<img attr-cid="policy:1.3352607" attr-version="policy:1.3352607:1766324010" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3352607/Proporção para foto do site (55).jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Joselmir segue foragido da polícia pelos crimes de estupro e feminicídio (Reprodução / Instagram Larissa Amaral e Divulgação / Polícia Civil de Goiás)

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A <a href="https://opopular.com.br/cidades/atendente-e-encontrada-morta-dentro-de-casa-em-aguas-lindas-de-goias-1.3350300" target="_self">atendente Larissa Conceição Amaral, de 29 anos, foi estuprada e morta por estrangulamento</a> dentro da própria casa, em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. De acordo com a Polícia Civil (PC-GO), o principal suspeito do crime é Joselmir de Miranda Silva, conhecido como “Buiú”, que mantinha união estável com a tia da vítima. Ele está foragido, com mandado de prisão preventiva em aberto.&nbsp;

O POPULAR não conseguiu localizar a defesa do suspeito até a última atualização desta matéria.&nbsp;

Ao POPULAR, o delegado afirmou que não houve avanço nas investigações.&nbsp;O caso é investigado pelo Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Águas Lindas de Goiás. Em entrevista cedida ao repórter Rodrigo Melo, o delegado Vinicius Máximo detalhou a dinâmica do crime e o avanço das investigações.&nbsp;

<cite>No dia 14 de dezembro de 2025, nós aqui do Grupo de Investigações de Homicídios de Águas Lindas de Goiás fomos informados sobre a localização de um corpo em uma residência no bairro Jardim Recanto”, afirma.&nbsp;</cite>

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/homem-e-preso-suspeito-de-esfaquear-ex-mulher-e-filho-bebe-1.3350698" target="_self">Homem é preso suspeito de esfaquear ex-mulher e filho bebê&nbsp;</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/homem-filmado-matando-a-namorada-e-julgado-1.3345500" target="_self">Homem filmado matando a namorada é julgado&nbsp;</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/homem-e-condenado-a-67-anos-de-pris-o-apos-queimar-mulher-trans-viva-em-mineiros-1.3319967" target="_self">Homem é condenado a 67 anos de prisão após queimar mulher trans viva em Mineiros&nbsp;</a></div>

Segundo o delegado, o cenário encontrado pelos policiais e peritos indicava extrema violência.&nbsp;

<cite>Os peritos constataram que o corpo da Larissa apresentava inúmeras lesões, muitas mordidas, e que ela havia sido morta por estrangulamento. Além disso, havia sinais de violência sexual, com lesões no ânus e na vagina. Foi uma morte muito cruel”, completa Vinicius Máximo.</cite>

<img attr-cid="policy:1.3352608" attr-version="policy:1.3352608:1766324010" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3352608/Proporção para foto do site (56).jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Imagem do suspeito foi divulgada pela Polícia Civil de Goiás, nos termos da Lei nº 13.869/2019 e da Portaria nº 547/2021 – PC, conforme despacho (Divulgação / Polícia Civil de Goiás)

&nbsp;

A partir de imagens de câmeras de segurança, a PC identificou que Joselmir entrou na casa da vítima por volta das 4h55 da manhã daquele domingo e saiu apenas por volta das 7h.&nbsp;

<cite>Após o crime, ele se evadiu. Representamos pela prisão preventiva, que já foi deferida pela Justiça. No momento, ele se encontra oficialmente foragido, com mandado de prisão em aberto” , afirma.</cite>

A PC pede que qualquer pessoa que tenha informações sobre o paradeiro de José Almir de Miranda Silva, o Buiú, entre em contato com a Polícia Civil de Águas Lindas de Goiás. O telefone é (62) 98413-8599.&nbsp;

As imagens do suspeito foi divulgada pela Polícia Civil de Goiás, nos termos da Lei nº 13.869/2019 e da Portaria nº 547/2021 – PC, conforme despacho.

<h2>Entenda o caso&nbsp;</h2>

A atendente Larissa Conceição Amaral, de 29 anos, foi encontrada morta dentro de casa em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, no domingo (14). Inicialmente, a Polícia Civil trabalhava com a hipótese de feminicídio, sem suspeitos identificados.&nbsp;

Segundo relatos da família ao repórter Rodrigo Melo, do POPULAR, Larissa teria ligado para a tia por volta das 4h35 da madrugada, mas depois disso não atendeu mais as chamadas. Pela manhã, um primo da vítima foi até a residência, chamou no portão, mas não obteve resposta.&nbsp;

No período da tarde, familiares retornaram ao local, pularam o muro da casa e encontraram Larissa morta em um dos cômodos. O corpo apresentava múltiplas marcas de agressão, segundo familiares. Uma amiga da vítima, Emilly Soares, relatou que não houve uso de faca.&nbsp;

<cite>Não teve facada. Ele [agressor] bateu muito nela, muito murro e bateu na cabeça dela. Na casa, tinha muito cabelo dela no chão”, disse.&nbsp;</cite>

<img attr-cid="policy:1.3350303" attr-version="policy:1.3350303:1765839289" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3350303/Proporção para foto do site - 2025-12-15T194238.269.png?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Larissa Conceição de Amaral, de 29 anos, foi encontrada morta em casa (Reprodução / Instagram Larissa Amaral e Arquivo pessoal / Emilly Soares)

Larissa era natural da Bahia e será velada no município de Água Doce (BA). O velório ainda não teve data definida até a última atualização, pois o corpo aguardava liberação do Instituto Médico Legal (IML).&nbsp;

A Prefeitura de Cristópolis, na Bahia, lamentou a morte da jovem. Nas redes sociais, a amiga Emilly prestou homenagem à atendente, com quem mantinha amizade há mais de seis anos.&nbsp;

“Você foi incrível. Eu te amarei para todo o sempre, Larissa”, escreveu a amiga.

Atendente encontrada morta dentro de casa foi estuprada e estrangulada pelo companheiro da tia, diz delegado

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Foragido

<img attr-cid="policy:1.3352611" attr-version="policy:1.3352611:1766324341" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3352611/Proporção para foto do site.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Dono de sucessos como "Você é doida demais", Lindomar Castilho teve a carreira marcada pelo crime de feminicídio cometido contra a ex-mulher, a artista Eliane de Grammont (Reprodução/Instagram Lili De Grammont)

O <a href="https://opopular.com.br/magazine/veja-quem-era-o-cantor-goiano-lindomar-castilho-1.3352575" target="_self">cantor goiano Lindomar Castilho,</a> que morreu nesta sexta-feira (19) e era&nbsp;considerado um dos nomes mais emblemáticos da música brega brasileira, chocou o país em março de 1981 quando matou a tiros a ex-esposa, a também cantora Eliane de Grammont, na boate Belle Époque,&nbsp;na zona sul de São Paulo.&nbsp;

O crime aconteceu na madrugada de 30 de março de 1981.&nbsp;De acordo com&nbsp;matéria publicada no&nbsp;jornal Folha de São Paulo na época, Lindomar Castilho e Eliane de Grammont&nbsp;se conheceram em 1977, nos corredores da gravadora RCA, no Rio de Janeiro.&nbsp;

Os dois se casaram em 1978. Agressivo e ciumento, cerca de 15 anos mais velho, Lindomar exigiu que a mulher abandonasse a carreira, e, por um período, a artista ficou longe da música. Mas a violência e o alcoolismo do marido tornaram a relação insustentável e, após um ano de união, ela pediu o divórcio.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/morre-o-goiano-lindomar-castilho-cantor-de-tapas-e-beijos-e-voce-e-doida-demais-1.3352467" target="_self">Morre o goiano Lindomar Castilho, cantor de 'Tapas e Beijos' e 'Você é doida demais'</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/filha-de-lindomar-castilho-diz-que-cantor-morreu-em-vida-apos-matar-a-m-e-dela-1.3352501" target="_self">Filha de Lindomar Castilho diz que cantor 'morreu em vida' após matar a mãe dela</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/veja-quem-era-o-cantor-goiano-lindomar-castilho-1.3352575" target="_self">Veja quem era o cantor goiano Lindomar Castilho</a></div>

Após o divórcio, Eliane de Grammont tentou&nbsp;retomar a carreira&nbsp;de cantora de MPB. Porém,&nbsp;durante uma apresentação em uma casa noturna, enquanto cantava uma versão do clássico "João e Maria", de Chico Buarque, ela foi morta pelo ex-marido,&nbsp;que entrou no salão descarregando um revólver calibre 38.&nbsp;

Segundo jornais da época, Lindomar Castilho chegou a ser preso em flagrante, mas saiu da cadeia por ser réu primário e pôde esperar o julgamento em liberdade.&nbsp;Ao longo de sua defesa, Lindomar Castilho usou a tese de “legítima defesa da honra”,&nbsp;acusando Eliane de ser péssima dona de casa, mãe negligente ‘que vivia com o pé na rua’ e de manter um caso com Carlos Landall.&nbsp;

Em agosto de 1984, o cantor foi a julgamento e acabou sendo condenado a 12 anos e dois meses de prisão.&nbsp;Lindomar Castilho&nbsp;cumpriu cerca de sete anos no regime fechado, e o restante da pena no semiaberto.&nbsp;&nbsp;

Ao <a href="https://opopular.com.br/magazine/filha-de-lindomar-castilho-diz-que-cantor-morreu-em-vida-apos-matar-a-m-e-dela-1.3352501" target="_self">anunciar a morte do pai, Lili&nbsp;de Grammont afirmou:</a> “Ao tirar a vida da minha mãe, também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira”.&nbsp;

<h2>Quem foi&nbsp;Eliane de Grammont?&nbsp;</h2>

<img attr-cid="policy:1.3352612" attr-version="policy:1.3352612:1766324472" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3352612/Proporção para foto do site (1).jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Assassinato motivado por ciúmes chocou o Brasil e transformou a vítima, Eliane de Grammont, em um símbolo da luta pelo direito das mulheres (Reprodução/Instagram Lili De Grammont)

Eliane de Grammont&nbsp;era cantora e compositora&nbsp;de MPB.&nbsp;Eliane era filha da compositora Elena de Grammont. Com o apoio de sua mãe, Eliane começou a cantar profissionalmente, alcançando sucesso com músicas como “Coisas Bobas”, que se tornou trilha sonora de um casal na novela ‘O Profeta’, da Rede Tupi, em 1977.&nbsp;

Em 1978, Elena e sua mãe compuseram a música “Amélia de Você”, cuja letra buscava ser uma resposta&nbsp;à&nbsp;música de Mario Lago e Ataulfo Alves, mas, apesar de falar: “Cansei de ser Amélia / Santa e boa / Que esquece que perdoa / Seus defeitos”, termina por concluir que, incapaz de mudar o companheiro, “Nasci pra ser Amélia de você”.&nbsp;&nbsp;

Ironicamente,&nbsp;a jovem artista&nbsp;veio a ser assassinada três anos depois, em 1981, pelo ex-marido.&nbsp;Após ser morta com apenas 25 anos de idade,&nbsp;Eliane de Grammont virou símbolo&nbsp;da luta contra a violência doméstica, o feminicídio e a defesa dos direitos das mulheres no Brasil.&nbsp;

<h2>Quem foi Lindomar Castilho?&nbsp;</h2>

<img attr-cid="policy:1.3352613" attr-version="policy:1.3352613:1766324723" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3352613/Proporção para foto do site (2).jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Morto no fim de semana em Goiânia, o artista goiano foi um dos maiores vendedores de discos do país, mas teve a trajetória interrompida pelo crime cometido contra a ex-esposa (Reprodução/Capa Álbum Lindomar Castilho 1978)

O cantor goiano <a href="https://opopular.com.br/magazine/morre-o-goiano-lindomar-castilho-cantor-de-tapas-e-beijos-e-voce-e-doida-demais-1.3352467" target="_self">Lindomar Castilho,&nbsp;natural de Santa Helena de Goiás,&nbsp;que morreu neste final de semana,</a> aos 86&nbsp;anos, em Goiânia, foi um dos nomes mais populares da música romântica brasileira entre as décadas de 1970 e 1980. Conhecido como o “Rei do Bolero”, ele conquistou grande sucesso comercial, embalou histórias de amor e se tornou um dos maiores vendedores de discos do país naquele período.&nbsp;

Dono de uma voz marcante e estilo inconfundível, Lindomar deu vida a canções que se tornaram clássicos do gênero, como "Vou rifar meu coração", "Tapas e Beijos" e "Você é doida demais". As duas últimas ganharam novo alcance ao serem escolhidas como tema de abertura das séries Os Normais&nbsp;e Tapas &amp; Beijos, da TV Globo.&nbsp;

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Relembre crime do cantor goiano Lindomar Castilho, que assassinou ex-esposa no palco e chocou o Brasil

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As mulheres ocupam só uma de quatro cadeiras entre os desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Ao todo, são 17 desembargadoras, ou 22,08% em relação aos homens, bem abaixo dos 40% exigidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Magistradas relatam que, historicamente, papéis de gênero e machismo barraram acesso a promoções e postos de poder.

Em 2023, o CNJ implantou ação afirmativa de gênero para <a href="https://opopular.com.br/politica/mulheres-ocuparam-menos-de-10-dos-cargos-de-comando-do-congresso-nos-ultimos-20-anos-1.2612834" target="_self">aumentar a participação feminina</a> na segunda instância, por listas de promoção alternadas. Desde então, 21 pessoas se tornaram desembargadoras e desembargadores em Goiás. Seis (28,5%) foram mulheres. Dessas, duas — Roberta Nasser Leone e Sirlei Martins da Cunha — ascenderam pela Resolução 525 de 2023, do CNJ, que visa garantir a paridade de gênero no Judiciário.

O POPULAR falou com várias magistradas goianas, que apontam dificuldades de ascensão por fatores como sobrecarga da dupla jornada, assédio institucional e alinhamento entre colegas homens. Esse contexto fortalece vínculos pessoais e institucionais entre eles e dificulta que mulheres sejam promovidas por merecimento ou ocupem postos de comando no tribunal que dependam de votação.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/igualdade-de-genero-define-pela-primeira-vez-desembargadora-do-tj-go-1.3142676" target="_self">Igualdade de gênero define, pela primeira vez, desembargadora do TJ-GO</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/conheca-a-nova-desembargadora-do-tjgo-1.3142486" target="_self">Conheça a nova desembargadora do TJGO</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/mulheres-ocuparam-menos-de-10-dos-cargos-de-comando-do-congresso-nos-ultimos-20-anos-1.2612834" target="_self">Mulheres ocuparam menos de 10% dos cargos de comando do Congresso nos últimos 20 anos</a></div>

Para se ter ideia, a proporção de desembargadoras em Goiás chegou a cair ao longo da última década (veja quadro). Em 2015, elas representavam 22,22% do total; em 2021, a proporção caiu para 16,67%. Após flutuação, a partir de 2023 a taxa subiu. Caso cresça no ritmo de 2024 e 2025 — 2,85 pontos percentuais —, o TJ-GO atingirá a marca de 40% de desembargadoras em 2032.

Amélia Netto Martins de Araújo foi a primeira desembargadora goiana promovida por merecimento e não por antiguidade. Isso só ocorreu em 2008, quando o tribunal completou 134 anos. Ingressou na magistratura aos 25 anos e optou por não se casar nem ter filhos. “Carmen Lúcia (ministra do STF) diz que, normalmente, em uma sessão, a mulher tem de se impor para ser ouvida. Ela tem razão”, diz Amélia, que se aposentou em 2024.

Com 20 anos de Judiciário, Aline Vieira Tomás Protásio conta que a mudança do CNJ alterou sua perspectiva de progressão na carreira. Antes, segundo seus cálculos, a promoção por antiguidade só ocorreria aos 65 anos. “Agora existe uma possibilidade dupla de promoção, com a lista mista e a lista feminina.”

Ainda assim, as questões de gênero atravessaram a trajetória profissional. Antes de se tornar magistrada, ela foi escrevente e percebeu que a presença feminina diminuía à medida que avançava na carreira. Ao assumir como juíza criminal em Planaltina, envolveu-se em um caso de um grupo de extermínio e passou a receber escolta. Na avaliação dela, parte das duras ameaças feitas por criminosos pode ser explicada pelo fato de ela ser uma juíza jovem à época.

Nascida em Cibele, povoado de Itapuranga, Sirlei Martins da Cunha foi a primeira magistrada goiana a se tornar desembargadora pela nova resolução do CNJ, defendida por ela. “Se estamos em um Estado democrático de direito, a diversidade de representação é exigência que decorre da própria Constituição. Os cargos precisam ser ocupados por pessoas que representam a sociedade. Nossa sociedade é formada só por homens brancos e héteros? Óbvio que não. Então qual a naturalidade em só essas pessoas ocuparem cargos de poder? São mais capazes? Até quando vamos ver com naturalidade a ausência de mulheres e de pessoas negras nos espaços? O CNJ iniciou um movimento, mas todos devem aderir para que mudanças mais substantivas ocorram”, argumenta.

A desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis conta que, quando foi estudar para se tornar juíza, o marido assumiu o cuidado dos dois filhos e da casa, o que ela considera um privilégio. “Tomou conta de tudo”, diz. No concurso, só quatro mulheres foram aprovadas. “Muito, para a época.” Ela se lembra da prova oral, ocorrida em 1990: “Ficamos com o desembargador por quase meia hora de perguntas. Para os homens, foi em torno de cinco minutos.”

Apesar de já ter ouvido questionamentos como “você quer ser juíza ou bonita?”, nunca abriu mão da vaidade e exibe símbolos de autocuidado, como broches e cabelo cuidadosamente preparado. É assim que elarevelou que tem pretensão de concorrer à presidência do tribunal no futuro, sem especificar uma data. “Por enquanto, quero ser uma ótima ouvidora”, diz Sandra, que é a atual ouvidora do Judiciário goiano.

<h2>Comando</h2>

O TJ-GO nunca foi presidido por uma mulher, embora essa possibilidade tenha surgido há 13 anos. Em dezembro de 2012, reportagem do POPULAR destacou o tom da eleição para o biênio 2013-2014, marcada por quebras de tradições. A desembargadora Beatriz Figueiredo Franco não teve votos suficientes para se eleger, mesmo sendo a mais antiga e, pela tradição, a próxima presidente. Na ocasião, Ney Teles de Paula foi eleito com 22 votos, Beatriz recebeu 8 e Floriano Gomes da Silva Filho, 2.

“Não é pelo fato de ser do quinto constitucional, mas pela pessoa. A desembargadora Beatriz não teria competência para administrar o tribunal”, disse um ex-presidente do TJ, ao cumprimentar Ney, ainda quando o presidente eleito dava entrevista ao POPULAR por ocasião da eleição. No biênio 2017-2019, com o TJ-GO presidido por Gilberto Marques Filho, Beatriz tornou-se vice-presidente, a primeira e única até hoje. Com Nelma Branco Ferreira Perilo, são as únicas mulheres a terem ocupado o cargo de corregedora do Tribunal.

Beatriz se aposentou neste ano. Nesta sexta-feira (19), foi anunciado que a procuradora de Justiça do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Laura Maria Ferreira Bueno, foi escolhida pelo governador Ronaldo Caiado (UB) para assumir o cargo deixado por ela, na vaga destinada ao quinto constitucional. Ela foi escolhida após a formação da lista tríplice pelo Órgão Especial do tribunal, que foi composta exclusivamente por mulheres, feito inédito no tribunal. A nova desembargadora será empossada no ano que vem.

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Ações de paridade já eram promovidas, diz TJ-GO

O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) defende que já promovia ações concretas em prol da paridade de gênero antes mesmo das normas nacionais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entre essas iniciativas estão a composição paritária de bancas de concursos da magistratura, capacitações voltadas à temática de gênero e a nomeação de mulheres para cargos administrativos e de chefia.

A Resolução nº 247, de 2024, regulamentou a igualdade de gênero no acesso ao segundo grau da magistratura, estabelecendo o objetivo de alcançar pelo menos 40% de mulheres nos cargos de desembargadoras e juízas substitutas. Além disso, foi criado o Comitê de Incentivo à Participação Feminina e assinada a Carta de Compromisso do TJ-GO, comprometendo-se oficialmente a aumentar a representatividade feminina.

Sobre a proporção atual de desembargadoras em Goiás, a juíza auxiliar da Presidência do Tribunal, Lidia de Assis e Souza, comentou que os números evidenciam “barreiras invisíveis que dificultam a ascensão profissional das magistradas, relacionadas à sobrecarga da dupla jornada, ao assédio institucional e, em muitos casos, à discriminação interseccional”. De acordo com ela, embora não seja possível prever uma data exata para alcançar a paridade, “o essencial é assegurar que esse caminho seja contínuo, responsável e irreversível”.

Os cargos de presidente, vice-presidente e corregedorias são preenchidos por meio de processo eletivo, sendo que, na última eleição, em que o desembargador Leandro Crispim foi eleito presidente, não houve candidaturas femininas. Entretanto, Lidia destacou que, atualmente, as mulheres ocupam a Ouvidoria e a Secretaria-Geral e correspondem à metade das juízas auxiliares da Presidência, sendo que a atual gestão tem dado prioridade clara à nomeação de mulheres para cargos diretivos.

De acordo com o portal Justiça em Números, no TJ-GO há uma proporção maior de servidoras (64,2%) do que de servidores, situando o tribunal acima da média dos demais em nível estadual no Brasil (57,08%). Sobre o assunto, a magistrada afirmou que “a elevada participação feminina no quadro funcional contribui para um ambiente mais diverso, colaborativo e sensível às demandas sociais, refletindo-se na qualidade da gestão, na eficiência administrativa e na prestação jurisdicional”.

<h3>CNJ acompanha aplicação correta de lista mista e da lista para mulher</h3>

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem acompanhado a correta aplicação da resolução de 2023, que tem o objetivo de alcançar pelo menos 40% de mulheres na segunda instância. Quando se considera a Justiça estadual de todo o Brasil, a proporção de desembargadoras chega a 24,7%, sendo que apenas os tribunais de Pará, Bahia, Sergipe, Ceará e Amazonas alcançam o mínimo de 40%. Mesmo assim, a conselheira do CNJ Renata Gil aponta que houve resistência para a implantação da resolução. “A política afirmativa é um rompimento de uma prática patriarcal e machista. Então, é natural ter uma tendência de recalcitrância”, conta.

Um exemplo é o Distrito Federal. Em julho deste ano, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) teve de formar, pela primeira vez, uma lista exclusivamente feminina para a promoção ao cargo de desembargadora pelo critério de merecimento. Isso ocorreu após determinação do presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, e do corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, que suspenderam a promoção anterior de um juiz e determinaram nova escolha, em conformidade com o CNJ.

Renata Gil aponta que é necessário ter mais mulheres no Judiciário para que as decisões não sejam tomadas exclusivamente sob a perspectiva masculina. “Trazemos à tona o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero (guia do CNJ que orienta magistrados e magistradas a analisarem processos sob a lente das desigualdades estruturais de gênero)”, conta.

Renata relata que, a partir de agora, o trabalho também vai se desdobrar em verificar se as promoções por lista mista estão realmente ocorrendo assim ou se esse dispositivo está sendo usado apenas para a promoção de magistrados, em uma espécie de alternância entre homens e mulheres nas promoções por merecimento. “Isso burla a política afirmativa”, diz.

Em Goiás, desde 2024, houve alternância entre homens e mulheres na promoção por merecimento. Desde o ano passado, houve a ascensão de quatro pessoas. A primeira foi Sirlei Martins da Cunha, pela lista para mulher, em agosto de 2024. No mesmo mês, Alexandre Bizzotto também foi promovido. Em janeiro deste ano, Roberta Nasser Leone ascendeu pela lista para mulher. Em abril de 2025, foi a vez de Murilo Vieira de Faria, pela lista mista.

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Mulheres buscam igualdade no Judiciário goiano

Paridade de gênero

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