Esta semana apareceram diversos perfis nas redes sociais com a intenção de denunciar fraude no sistema de cotas em vagas de universidades federais. O movimento ganhou força em diversos estados e até em Goiás houve início de mobilização contra as pessoas que teriam conseguido o benefício indevidamente. Mas depois de algumas horas no ar, os administradores da conta informaram que deixariam o movimento por que passaram a receber informações falsas, além de dizer que muitos beneficiados têm alto poder econômico, o que também influencia as relações na instituição.Uma das páginas criadas para denunciar as fraudes em Brasília ganhou muitos seguidores em pouquíssimo tempo. Em um dia foram mais de 5 mil adeptos. O perfil criado no Twitter compartilha informações pessoais de candidatos e alunos, quase todos brancos, mas que teriam sido aprovados para vagas de índios e negros. Existem contas em diversos estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, entre outros.Em Goiás, a conta criada chegou a expor alguns nomes antes de ser excluída. O administrador do perfil “FraudadoresGo” fez uma publicação com uma mensagem sobre os motivos da suspensão. No texto diz que muitas pessoas passaram a encaminhar informações forjadas para prejudicar os desafetos pessoais. Até agora, nenhum outro perfil com a mesma intenção foi divulgado novamente.A Universidade Federal de Goiás (UFG) foi procurada para comentar sobre a cobrança dos apoiadores do perfil de um posicionamento sobre fraudes praticadas também em Goiás. A Coordenadoria de Ações Afirmativas CAAF e a Comissão de Heteroidentificação da Universidade Federal de Goiás – Regional Goiânia, diante das manifestações que veiculam por meio das redes sociais encaminhou uma nota de esclarecimento.No documento, diz que a universidade mantém uma comissão permanente para analisar denúncias de supostas fraudes e que tem compromisso ético e moral na aplicação desta política pública e que o resultado dos processos seletivos não deixa dúvida sobre a seriedade na gestão dessa política. A nota também informa que todas as denúncias são analisadas. Segue a nota na íntegra: NOTA DE ESCLARECIMENTOA Coordenadoria de Ações Afirmativas CAAF e a Comissão de Heteroidentificação da Universidade Federal de Goiás – Regional Goiânia, diante das manifestações que veiculam por meio das redes sociais esclarece:1. A UFG compreende as Políticas de Ações Afirmativas como uma política pública de natureza especial e temporária que tem por objetivo reduzir as desigualdades, sociais, econômicas e educacionais extremamente necessárias ao povo brasileiro.2. A Universidade Federal de Goiás-UFG instituiu em fevereiro de 2016 pela Portaria do Reitor n 902/2016, Comissão Permanente de Verificação de Autodeclaração com o objetivo de analisar denúncias de supostas fraudes cometidas por estudantes contra a Política de Cotas instituída pela Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012 que dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.3. Desde 2018 a UFG realiza o processo de verificação da condição autodeclarada dos candidatos que concorrem a vagas por reserva étnica (PPI) nos cursos de graduação, no momento da realização da matricula.4. A CAAF e a Comissão de Heteroidentificação reafirmam compromisso ético e moral na aplicação desta politica pública, assim, o resultado dos processos seletivos não deixa dúvida sobre a seriedade na gestão dessa política: Em 2018, foram realizadas 2099 entrevistas com candidatos autodeclarados, destes, 275 tiveram seu pedido de matrícula indeferidos, em 2019 foram realizadas 2400 entrevistas, cerca de 400 pedidos de matrículas foram indeferidos e em 2020 cujo processo ainda não foi encerrado em razão da pandemia do COVID-19 e das recomendações das autoridades sanitárias o percentual da etapa já realizada está em consonância com os períodos anteriores.5. No processo de matrícula é assegurado aos candidatos o direito ao contraditório e a ampla defesa podendo os mesmos protocolar recursos contra a decisão da comissão em prazos previstos nos editais dos processos seletivos, sendo dado o direito ao candidato a passar por uma nova banca de Heteroidentificação, sendo que a banca é composta por outros integrantes, após a aferição do candidato, se o mesmo não for deferido perde a vaga no referido certame.6. Os integrantes da Comissão de Heteroidentificação da UFG recebem capacitação permanente para atuarem nas Bancas de Verificação, a comissão é composta por servidores docentes e técnico-administrativos da UFG e facultada à participação dos servidores do Instituto Federal Goiano, Instituto Federal de Goiás, Universidade Estadual de Goiás, Movimento Negro e Ordem dos Advogados do Brasil. A comissão atua nos processos seletivos para a graduação, pósgraduação, concursos públicos e processo seletivo para estagiários.7. Todas as denúncias protocoladas na Ouvidoria da UFG sobre supostas fraudes na política de cotas são analisadas e respondidas. Registra-se que no período de 2013 a 2017, houveram casos de cancelamento de matricula em decorrência de denúncias.8. Por fim, a UFG reitera seu compromisso com a política de cotas e repudia a prática de fraude. Marlini Dorneles de Lima/Coordenadora de Ações Afirmativas UFGPedro Rodrigues Cruz/Presidente da Comissão de Heteroidentificação