Um dia após o presidente Donald Trump assinar decreto que proíbe a emissão de vistos para alunos estrangeiros admitidos pela Universidade Harvard, a instituição anunciou nesta quinta-feira (5) que renovou um processo movido contra o governo federal para mais uma tentativa de bloquear a medida. A universidade argumenta que a ação representa uma forma de contornar ordem judicial anterior. No mês passado, sob a justifica que tal ato viola a Primeira Emenda da Constituição, uma juíza federal impediu o governo de revogar a permissão concedida à universidade para receber estrangeiros. Mas Trump deu continuidade à iniciativa com a publicação do decreto.“O decreto nega a milhares de estudantes de Harvard o direito de vir a este país para prosseguir com seus estudos e seguir seus sonhos. Também nega a Harvard o direito de ensiná-los. Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard”, afirma a instituição na ação.Trump afirma que a restrição, válida por seis meses, é necessária por questões de segurança nacional. Segundo o decreto, o FBI, a polícia federal dos EUA, há muito alerta que adversários estrangeiros “se aproveitam do fácil acesso ao ensino superior americano” para, entre outras coisas, roubar informações técnicas e explorar pesquisas com objetivos políticos.Harvard, por sua vez, afirma que a decisão viola a legislação, já que não apresenta provas concretas de que a presença dos estudantes estrangeiros seja prejudicial aos interesses americanos. “As ações do presidente não são tomadas para proteger os ‘interesses dos EUA’, mas aplicar uma vingança do governo contra Harvard”, diz.O republicano tem buscado enfraquecer a estabilidade financeira e o prestígio global de instituições que têm resistido às exigências de mudanças profundas em suas políticas. O governo congelou cerca de US$ 3,2 bilhões em subsídios e contratos com a instituição.Estudantes estrangeiros, em sua maioria, pagam por completo as altas mensalidades das universidades americanas. Isso ajuda, inclusive, a subsidiar bolsas a americanos de baixa renda.O pano de fundo são as manifestações, ocorridas no ano passado, nos quais milhares de estudantes em todo os EUA exigiram o fim da guerra na Faixa de Gaza e criticaram as mortes causadas por Israel no território palestino. Trump afirma que as instituições permitiram atos de antissemitismo em seus campi, algo que as universidades negam, e exigiu uma série de mudanças.A Casa Branca renovou as acusações nesta quinta. Abigail Jackson, porta-voz do governo, disse que Harvard se tornou “foco de agitadores antiamericanos, antissemitas e pró-terroristas”. Segundo ela, o comportamento da instituição comprometeu a integridade do sistema de vistos para estudantes e visitantes de intercâmbio, colocando em risco a segurança nacional dos EUA.As declarações destoaram do tom adotado por Trump nesta quinta. Mais cedo, ele disse acreditar que as negociações com Harvard “estão mostrando sinais de progresso”. Também afirmou que estudantes chineses são bem-vindos nos EUA -o decreto mencionou a China como exemplo de ameaça à segurança nacional. Estima-se que cerca de 5.000 estudantes internacionais estejam matriculados em Harvard, e outros 2 mil ex-alunos recém-formados estejam nos Estados Unidos com vistos que permitem a permanência temporária no país para trabalhar após a graduação, segundo o jornal The New York Times.