelas últimas chuvas”, garante. A pasta assegura ainda que, em parceria com professores e especialistas da UFG, parceiros no desenvolvimento do PDDU, “concorda que há uma deficiência histórica na rede de drenagem da capital, impactada pelo adensamento da cidade e o aumento das precipitações intensas nas últimas décadas”.&nbsp;

Segundo o vice-coordenador-geral do PDDU-GYN e professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (Eeca) da UFG, Raviel Basso, entende que há a necessidade de realização do redirecionamento do escoamento para as bocas de lobo, sobretudo na Rua 132 e acima dela, na região da divisa entre os setores Sul e Marista. “Há locais que estão sendo fechados com os recapeamentos nas vias. Ali não é um problema da canalização do Córrego Buritis, mas de microdrenagem”, afirma. Ele explica que não é certo que esse redirecionamento resolveria 100% do alagamento na Avenida 87, mas reduziria muito o problema e seria possível, assim, dimensionar as galerias da região.

“Existe uma grelha grande ali na Avenida 87, em frente ao Ingoh, e é possível ver que ela não transborda durante as chuvas, o que mostra que o problema não tem relação com a canalização, pois, se fosse isso, ali mostraria. O problema é mesmo pela força do escoamento da Rua 132, pela água que vem do Setor Marista”, diz Basso. De acordo com ele, trata-se de obras simples, como o posicionamento de blocos para impedir a água de ir para a calçada e jogar para dentro da galeria, assim como o abaulamento da via, forçando a água a não correr pela rua, mas, sim, descer rumo às bocas de lobo, além da limpeza das entradas. “Isso tiraria a água da superfície, faria uma adequação. Aí na 87 se faria um reforço, caso fosse necessário”, garante o professor.

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Alagamentos constantes da Avenida 87 têm causa geográfica e estrutural

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Drenagem urbana

Webstories avaliação dos alunos sobre a prova

O <a href="https://opopular.com.br/cidades/enem-2025-alunos-avaliam-primeiro-dia-como-tranquilo-e-dizem-que-tema-da-redac-o-surpreendeu-1.3334655" target="_self">tema da redação neste primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio</a> (Enem), “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, já era esperado por professores e alunos goianos. Com a prova caracterizada nos últimos anos por destacar os direitos coibidos socialmente de minorias, como de mulheres, povos originários, negros e outros, professores afirmam que há alguns anos já havia a expectativa de que o etarismo, ao tratar das dificuldades das pessoas acima de 60 anos, fosse o tema a ser discutido, o que ocorreu neste ano, justamente quando as inscrições no Enem teve um recorde de pessoas dessa idade (17.192).

Professora do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Pedro Xavier Teixeira, Allyne Alves, da rede estadual de ensino, falou sobre o tema na última sexta-feira (7) aos seus alunos. No caso, o trabalho foi em cima do analfabetismo de pessoas com mais de 60 anos. “Eu cheguei a falar que o tema idoso estava para cair no Enem, neste último aulão. Nós trabalhamos essa questão sob a perspectiva de duas minorias: o analfabetismo e o etarismo”, conta Allyne. Com isso, ela acredita que o tema não foi uma surpresa para os inscritos, tendo sido trabalhado em salas de aula. “Nos últimos anos, foi falado sobre minorias invisibilizadas e faltavam os idosos. É um tema bastante pertinente.”

A professora do Colégio Degraus, Marina Mesquita, reforça que esta foi a primeira vez que o Enem cobra mesmo esse eixo de velhice. “A gente já vem apostando nesse tema há alguns anos. Todo ano eu preparo os meus alunos para falarem sobre isso e até hoje não tinha sido abordado, então, sim, o tema é bastante esperado”, diz. Assim, por ser um tema aguardado, ela acredita que os inscritos tenham tido certa facilidade. “Eu pelo menos trabalhei com os meus alunos, então eu penso que eles tiveram uma relativa facilidade para fazer. A palavra ‘perspectivas’ deixa esse tema um pouco amplo, então a gente pode falar sobre uma questão de poder abordar o etarismo como alguma coisa que complica, que atrapalha a vida dos idosos.”

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/enem-2025-alunos-avaliam-primeiro-dia-como-tranquilo-e-dizem-que-tema-da-redac-o-surpreendeu-1.3334655" target="_self">Enem 2025: Alunos avaliam primeiro dia como 'tranquilo' e dizem que tema da redação surpreendeu</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/enem-2025-candidato-chega-atrasado-apos-se-confundir-com-horario-1.3334592" target="_self">Enem 2025: Candidato chega atrasado após se confundir com horário</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/tema-da-redac-o-do-enem-2025-e-perspectivas-acerca-do-envelhecimento-na-sociedade-brasileira-1.3334594" target="_self">Tema da redação do Enem 2025 é Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira</a></div>

Marina reforça, no entanto, que também é possível pensar em perspectivas sociais e políticas para o envelhecimento. “Pensar na questão social, na questão da dificuldade de garantir direitos para as populações idosas mesmo, para garantir dignidade, saúde, a previdência social.” Já a professora Cassiana Carvalho, do Articularte Redação, reforça que é importante lembrar que o aluno não podia se limitar a falar apenas de preconceito contra idosos. “O tema pedia ‘perspectivas’, que significa analisar diferentes dimensões do envelhecimento no Brasil, como saúde, economia, políticas públicas, cultura, trabalho e desigualdade social”, explica a professora.

Ela considera que, nos últimos anos, o Enem usou recortes muito explícitos, com a palavra ‘desafios’, que já orientava o aluno a enxergar o tema a partir de um problema concreto. “Este ano, a palavra ‘perspectivas’ muda um pouco essa lógica. Ela não apresenta diretamente um problema, ela exige que o estudante interprete quais são os problemas e quais são os caminhos possíveis relacionados ao envelhecimento da sociedade brasileira.” Neste caso, segundo Cassiana, o aluno teve de fazer um movimento mais analítico e crítico. “Ele precisava entender primeiro o que significa trabalhar com ‘perspectivas’, que envolve olhar para causas, impactos, desigualdades e também possibilidades de futuro.”

Professor de Português e Redação, Ricardo Pereira entende que há vários pontos a ser abordados dentro do tema. “A linha argumentativa vai depender mesmo dos textos motivadores da proposta de redação. Podemos falar desde o aumento da expectativa de vida da população até os problemas previdenciários que a questão pode gerar. Etarismo, educação, mercado de trabalho e inclusão digital são tópicos também ligados a esse tema”, diz. A professora Allyne Alves reforça que os textos motivadores precisam ser usados com moderação, sendo possível a utilização do Estatuto do Idoso, dados recentes do Censo 2022, além de repertório pessoal, desde músicas, filmes, literatura e outros.

Sobre o fato de o tema ocorrer no ano com mais inscritos com 60 anos ou mais, Cassiana entende que viver essa realidade traz mais sensibilidade e conhecimento de causa para o texto. “Entender, de fato, como o envelhecimento interfere na sociedade pode ajudar o estudante a construir argumentos mais concretos. Mas é importante lembrar que o Enem é uma prova muito estrutural. Não basta apenas conhecer o tema”, diz. Ela explica que a redação exige o domínio de competências como a organização argumentativa, repertório produtivo e uma proposta de intervenção completa. “Ter vivência pode facilitar a reflexão, mas não garante vantagem se o candidato não souber estruturar o texto conforme as exigências da banca”, esclarece.

<div attr-cid="policy:1.3334670" attr-version="policy:1.3334670:1762725479" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3334670" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3334670', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3334670">Webstories avaliação dos alunos sobre a prova (1.3334670)</a></div>

<h2>Questões do Enem</h2>

A prova do Enem deste domingo trouxe questões que discutiram o padrão de beleza imposto às mulheres, carros elétricos e a cultura afro-brasileira, com orixás, religiosidade, discriminação e racismo. O tema da redação do exame foi “perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”.

Uma das questões apresentou as atrizes Paolla Oliveira e Margot Robbie para tratar sobre o padrão de beleza. Também houve uma pergunta que tratava sobre saúde mental no esporte, com uma referência à skatista Raíssa Leal.

Uma das novidades da prova, segundo professores de cursinho, foi a redução da quantidade de textos. Na prova de linguagens, por exemplo, um único texto foi usado para dez questões. “Foi uma inovação muito bem-vinda, porque permite explorar diversas dimensões do texto, em vez de reforçar a dispersão de leituras muito específicas e focalizadas”, disse Rafael Alverne, coordenador de Linguagens do Colégio Andrews.

Eles também destacaram a forte presença de temas relacionados a questões ambientais. Uma delas, por exemplo, relacionava a diminuição de chuvas e o desmatamento na Amazônia e o deslocamento de massas de ar que transportam poluentes de um continente para o outro. Em história, os professores destacaram a ausência de questões sobre a ditadura e pouca abordagem sobre a história do Brasil. “Tiveram apenas algumas questões sobre história colonial e uma questão sobre Era Vargas”, diz Pedro Zonta, professor de História da Escola SEB Lafaiete.

Redação sobre envelhecimento era tema esperado no Enem, dizem professores

Ensino médio

Os alunos que fizeram o 1º dia de prova do Enem em Goiânia neste domingo (9) consideraram que as questões tiveram dificuldade média ou não tão difícil quanto esperavam. Já o tema da redação, 'Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira', pegou a maioria de surpresa, mas relativamente fácil de desenvolver.&nbsp;

O POPULAR conversou com alunos ao final da prova. A maioria esperava um nível de dificuldade maior.

<cite>Com relação à prova, ela estava majoritariamente interpretativa. Então cansativo para fazer. Mas a parte de humanas, eu gostei muito porque ela abordou mais o conteúdo de maneira direta do que a de linguagens, onde teve muito gênero textual. Mas fora isso, era muita interpretação. Na parte de humanas, já teve essa abordagem mais direta", disse Mariana Tomé, de 23 anos e que já cursa enfermagem.&nbsp;&nbsp;</cite>

<div attr-cid="policy:1.3334670" attr-version="policy:1.3334670:1762725479" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3334670" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3334670', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3334670">Webstories avaliação dos alunos sobre a prova (1.3334670)</a></div>

No entanto, alguns alunos encontraram dificuldade em algumas questões.

<cite>Na parte de português, eu achei fácil. Porque é uma facilidade para mim. Agora chegou na parte de história, eu nem sabia que eu estava lendo", desabafou Maressa Ferreira de 21 anos, que pretende cursar enfermagem.&nbsp;</cite>

Na redação, alunos esperavam um tema mais voltado para educação, meio ambiente e até mesmo adultização. Apesar disso, conseguiram gerenciar o assunto.

<cite>Acho que foi um tema que não vai ser difícil para a maioria dos candidatos de escrever, porque ele aborda minorias, então é um problema social que geralmente já é abordado nas provas do Enem. Tem sempre muito texto sobre minorias raciais, mulheres. Não acho que foi um tema difícil. Até porque a coletânea estava boa também ", afirmou Mariana.&nbsp;</cite>

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Mariana Tomé, 23 anos, cursa enfermagem (Mariana Guimarães / O Popular)

<h2>1º dia&nbsp;</h2>

Os portões foram abertos às 12h e fecharam pontualmente às 13h. Um candidato se confundiu com o o horário e chegou atrasado. Ele acreditava que poderia entrar até 13h30, quando começa a aplicação da prova.&nbsp;

Em Goiás, mais de 166 mil estudantes estvam inscritos para fazer a prova. O segundo dia de prova será no próximo domingo (16), com as questões de matemática e ciências da natureza.&nbsp;

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Estudantes chegam à Unip para realizarem o 1º dia de provas do Enem 2025 (Diomício Gomes / O Popular)

&nbsp;

Enem 2025: Alunos avaliam primeiro dia como 'tranquilo' e dizem que tema da redação surpreendeu

1º dia

Enquete: Redação Enem 2025

<img attr-cid="policy:1.3334569" attr-version="policy:1.3334569:1762703389" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3334569/WhatsApp Image 2025-11-09 at 12.31.57.jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Estudantes chegam à Unip para realizarem o 1º dia de provas do Enem 2025 (Diomício Gomes / O Popular)

&nbsp;

O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) movimentou o estado neste domingo (9). Em Goiás, 166.761 candidatos estão inscritos para participar este ano. Os portões abiram às 12h e se fecham às 13h. As provas começam às 13h30, horário de Brasília, e muitos estudantes chegaram cedo aos locais, como na PUC Goiás, onde o movimento começou desde o fim da manhã.

A primeira candidata a chegar ao local contou ao POPULAR que, devido à pressa, esqueceu a caneta, mas conseguiu comprar uma na porta da universidade.&nbsp;

<cite>Não é a primeira vez que eu faço, então estou mais calma. Cheguei cedo pra ver a sala e não ter problema”, contou Stephanie Sousa Reis, de 21 anos.</cite>

<div attr-cid="policy:1.3334631" attr-version="policy:1.3334631:1762714816" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3334631" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3334631', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3334631">Enquete: Redação Enem 2025 (1.3334631)</a></div>

Entre os candidatos, havia também quem contasse com o apoio da família. Simone Azevedo acompanhou a filha Yasmin, de 16 anos, que está no segundo ano do ensino médio e decidiu fazer o Enem pela experiência.

<cite>A Yasmin tá se preparando, né? Apesar de estar no segundo ano ainda, mas tá bem dedicada. E eu, como mãe, tô sempre por perto pra ajudar”, disse Simone.</cite>

Yasmin considera importante o apoio emocional e prático da mãe para se sentir mais tranquila, e que nesse momento fez a diferença.

<cite>A gente errou a quadra e teve que vir contornando a pé. Se eu não tivesse minha mãe, não ia conseguir chegar. Fica mais tranquilo com ela por perto”, contou, animada com o sonho de cursar Direito.</cite>

Antes do início do exame, um grupo da comunidade cristã universitária CRU Campus se reuniu na entrada da PUC Goiás para orar pelos candidatos. O objetivo, segundo os organizadores, era oferecer apoio espiritual e tranquilidade.

<cite>É um momento de muita ansiedade, muito tenso. Toda calma é bem-vinda. A gente tá aqui pra trazer essa tranquilidade que Jesus pode dar, pra que o pessoal faça a melhor prova possível e os nervos não atrapalhem”, explicou&nbsp;João Paulo Lopes Carvalho Grilo, de 24 anos, estudante de Ciência da Computação na UFG.&nbsp;</cite>

<img attr-cid="policy:1.3334585" attr-version="policy:1.3334585:1762706363" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3334585/Proporção para foto do site (3).jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Integrante do grupo da comunidade cristã universitária CRU Campus (Addan Vieira / g1 Goiás)

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<h2>Em Goiás</h2>

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), dos mais de 166 mil inscritos em Goiás, 56.365 são estudantes concluintes do ensino médio da rede pública. A maioria dos participantes é do sexo feminino — 59,6%, contra 40,3% de homens.

O levantamento mostra ainda que a faixa etária mais presente é a de 17 anos, com 45.724 inscritos, seguida pela de 18 anos, com 38.097. Em relação à etnia, 78.601 participantes se autodeclararam pardos, 63.332 brancos, 18.524 pretos, 3.303 amarelos e 762 indígenas.

O Enem é considerado a principal porta de entrada para o ensino superior público no Brasil, por meio do Sisu, e também serve de critério para programas como o Prouni e o Fies. Neste domingo, os candidatos enfrentam provas de Linguagens, Ciências Humanas e Redação. No próximo domingo (16), será a vez das questões de Matemática e Ciências da Natureza.

Enem em Goiás: Mais de 166 mil devem fazer o 1º dia de provas

ENEM 2025

Estudantes da maioria das regiões do país devem enfrentar um dia de prova chuvoso durante o primeiro dia de aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que acontece neste domingo (9) a partir das 13:30.

Candidatos devem se planejar para possíveis atrasos causados pela chuva. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as regiões Norte, Centro-Oeste e partes do Sudeste e do Sul devem ter um domingo com muitas nuvens, pancadas de chuva e trovoadas em zonas isoladas.

No Nordeste, a probabilidade de chuva é menor. Cidades como Salvador, Aracaju, Maceió, João Pessoa e Recife podem registrar precipitações isoladas, enquanto Fortaleza, Teresina e São Luís devem ter um dia de sol forte e muitas nuvens.

No Norte, os estudantes enfrentarão um dia de prova com temperaturas acima dos 30 °C e possibilidade de pancadas de chuva e trovoadas.

A chuva deve estar presente no Centro-Oeste. Em Cuiabá, Goiânia e no Distrito Federal, o domingo será de céu encoberto, com possibilidade de pancadas e trovoadas isoladas. Em Campo Grande, a previsão é de tempo nublado, também com chance de chuva.

No Sudeste, há possibilidade de precipitações ao longo do dia em boa parte de Minas Gerais e de São Paulo. Já no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, a previsão é de sol forte e céu aberto.

No Sul, as temperaturas ficam abaixo da média em comparação com o restante do país. Curitiba deve registrar máxima de 23 °C, Florianópolis, 28 °C, e Porto Alegre, 29 °C. A região também pode ter muitas nuvens e chuvas isoladas.

A região Sul foi afetada por um ciclone no dia 7 de novembro, que provocou fortes ventos e causou destruição em diversas cidades, especialmente nas regiões oeste e centro-sul do Paraná. O fenômeno deixou um rastro de danos em estruturas, com casas destelhadas, queda de árvores e interrupções no fornecimento de energia.

Os candidatos voltam às provas no próximo domingo (16) para o segundo dia do Enem, que terá 45 questões de ciências da natureza e 45 de matemática. No primeiro dia, o tempo total de prova é de 5h30; no segundo, de 4h30.