O Palácio Alfredo Nasser, sede da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) localizada no Bosque dos Buritis, no Setor Oeste, desde o dia 1º de março de 1962 tem futuro incerto. A Prefeitura de Goiânia ainda não decidiu qual destinação dará ao prédio assim que o mesmo for recebido de forma definitiva, o que deve ocorrer no final deste semestre. A Alego inaugurou oficialmente nesta quinta-feira (3) a sua nova sede, no Setor Park Lozandes, próximo ao Paço Municipal, mas o local ainda está sendo finalizado e a parte administrativa do Poder Legislativo estadual segue no antigo prédio.A previsão no final do ano passado era de que a sede fosse entregue ainda em fevereiro, mas foi adiada para este mês e, nesta quinta-feira (3), o novo adiamento foi anunciado. Em 2013, a Alego e o Paço fizeram uma troca de áreas, ficando ao município o prédio do Bosque dos Buritis, enquanto que a Prefeitura regularizou a construção da nova sede do parlamento estadual. Ao menos duas entidades e duas pastas da Prefeitura já pediram ao prefeito Rogério Cruz (Republicanos) o direito de uso do Palácio Alfredo Nasser. O Paço Municipal repete que “o prefeito tem recebido e avaliado sugestões para a utilização do local, no entanto, a destinação do prédio ainda não foi definida. Logo que isto ocorrer, será comunicado”.No mês passado, a Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) foi a última a solicitar o uso. A intenção é que o espaço seja a sede da pasta, sob o argumento de ter mais acesso aos munícipes, tanto pela proximidade, já que se localiza na região Central da capital, como pela capacidade de implantar uma estrutura própria. Antes disso, ainda em gestões passadas, a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) também já tinha negociado para que sua sede se transferisse para o Bosque dos Buritis, com a alegação de ser uma unidade de conservação característica da cidade e maior que a sede atual, localizada próxima ao Mutirama.Também em fevereiro, o prefeito recebeu um ofício do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) com o pedido para receber o Palácio Alfredo Nasser. A intenção também é transferir a sede do TCM, hoje na Rua 68, do Setor Central, para o local. Os argumentos do tribunal é que o local onde está sediado atualmente é acanhado perto da estrutura que necessita para a realização do trabalho. O órgão ainda tem como vantagem o fato de ter orçamento próprio e recursos suficientes para manter o prédio e preservar suas características.A construção é vista como histórica por ser uma referência da arquitetura moderna, que chegou à capital na década de 1960. O projeto original, que foi modificado desde a sua execução, é dos renomados arquitetos Eurico Calixto de Godói e Élder Rocha Lima. Na década de 1970, o prédio ganhou mais um anexo, localizado próximo ao lago do Bosque dos Buritis, e em 2003 foi finalizado outro prédio complementar, na parte de trás do original. Até em função dessas características históricas, a Associação dos Protetores do Bosque dos Buritis (APBB) também pede o uso do prédio.A intenção é criar o Palácio da Cultura na sede da Alego, com a ideia de colocar no local pelo menos dois museus, espaço para uma escola de artes e até mesmo a sede da Secretaria Municipal de Cultura (Secult). Com isso, o Museu de Arte de Goiânia (MAG), hoje localizado no Bosque dos Buritis, mas na Rua 1 do Setor Oeste, passaria a funcionar no Palácio Alfredo Nasser. Além dele, seria criado o Museu AA, como homenagem a Attílio Corrêa Lima e Armando de Godoy. Fundador da APBB e diretor da entidade, Leonardo Rizzo conta que o projeto do Palácio da Cultura exista há 38 anos.“Nós vemos com estranheza esses pedidos das secretarias municipais para utilizar o espaço. O Paço Municipal no Park Lozandes foi feito para abrigar a sede da Prefeitura e todas as secretarias, não faz sentido não utilizá-lo para este fim”, afirma. Rizzo explica que a criação do Palácio da Cultura no local dá sinergia à Goiânia, pois se trata de um setor histórico, próximo ao museu dedicado a Pedro Ludovico e a Praça Cívica. “Nós falamos com o prefeito e ele ficou sensibilizado e satisfeito com o projeto, mas ainda vai tomar uma decisão.”Rizzo afirma ainda que pretende se reunir com o presidente da Alego, deputado Lissauer Vieira (PSB), na próxima semana para tratar do projeto de transferência da sede. A APBB vai pedir que a Alego, antes de entregar o prédio à Prefeitura de Goiânia, desfaça dos anexos construídos na sede desde a década de 1970. “As partes ampliadas já estão condenadas. Não cabe ali para aquele espaço. Só com o prédio original nós conseguimos fazer o Palácio da Cultura, colocar os dois museus e a escola de arte. Vai ser o grande ponto da cultura em Goiânia e sem prejudicar o meio ambiente”, considera. Ele diz ainda que a estrutura original do prédio permite a construção de mais um andar, sem expandir a área horizontal, o que poderia ser utilizado para a construção de uma biblioteca. “Nós não estamos dizendo que vamos fazer isso, mas é possível fazer. Só com a estrutura original já podemos fazer tudo.”-Imagem (1.2413314)