A investigação da Controladoria-Geral do Município (CGM) sobre o uso de servidores da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) na construção de um Centro de Capacitação Profissional localizado em área pública cedida desde 2019 à organização não-governamental (ONG) Mais Ação deve durar 60 dias. O prazo é contado desde o dia da notificação, que foi realizada no dia 9 deste mês.No entanto, no dia 8, mesmo dia em que reportagem do POPULAR mostrou a situação, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) ordenou a suspensão da obra com os funcionários públicos. “O prefeito determinou ainda à Controladoria Geral do Município que apure os fatos relatados na denúncia, devendo emitir relatório acompanhado de todos os documentos comprobatórios com total esclarecimento dos fatos no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas”, informou o Paço em nota.Segundo o novo informativo do Paço, a Prefeitura de Goiânia “iniciou, por meio da Controladoria-Geral do Município (CGM-GO), e com base em critérios e fundamentos legais do Executivo Municipal, inspeção no âmbito da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) para averiguar suposta utilização de servidores da referida pasta em obra em área pública cedida a particular. A Prefeitura esclarece, também, que a CGM-GO tem até 60 dias, a contar do início da inspeção (9/12), para emitir um relatório final”. A informação é de que o levantamento inicial feito pela CGM foi inconclusivo.Até então não há qualquer explicação para a construção do Centro de Capacitação Profissional com recursos públicos. No documento que concede a área pública de 2 mil metros quadrados (m²) localizada no Setor Residencial Village Veneza, na região Sudoeste, para a ONG, datado de 2019, há a obrigação da entidade em realizar a obra em até dois anos, tendo de iniciar já nos primeiros 12 meses do acordo. Ou seja, era para o Centro já estar pronto, visto que o acordo foi assinado em junho de 2019. Pelo documento, a ONG tem a permissão de uso do imóvel por 10 anos, mas há a previsão de cobrança de multa compensatória no valor de R$ 10 mil e multa moratória mensal no valor de R$ 5 mil no caso de descumprimento “de qualquer das condições ou vedações estabelecidas”.A entidade é fundada pelo vereador Leandro Sena (Republicanos), do mesmo partido do prefeito Rogério Cruz. Atualmente, ele é conselheiro da ONG e afirma não participar de qualquer decisão administrativa. Quem preside a entidade é Antônio Francisco Pereira Brito. A reportagem não conseguiu contato com o presidente. As obras foram iniciadas neste ano e não tiveram a publicação de um cronograma ou estimativa para seu término, assim como os gastos previstos. Ainda não se sabe se o material utilizado era da Prefeitura ou da ONG.O Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) também iniciou apuração para verificar a situação da obra. A Secretaria de Fiscalização de Obras da instituição encaminhou na tarde desta terça-feira (14) uma representação ao conselheiro relator Sérgio Cardoso para que o mesmo tomasse providências. A expectativa é que Cardoso verifique a representação e possa pedir encaminhamentos ao Paço Municipal para esclarecer a situação. Em tese, como o terreno está cedido à ONG Mais Ação não poderia receber investimentos públicos.