Dentre os dez cursos de graduação mais concorridos da Universidade Federal de Goiás (UFG) no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em 2025, sete pertencem à área da saúde. O curso de Psicologia lidera a lista pelo segundo ano consecutivo, com 191 candidatos por vaga, seguido por Fisioterapia e Medicina, que, apesar de ter o maior número de inscrições na universidade, registra uma disputa de 137 candidatos por vaga, já que oferta mais do que o triplo em comparação com os dois primeiros colocados.

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Além dos três primeiros cursos, que pertencem à área da saúde, a lista dos dez cursos com a maior relação de candidatos por vaga inclui também os cursos de Biomedicina (118 por vaga), Enfermagem (88), Odontologia (84) e Nutrição (70). No meio da lista, contudo, há ainda o tradicional curso de Direito – com duas posições, divididas para a oferta nos períodos matutino e noturno, sendo 107 e 98 candidatos por vaga disponibilizada, respectivamente –, além de Engenharia de Software (81).

Nos últimos dois anos, o quadro de graduações que aparecem dentre as mais disputadas não sofreu grandes alterações. A única mudança foi a saída de Medicina Veterinária, presente em 2023 e 2024, com sua substituição por Nutrição em 2025. Entretanto, houve reposicionamentos: Biomedicina, antes na 5ª colocação, ultrapassou Direito e assumiu a 4ª posição. Medicina, que já foi o curso mais concorrido, cedeu o topo para Psicologia, e Fisioterapia que estava em terceira subiu para a segunda colocação (veja mais no quadro ao lado).

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/graduac-o-em-ia-supera-medicina-pela-1-vez-na-ufg-1.3224999" target="_blank">Graduação em IA supera Medicina pela 1ª vez na UFG</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/fies-2025-abre-inscric-es-para-financiamento-de-cursos-superiores-1.3227351" target="_blank">Fies 2025 abre inscrições para financiamento de cursos superiores</a> 
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Pró-reitor de Graduação da UFG, Israel Trindade explica que não é sempre que o curso mais disputado terá a maior nota de corte. Isso ocorre porque a concorrência é calculada pela divisão entre o total de inscrições no curso, incluindo ampla concorrência e disputa pela lei de cotas, e o número de vagas ofertadas. Já a nota de corte é a pontuação do último candidato que entrou por meio de ampla concorrência, ou seja, a nota mínima para o ingresso. No entanto, ele cita que quando os cursos têm grande competição, as notas também não devem ficar tão baixas. Neste ano, dos dez cursos com as maiores notas de corte, cinco estão entre aqueles que possuem as maiores relações de candidatos por vaga ofertada: Engenharia de Software, Medicina, Direito (matutino e noturno) e Psicologia.

“Inteligência Artificial (IA) teve o ponto de <a href="https://opopular.com.br/cidades/graduac-o-em-ia-supera-medicina-pela-1-vez-na-ufg-1.3224999" target="_blank">corte mais alto</a> neste ano, então as pessoas acabam achando que teve mais concorrência. Mas, quando se joga o número de inscrições por vaga ofertada, não é o mais disputado: ficou em 31ª posição”, explica. Enquanto a maioria dos cursos mais concorridos é da área da saúde, as maiores notas de corte estão justamente nas graduações voltadas à tecnologia da informação. No fim de janeiro, o POPULAR já havia mostrado que o curso de IA superou pela primeira vez a pontuação mínima para ingressar no curso de Medicina. Este, por sua vez, ficou na 3ª posição, logo após Engenharia de Software (2ª) e seguido por Ciência da Computação (4ª).

“Embora surjam cursos novos, os tradicionais, em especial da saúde, seguem sendo os mais buscados”, reflete Israel. Conforme ele, isso ocorre porque tanto como cursos na universidade quanto como profissões são “mais consolidados”, além de haver mais oportunidades de emprego. “De certa forma, é um atrativo. O estudante quando vai escolher o curso é influenciado por uma série de fatores. Pode ser por uma influência familiar, mas também pela paixão dele mesmo, assim como pelo mercado de trabalho. Então ele quer saber se tem um bom salário, boas condições de trabalho, de empregabilidade. E o mercado de Medicina e Fisioterapia, por exemplo, sobretudo depois da pandemia de Covid-19, se firmou bastante”, acrescenta.

<h2>Surpresa</h2>

Para ele, contudo, é uma “surpresa” Medicina ter ido para o terceiro curso mais concorrido, mesmo tendo 15.081 inscrições registradas no Sisu, mais do que o dobro do segundo colocado – Biomedicina, com 7.091. “Sempre está entre os mais procurados. E, como tem uma demanda consolidada, sempre se espera que ocupe o topo da maior nota de corte e da relação de candidatos por vaga. É uma surpresa neste ano, mas isso não tira em nada o mérito do curso, que é um dos pioneiros da UFG”, complementa. Para ter ideia, em nível nacional o curso de Biomedicina também foi o mais concorrido neste ano. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi registrada uma relação de 261,33 candidatos por vaga. Contudo, foram apenas seis vagas abertas ao todo, para 1.568 estudantes. Por outro lado, logo em seguida aparece o curso de Medicina.

Israel Trindade explica ainda que há diferenças entre a quantidade de inscrições e inscritos, já que um único estudante (inscrito) pode se inscrever em mais de uma opção. Por isso, o total é maior do que o registrado nos anos anteriores, a exemplo de Medicina, que em 2024 teve pouco mais de 6 mil candidatos. E, como nos dois anos anteriores o quantitativo era de inscritos e não de inscrições, a reportagem elencou apenas a lista dos dez mais concorridos, sem demonstrar qual a relação de cada curso. O quantitativo de vagas, por outro lado, segue uma tendência. Mas mesmo com uma metodologia diferente, vale lembrar que os cursos se apresentam em uma dinâmica semelhante. “É bem parecido. O topo fica oscilando entre Medicina, Fisioterapia e Psicologia”, define.

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Área de saúde tem 7 dos 10 cursos mais concorridos da UFG

Cidades

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Matéria - Cidades

Ensino superior

A Vivo é a mais nova associada do AKCIT (Advanced Knowledge Center for Immersive Technologies), da Universidade Federal de Goiás (UFG). Criado há pouco mais de um ano, o AKCIT é referência nacional no ensino, pesquisa e em projetos em inteligência artificial (IA) e em tecnologias imersivas.

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Nessa parceria, a operadora aderiu ao pacote mais amplo de benefícios, e se junta a outros nove colaboradores do AKCIT no plano Diamante: Américas Health, Bancorbrás, Flextronics, FSB Holding, Globo, Itaú, Positivo Tecnologia, Sicoob e WEG.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/golpe-do-falso-elon-musk-inteligencia-artificial-foi-usada-em-audios-para-convencer-idosa-a-dar-dinheiro-1.3228569" target="_blank">Golpe do falso Elon Musk: Inteligência artificial foi usada em áudios para convencer idosa a dar dinheiro</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/premios-e-r-200-milh-es-para-a-ciencia-em-goias-1.3228481" target="_blank">Prêmios e R$ 200 milhões para a ciência em Goiás</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/area-de-saude-tem-7-dos-10-cursos-mais-concorridos-da-ufg-1.3228064" target="_blank">Área de saúde tem 7 dos 10 cursos mais concorridos da UFG</a>&nbsp;</div>

Como se trata de um modelo de inovação aberta, as empresas se associam para colaborar e usufruir de inovações, tecnologias disruptivas e infraestrutura, explica Arlindo Galvão, professor do Instituto de Informática (INF/UFG) e coordenador-geral do AKCIT. Segundo ele, o centro atua em quatro frentes, reunindo cerca de 250 pessoas, entre pesquisadores, professores e alunos de graduação e pós-graduação da UFG e de 13 estados.

AKCIT é o Centro de Competência Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) em Tecnologias Imersivas Aplicadas a Mundos Virtuais, e funciona ligado ao Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA-UFG). Ao ser credenciado pela Embrapii, recebeu um investimento de R$ 60 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que se somaram a R$ 20 milhões de um consórcio formado pela Fapeg e Sebrae-GO.

Além disso, vem formando parcerias com empresas privadas que tenham interesse em participar do ecossistema, a mais recente delas com a Vivo. Já foram captados R$ 6 milhões entre as empresas associadas, com previsão de chegar a R$ 10 milhões até o ano que vem, conforme projeta Galvão.

Diretora de dados e IA da Vivo, Adriana Lika destaca ser a única operadora de Telecom associada ao AKCTI/UFG, o que avalia trazer diversos ganhos. “Para começar, a Vivo terá maior aproximação com a Academia, podendo participar de projetos de pesquisa e inovação aberta em áreas estratégicas como inteligência artificial e outras tecnologias disruptivas”, observa.

Com a parceria, diz Lika, “também teremos acesso a consultoria estratégica e a supercomputadores, que viabilizam o processamento de grandes volumes de dados em áreas como inteligência artificial e tecnologias emergentes, viabilizando análises complexas e acelerando o desenvolvimento de inovações tecnológicas”.

A diretora da Vivo aponta que a interação com a infraestrutura acadêmica de supercomputação e a expertise técnica são importantes para explorar soluções tecnológicas avançadas e de alto impacto.

Capacitação

“Além disso, a consultoria técnica especializada proporcionará aos nossos colaboradores um aprendizado prático e avançado. A parceria também possibilitará acesso a pesquisas de inovação aberta conduzidas por um seleto hub de pesquisa, o que enriquecerá e acelerará significativamente nossos projetos de pesquisa e desenvolvimento”, menciona ela.

Cada empresa associada ao plano Diamante tem acesso a cerca de 200 vagas, o que permite a formação e capacitação de quase 2 mil colaboradores a cada ano, informa Galvão. Ele conta que soluções desenvolvidas no AKCIT já estão sendo incorporadas ao mercado. “A solução não é necessariamente só de pesquisa, é muito via capacitação, cursos de treinamento. Muitos profissionais estão vindo aprender, reciclar”, comenta.

Como exemplo, Galvão fala do curso de pós-graduação latu senso em Processamento em Linguagem Natural (NLP), estudo de LLM (Large Language Model), sistema de IA generativa, que já está na segunda turma. E uma segunda pós-graduação será lançada em IA generativa, adianta ele. Outra frente citada trabalha com propostas de desafios para PD&amp;I e/ou startups.

A Vivo já tem colaboradores matriculados no curso de pós-graduação em Processamento de Linguagem Natural (NLP) oferecido pela universidade e processo seletivo para vagas de pós-graduação em Inteligência Artificial, além de inscrição para cursos livres de curta duração, como Introdução a Python, Projetos Criativos com Robótica, Ferramentas Generativas para Texto, entre outros, destaca Ana Cecília, Diretoria de Gestão de Talentos e Transformação Cultural da operadora.

“Essa parceria estratégica com a UFG é uma prova do nosso compromisso em proporcionar oportunidades de aprendizado e crescimento contínuo para nossos talentos, acelerando assim o desenvolvimento de competências essenciais para a transformação digital”, avalia ela.

Como se trata de um modelo aberto, o AKCIT opera de forma diferente do Ceia-UFG, em que a empresa contrata um projeto específico. No AKCIT as empresas se tornam membros de um clube, basicamente, com acesso a seus benefícios. O investimento mensal para associados Diamond é de R$ 30 mil, Platinum R$ 23 mil e Gold R$ 15,5 mil.

Supercomputadores

Ao se tornar associada do AKCIT, a Vivo passa a interagir com a infraestrutura acadêmica de supercomputadores, equipamentos capazes de processar grandes volumes de dados, possibilitando análises complexas e acelerando o desenvolvimento de inovações tecnológicas avançadas em um cenário de aceleradas mudanças, situa a diretora de dados e IA da operadora.

Essa infraestrutura vai ganhar um reforço com a previsão de chegada, no próximo mês de abril, das mais avançadas unidades de processamento. “Pela primeira vez, o Hemisfério Sul vai receber máquinas desse porte no lançamento, que em geral demoram dois anos para chegar aqui. Para se ter uma ideia, na mesma fila de espera está o Elon Musk”, diz Galvão, referindo-se ao bilionário CEO da Tesla Inc.

São dez conjuntos do DGX B200, cada qual com oito unidades, que totalizam 80 unidades de processamento, o que permitirá “até 15 vezes mais performance”, segundo o coordenador-geral do AKCIT. Como em média, considerando também custos com transporte e logística, cada conjunto custa R$ 2 milhões, trata-se de um investimento total de R$ 20 milhões, ainda de acordo com ele.

“Aproveitando a arquitetura de GPU Nvidia Blackwell, o DGX B200 pode lidar com diversas cargas de trabalho, incluindo grandes modelos de linguagem, sistemas de recomendação e chatbots, tornando-o ideal para empresas que buscam acelerar sua transformação de IA”, descreve a fabricante sobre o que define como “a base para o seu centro de excelência em IA”.

Vivo adere a parceria para projetos de IA com a UFG

Economia

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Matéria - Economia

Tecnologia

O impacto das novas tecnologias digitais, com destaque para <a href="https://opopular.com.br/economia/habilidade-com-ia-sera-mais-exigida-dizem-especialistas-1.3186886" target="_blank">inteligência artificial</a> (IA), leva ao fim de algumas funções e à exigência de adaptações em outras. Mas também significa oportunidades, como mostra o relatório “Futuro do Trabalho”, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial e divulgado em janeiro, segundo o qual o saldo é positivo de 78 milhões de empregos no mundo.

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Cenário global no qual Goiás se situa como um mercado promissor, na avaliação de Andre Gildin, consultor em inovação na RKKG, coordenador e professor do Ipog e vice-presidente de estratégia da Abria (Associação brasileira de Inteligência Artificial). Trata-se de um dos principais polos produtivos do agronegócio, onde há HUBs de inovação, várias startups agtechs com sede no estado, universidades próximas da indústria, o primeiro curso de graduação em Inteligência Artificial, além de programas de capacitação públicos e privados (MBAs e pós-graduação), lista ele.

“Ou seja, o estado tem total condição de ser um dos grandes centros de inovação em IA e no agro”, afirma o consultor.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/curso-de-ia-da-ufg-tem-contato-com-o-mercado-justifica-1-colocado-no-sisu-2025-1.3225012" target="_blank">"Curso de IA da UFG tem contato com o mercado", justifica 1º colocado no Sisu 2025</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/graduac-o-em-ia-supera-medicina-pela-1-vez-na-ufg-1.3224999" target="_blank">Graduação em IA supera Medicina pela 1ª vez na UFG</a> 
<a href="https://opopular.com.br/economia/habilidade-com-ia-sera-mais-exigida-dizem-especialistas-1.3186886" target="_blank">Habilidade com IA será mais exigida, dizem especialistas</a></div>

Goiânia já vem se destacando como <a href="https://opopular.com.br/cidades/curso-de-ia-da-ufg-tem-contato-com-o-mercado-justifica-1-colocado-no-sisu-2025-1.3225012" target="_blank">referência em IA</a> desde o lançamento, em 2019, do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) da Universidade Federal de Goiás (UFG) por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) no formato de tríplice hélice (academia, governo e empresas).

O Ceia-UFG é também uma unidade Embrapii (Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e nos últimos cinco anos, captou R$ 320 milhões em projetos. Só em 2024, foram captados R$ 70 milhões.

Outro avanço foi a implantação, em 2020, do Bacharelado em Inteligência Artificial (BIA) da UFG, pioneira na implantação dessa <a href="https://opopular.com.br/cidades/graduac-o-em-ia-supera-medicina-pela-1-vez-na-ufg-1.3224999" target="_blank">graduação no Brasil</a>. O curso se iniciou em plena pandemia, sob o desafio de levar adiante as aulas no isolamento social imposto pela Covid-19. Mas o que poderia ser problema revelou-se reforço positivo.

“Ficou claro com a pandemia que tecnologia de informação era fundamental, foram testadas ferramentas, com eficiência confirmada, ampliando alcance e uso”, salienta o pró-reitor de Graduação da UFG, Israel Elias Trindade. Ele enfatiza que os cursos de tecnologia digital resultam de uma projeção planejada, “não foram criados sob pressão de um novo mercado, pois antecedem a pandemia”. Lembra que a UFG também foi a primeira a criar o curso de Engenharia de Software, em 2008.

Ações que, somadas, se refletem hoje na busca por formação para atuar nesse mercado de trabalho em que a demanda por profissionais qualificados é crescente. Evidência disso é o resultado do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) 2025. Das sete maiores notas de corte da UFG, quatro são da área de tecnologia: Inteligência Artificial, Engenharia de Software, Ciência da Computação e Sistemas de Informação.

Tradicionalmente com maior nota de corte, Medicina (798,15) ficou neste ano em terceiro lugar, atrás de Engenharia de Software (799,89) e Inteligência Artificial (811,01). “IA reúne os melhores candidatos, os mais qualificados buscaram IA, são 40 vagas para quem teve as melhores notas”, constata o pró-reitor de Graduação da UFG.

Segundo ele, a valorização das tecnologias digitais no mercado de trabalho, com expectativas de remuneração acima da média, foi determinante para esse resultado do Sisu 2025. “Todo mundo quer um bom padrão de vida”, comenta, salientando que a atual geração é nato-digital. Fatores que interferem na própria permanência nos cursos, ou seja, pesam nos índices de evasão. Trindade alerta que profissões importantes para a sociedade podem sofrer um apagão por não serem valorizadas.

No caso do bacharelado em IA, a taxa de conclusão é considerada um sucesso pelo coordenador científico do curso e do Ceia-UFG, o doutor em Engenharia Eletrônica e Computação Anderson Soares. A primeira turma de IA se formou há um ano, com todos já no mercado. Durante a graduação, os projetos contratados por indústrias somaram R$ 1,5 milhão.

“Faz uma diferença enorme ter uma clareza dos prêmios que você tem na maratona que está correndo, isso ajuda muito e faz com que se tenha maior ou menor evasão. O curso de IA, por exemplo, tem evasão baixíssima, no último ano foi menor que no curso de Medicina, que tradicionalmente tem a menor evasão”, comenta Soares.

O coordenador do curso de IA e do Ceia-UFG observa ainda que a própria atuação no mercado de trabalho leva a uma proximidade com setores econômicos com transformação digital mais avançada. “Inteligência artificial se alimenta de dados e dados estão presentes em negócios que sejam mais digitais, esse é o grande combustível para as tecnologias em geral e especialmente para inteligência artificial.”

Soares pontua ainda que a IA vem se tornando popular e a sociedade está começando a entender as aplicações, por se tratar de uma tecnologia de propósito geral. “Há 20 anos, a gente estava tentando entender o que era software, hoje já é mais comum, e atualmente a gente tenta entender para que serve inteligência artificial”, situa ele. Essa compreensão melhor da tecnologia também faz aumentar a procura por formação superior na área.

<h2>Home office</h2>

Uma grande vantagem da atuação no mercado de novas tecnologias é a possibilidade de trabalhar à distância. Caso de Gabriel Jordhan, 23 anos, que se formou na primeira turma de IA da UFG e trabalha hoje para uma empresa mexicana. Durante o curso, ele conta que participou de projetos com duas empresas, desenvolvendo modelos de linguagem usando como base o ChatGPT. Nesse período, recebeu bolsa no valor mensal de R$ 3 mil do Ceia-Embrapii. Segundo ele, hoje o valor da bolsa é em média de R$ 4,5 mil.

“Antes de me formar, já fui contratado para atuar na área de geoprocessamento por uma empresa mexicana que desenvolve sistemas de IA. O contato foi via Ceia, que fez a indicação”, conta ele, sem revelar a remuneração, mas explicando que seu salário é o dobro da média nacional. Seus planos são de continuar morando em Goiânia, trabalhando em home office e estudando, com foco em cibersegurança, na própria UFG.

Também da primeira turma de IA da UFG, que se formou há um ano, Heloisy Pereira Rodrigues, 25 anos, está empreendendo junto com colegas, desenvolvendo soluções em IA para call center. Ela foi a única mulher nessa primeira turma. Agora, chegam a 20% de mulheres na graduação, elas são 8 do total de 40 aprovados para ingressar em 2025.

“Criamos startup spin-off de soluções de IA para mercado de teleatendimento e call center. Começamos seis meses antes de nos formarmos. Já temos três produtos, para análise, apoio e automação do atendimento, e estamos em fase de prospecção de clientes”, relata ela, informando que a empresa parceira de call center é de Recife.

Para Heloisy, “a rotina é muito puxada, tem que estar ali acompanhando as novidades, a cada dia tem uma IA melhor, tem sempre que testar o que pode ser aplicado ao seu negócio”. Mas ela não tem dúvida de que tanto trabalho compensa.

<h3>“Mão na massa”</h3>

O modelo de formação em que o aluno já realiza projetos em parceria com empresas e instituições é de fato o melhor caminho, atesta o consultor Andre Gildin. “Colocar a ‘mão na massa’, se qualificar, entender o contexto global e local, e melhorar sua competência comportamental passam a ser fundamentais para os ingressantes no mercado de trabalho de tecnologias digitais”, orienta.

No contexto global, Gildin vê o Brasil com vantagem comparativa no agronegócio. “Somos líderes globais na produção e exportação de grãos e proteína animal, muito

pela inovação contínua no setor e a introdução de tecnologias digitais, como a agricultura de precisão”, argumenta.

“Temos também um mercado financeiro mais maduro e bem-preparado, cheio de inovações vinda de fintechs, como o Nubank. Sem falar em um potencial mercado consumidor de 220 milhões de pessoas, ou seja, temos total condições de continuar inovando nestes e em outros setores”, completa.

Porém, o especialista constata que, infelizmente, o Brasil tem ficado para trás na corrida tecnológica mundial. “Acontecimentos recentes, com o lançamento da DeepSeek e o acirramento da ‘guerra fria tecnológica’, mostrou mais uma vez que a IA e outras tecnologias emergentes, como biotecnologia, têm se desenvolvido muito rapidamente.”

Entre as barreiras para que o país avance no ritmo necessário ao disputado mercado de tecnologias digitais, proporcionando maior acesso dos profissionais as estas novas fronteiras do conhecimento, Gildin aponta a falta de uma infraestrutura robusta em conectividade – banda larga fixa ou móvel, centro de dados (datacenters), além do baixo letramento digital da população.

“Uma das consequências para os estudantes é que, quando chegam ao momento de escolha de carreira e profissão, não têm a visão do todo, não compreendem a tecnologia e o papel do profissional nestas áreas”, diagnostica.

Demanda e remuneração altas atraem maior interesse por IA

Trabalho

Em cinco anos de existência, a graduação em <a href="https://opopular.com.br/economia/habilidade-com-ia-sera-mais-exigida-dizem-especialistas-1.3186886" target="_blank">Inteligência Artificial (IA)</a> da Universidade Federal de Goiás (UFG) passou a liderar o ranking da nota de corte do <a href="https://opopular.com.br/cidades/ministerio-da-educac-o-prorroga-calendario-do-sisu-apos-problemas-1.3224824" target="_blank">Sistema de Seleção Unificado (Sisu) 2025</a>. Para entrar em uma das 40 vagas disponibilizadas para o curso, o aluno pior colocado somou 811,01 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, o que desbancou pela primeira vez o tradicional curso de Medicina, líder ao menos nos últimos 10 anos. A nota de corte de Medicina na UFG foi de 798,15 pontos, ficando em terceiro lugar, atrás ainda de Engenharia de Software, em que a nota mínima para passar foi de 799, 89.

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A mudança no ranking mostra uma disputa qualitativa nos cursos de tecnologia. Das sete maiores notas de corte, quatro foram da área. Em quarto aparece Ciência da Computação, com 781 pontos; em quinto Direito Matutino, com 773,99; seguido por Direito Noturno, com 760,78; e Sistemas de Informação, com 760,44.

O coordenador da graduação em IA, Anderson da Silva Soares, aponta que a perspectiva financeira e o interesse pela profissão são os chamativos para que mais alunos busquem o curso, que é o pioneiro no Brasil. “A demanda do mercado existe e é muito grande, os alunos são contratados com um ou dois anos na graduação e é uma profissão da qual se fala muito, há esse interesse e é o que vem na cabeça de quem tem 17 anos”, conta. Segundo ele, a maior parte dos graduandos é de alunos provenientes do ensino médio, com idade entre 17 e 18 anos, e com bastante entusiasmo. “Nosso papel é mostrar para os alunos onde está o exercício dele com a profissão, é o nosso maior desafio.”

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/habilidade-com-ia-sera-mais-exigida-dizem-especialistas-1.3186886" style="font-size: 12px;" target="_blank">Habilidade com IA será mais exigida, dizem especialistas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/ministerio-da-educac-o-prorroga-calendario-do-sisu-apos-problemas-1.3224824" style="font-size: 12px;" target="_blank">Ministério da Educação prorroga calendário do Sisu após problemas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/estudantes-v-o-as-ruas-de-goiania-para-comemorar-resultado-no-sisu-1.3224238" style="font-size: 12px;" target="_blank">Estudantes vão às ruas de Goiânia para comemorar resultado no Sisu</a></div>

Também professor no <a href="https://opopular.com.br/cidades/curso-de-ia-da-ufg-tem-contato-com-o-mercado-justificado-1-colocado-no-sisu-2025-1.3225012" target="_blank">curso de IA da UFG</a>, Celso Camilo reforça que “o mercado é grande e tem excelentes salários”, o que cria o senso de oportunidade. “Além disso, as novas gerações já estão mais familiarizadas com as tecnologias e aprenderam a gostar. Isso também atrai o perfil mais inovador”, relata. Soares lembra que a questão da concorrência nos cursos e o ponto de corte depende de vários fatores, como a demanda do mercado de trabalho e a referência da própria graduação. Assim, o fato de o Centro de Excelência em IA (CEIA) ser referência no cenário nacional, não apenas como formação de recursos humanos, faz com que o curso seja bastante procurado.

Camilo explica que há dois movimentos importantes para justificar a busca pelo curso. “O primeiro é a percepção ampla da sociedade sobre a evolução da IA e a revolução que está causando na sociedade. As pessoas já percebem que o mundo está mudando e rápido. Isso gera um senso de oportunidade”, diz. O segundo ponto é o desenvolvimento da excelência dessa área na UFG, com o Instituto de Informática e o (CEIA), que “são reconhecidos dentro e fora do país como um grande centro de desenvolvimento de talentos e projetos aplicados”. Para ele, isso acaba atraindo mais pessoas também para a UFG.

Soares lembra que o Ceia foi formado em 2019, com uma aliança com o Governo de Goiás, e uma das metas era a criação da graduação em IA com a formação de pessoas para atuar na área e abastecer o mercado, com a indução da demanda e a realização do ensino dos recursos humanos. “O Ceia é hoje o maior do Brasil, mesmo somando todos os outros centros não dá o nosso.” Até por isso, o coordenador entende que ser o maior ponto de corte da UFG não altera a realidade do Ceia, mas que o fato muda a “perspectiva na procura por competências para uma sociedade melhor”.

Retomada tecnológica

Soares explica que “a escolha no curso mostra uma mudança no balanço das múltiplas competências, fica mais equilibrado, o que é bastante positivo para o País, com essa retomada da procura por cursos de tecnologia e engenharias”, diz. Para Camilo, ser o principal ponto de corte da UFG tende a ser um parâmetro de dedicação dos candidatos. “Pessoas mais engajadas e dedicadas costumam fazer uma melhor formação e apoiar a formação de outros alunos - favorecendo a cultura.”

Presidente do Conselho Estadual de Educação e do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiás (Sepe-GO), Flávio Roberto de Castro conta que o fato dos cursos de tecnologia passarem a ser os principais pontos de corte da UFG não altera as perspectivas das escolas de Ensino Médio. “É o primeiro sinalizador dessa procura por outras profissões. Estamos vivendo momento de novas profissões, especialmente de IA, mas lógico que Medicina e Direito ainda são muito procurados e são relevantes.” Para ele, como o Enem continua sendo a prova de entrada para todos os cursos, isso não muda a perspectiva das escolas, mas que já é percebido uma demanda dos alunos pela área, como a busca por cursos de robótica, por exemplo.

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Graduação em IA supera Medicina pela 1ª vez na UFG

Enem

Centenas de estudantes se reuniram na Praça Universitária, em Goiânia, neste domingo (26), para celebrar o resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2025. Em Goiás, foram ofertadas 7,2 mil vagas em cursos de graduação de instituições públicas de ensino superior. Puderam concorrer aqueles que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 e que não obtiveram zero na prova de redação.

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As estudantes Ana Clara Coelho, de 18 anos, Yasmin Yanni, também de 18, Thaís Verônica Beltrão e Sophia de Oliveira Bastos, ambas de 17, estudam juntas desde o ensino fundamental. Neste domingo, se reuniram na praça para comemorar a aprovação de todas as quatro em diferentes cursos. “Unidas desde sempre”, comenta Ana Clara, que foi aprovada em Moda na Universidade Estadual de Goiás (UEG), sobre a amizade com as amigas que vão cursar Medicina Veterinária, Engenharia Química e Administração na Universidade Federal de Goiás (UFG).

O estudante Marco Antônio de Abreu, de 21 anos, teve de tentar mais de uma vez para conseguir a tão desejada aprovação em Fisioterapia na UFG. A primeira tentativa de entrar no curso ocorreu em 2024, sem êxito. Mesmo assim, ele não desistiu. Ao longo do ano passado, Marco Antônio se dividiu entre o trabalho e os estudos para conseguir fazer o Enem. Neste domingo, veio a boa notícia: a vaga conquistada. “Uma rotina difícil. Estudava de manhã e trabalhava das 13 às 22. Valeu a pena. Estou ansioso para as aulas começarem”, comemora.

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Veteranos também estavam na praça. Presidente da Associação Atlética Acadêmica Maria do Rosário Gondim Peixoto (AAAMRGP) – a atlética do curso de Nutrição da UFG, mais conhecida como Faminta –, Mateus Melo, de 24 anos, esclarece que o intuito da recepção dos calouros é acolher os colegas recém-chegados. “Entram no curso muito perdidos. A realidade da universidade é muito diferente da realidade da escola. Queremos que eles se sintam incluídos”, detalha.&nbsp;&nbsp;

Como de costume, o site do Sisu apresentou instabilidade no dia de divulgação do resultado. Além de ter virado motivo de meme nas redes sociais, a dificuldade de acessar a plataforma fez com que os estudantes chegassem aos poucos na Praça Universitária. A situação causou ansiedade na estudante Mariane Serafim, de 18 anos, que vai cursar Letras, com habilitação em tradução e interpretação de Libras, na UFG. “Estava travando e eu fiquei agoniada”, lembra. Questionado sobre a instabilidade no site do Sisu, o Ministério da Educação (MEC) não enviou resposta até o fechamento desta edição.

Prazos

Os classificados na chamada regular do Sisu poderão realizar a matrícula na instituição em que foram aprovados até 31 de janeiro. Aqueles que não foram selecionados poderão manifestar interesse em participar da lista de espera no período de 26 a 31 de janeiro. A convocação dos selecionados pela lista de espera depende de cada instituição, podendo acontecer entre 12 de fevereiro e 30 de setembro deste ano.

Ao todo, o Sisu ofertou 261,7 mil vagas para 6,8 mil cursos de graduação em 124 instituições públicas de ensino superior de todas as regiões do país.&nbsp; Os estudantes podiam escolher até duas opções de curso, mas era necessário dar prioridade a uma. O resultado depende da nota de corte calculada na própria ferramenta.