A sobrecarga na urgência do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) tem sido impulsionada, principalmente, por traumas decorrentes de sinistros com motocicletas. Entre janeiro e agosto deste ano, o número de atendimentos relacionados a esse tipo de caso dobrou: a média saltou de 7 para 14 por dia. Atualmente com uma fila de cerca de mil cirurgias eletivas, o hospital argumenta que a redução desses sinistros seria fundamental para aliviar os procedimentos pendentes.

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Segundo a unidade, os casos têm chegado com maior gravidade, o que exige internações mais longas e dificulta a liberação de leitos. O Hugol realiza, em média, 1,8 mil cirurgias por mês. Diretor clínico do Hugol, Fabrício Cardoso Leão alega que os traumas são, em sua maioria, evitáveis, e que a redução desses casos permitiria ao hospital zerar a fila de cirurgias eletivas, além de dar vazão à demanda de outras unidades de saúde, como o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer).

Em Goiás, a frota ativa de veículos aumentou 21,6% nos últimos cinco anos, passando de 2,9 milhões em 2020 para 3,5 milhões, em 2024. Os sinistros acompanharam esse crescimento: há cinco anos, foram registrados 84,1 mil casos, número que subiu 28,7% e atingiu a marca de 108,3 mil no ano passado. Em Goiânia, o cenário é semelhante. Somente na capital, o número de sinistros passou de 28,6 mil para 39,4 mil, um aumento de 37,3%.

Reportagem do POPULAR, publicada no final de agosto, mostrou que o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) estima que quatro ocupantes de motocicletas, motonetas e ciclomotores morrem a cada três dias em Goiás. Durante a apresentação de uma nova campanha de conscientização no trânsito, o presidente do Detran-GO, delegado Waldir Soares, informou que, em média, 600 pessoas morrem por ano no Estado em decorrência de sinistros envolvendo motocicletas.

Parte considerável dos sinistros ocorridos na capital, na região metropolitana e no interior é encaminhada ao Hugol, unidade especializada em atendimentos de média e alta complexidade em casos de urgência e emergência cirúrgica. Dados do Detran-GO mostram que, em média, 70% das vítimas de acidentes de trânsito atendidas pelos hospitais de urgência do Estado no primeiro semestre deste ano eram motociclistas. Somente no Hugol, das 3,8 mil vítimas atendidas até 9 de setembro deste ano, 2,8 mil (72,8%) estavam em veículos de duas rodas.

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Parte considerável dos sinistros ocorridos na capital, na região metropolitana e no interior é encaminhada ao Hugol.

Reportagem da TV Anhanguera, exibida nesta terça-feira (9), mostrou os corredores do Hugol lotados de pacientes à espera de atendimento. No mesmo dia, a equipe de O POPULAR esteve na porta da unidade e ouviu relatos de familiares que confirmaram a superlotação, mencionando corredores cheios de macas com pacientes. Já nesta quarta-feira (10), a reportagem teve acesso às dependências do hospital e constatou um cenário diferente: os corredores estavam vazios, com apenas dois homens deitados em macas aguardando para realizar exames. Alguns pontos de cuidado da urgência estavam cheios, enquanto outros permaneciam vazios.

Leão explica que, apesar dos atendimentos de traumas sobrecarregarem a unidade, o hospital faz parte de uma rede dinâmica. “Do dia para a noite, estamos vazios (...) Temos um pico de atendimento que acontece entre meio-dia e meia-noite. O que acontece: estamos vazios agora (manhã). Só que, de repente, começam a ter acidentes nas cidades do interior. O pessoal coloca na ambulância e manda para cá”, detalha.

O diretor esclarece que o Hugol chega a receber, por dia, mais de 100 encaminhamentos de urgência. São pacientes graves que antes estavam em unidades de saúde sem estrutura. “Temos sete leitos de box e 22 pontos de cuidado no pronto-socorro. Se recebermos 100 (pacientes), mesmo que estivesse vazio, geraria um pico”, defende. Segundo ele, essa flutuação na demanda é monitorada para que as equipes estejam preparadas para lidar com os momentos de maior pressão. “Mas, por vezes, vão acontecer momentos de superlotação por excesso de atendimento”, argumenta.

Um dos pacientes que chegaram ao Hugol na última semana foi o vendedor Kawann Plínio Alves Marques, de 21 anos. Morador de Iporá, ele fraturou a tíbia na última quinta-feira (4), após empinar uma motocicleta enquanto carregava um amigo na garupa. Kawann foi levado ao Hugol e já passou por uma cirurgia para colocação de pinos na perna direita. A previsão é de que, nos próximos dias, ele seja submetido a um novo procedimento cirúrgico. Em março deste ano, o jovem já havia fraturado a clavícula após se envolver em um sinistro enquanto se deslocava para o trabalho. Ele havia se recuperado totalmente há pouco tempo. “Agora, não quero mais saber de moto. Já estou vendo para comprar um carro.”

O cenário atual impede que outras demandas sejam atendidas, como a realização de cirurgias eletivas. Apesar da sobrecarga na urgência, Leão afirma que pacientes que chegam à unidade com sinais de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) ou sepse não são prejudicados, já que esses quadros seguem protocolos com linhas de cuidado específicas. Dessa forma, assim que relatam os sintomas na chegada à unidade, esses pacientes passam a ter prioridade no atendimento. “Fazemos uma separação do fluxo”, pontua.

Perfil

O diretor clínico conta que, após a entrada em vigor da Lei Seca, em 2008, o número de traumas chegou a diminuir. Entretanto, voltou a crescer nos últimos anos. “Vem aumentando a energia do trauma, ou seja, a velocidade do acidente aumenta e as lesões ficam mais graves”, relata. Em 2024, a unidade recebeu cerca de 6,2 mil casos de sinistros de trânsito. Desse total, 67,2% estavam relacionados a sinistros envolvendo motocicletas.

“Temos bastante pacientes idosos vítimas de acidentes motociclísticos, o que não víamos no passado. Há dez anos era muito menos comum”, pondera. Tratar um paciente jovem e saudável é, segundo ele, mais fácil e rápido do que atender a um idoso, que muitas vezes apresenta comorbidades, como hipertensão. Esse tipo de quadro clínico torna o tratamento mais complexo, já que é necessário estabilizar o paciente antes de submetê-lo a uma cirurgia.

Leitos

Com o aumento do tempo de permanência dos pacientes na unidade de saúde, o giro de leitos do Hugol fica comprometido. A gestão trabalha para que esse tempo — atualmente em torno de sete dias — seja o menor possível, especialmente nas unidades de terapia intensiva (UTIs). “Senão, a gente não consegue usar aquele leito para outro (indivíduo) (...) O paciente que está chegando fica acumulado no pronto-socorro”, explica Leão. Para se ter uma ideia, nesta terça, 95% dos 466 leitos do Hugol estavam ocupados, e não havia vaga disponível em UTI adulto.

Para tentar melhorar o giro de leitos, o hospital tem adotado diferentes estratégias. Uma delas é o trabalho de um escritório de gestão de alta, que realiza uma triagem reversa: os profissionais vão até a ala de internação para identificar quais pacientes têm possibilidades e perfil para receber alta. Então, esses pacientes são encaminhados para a sala de alta, liberando, assim, o leito para o próximo atendimento.

Além disso, o Hugol mantém contato constante com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) e solicita apoio sempre que é necessário redirecionar o fluxo para outras unidades da rede. Como o hospital trata prioritariamente casos cirúrgicos, pacientes com, por exemplo, insuficiência cardíaca de origem clínica podem ser transferidos para outras unidades de saúde que disponham de UTI. Outra estratégia adotada é realizar as cirurgias e, após a estabilização dos pacientes, transferi-los para outras unidades, permitindo a liberação de leitos para novos casos.

Atendimento a traumas gera sobrecarga no Hugol

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Saúde

Entre os resultados regionais do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a menor variação (-0,40%) foi registrada em Goiânia e Porto Alegre, também influenciada, como no Brasil, pelas quedas na energia elétrica residencial (-7,77% e -6,68%) e na gasolina (-2,20% e -2,69%).&nbsp;Os dados foram divulgados nesta quarta (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em Goiânia, a deflação foi impulsionada mais uma vez pelos grupos de Transportes e Alimentação e bebidas, que, pelo terceiro mês consecutivo, puxaram a desaceleração do índice, com recuos de 1,04% e 0,66%, respectivamente. Dentre os itens e subitens, destacam-se as quedas nos preços da gasolina (-2,20%) e do etanol (-4,60%).

Houve recuos também nos preços da motocicleta (-1,63%), da refeição&nbsp;(-0,24%), do lanche (-1,43%) e do arroz (-0,73%). Outros produtos que apresentaram variações negativas&nbsp;significativas foram o tomate (-17,68%), a cebola (-10,85%) e o alho (-7,44%). Já o setor de Vestuário exibiu a maior alta do mês, com 2,35%, pressionado pelos aumentos nas roupas&nbsp;feminina (2,51%) e masculina (2,87%).

“O resultado de agosto refletiu sobretudo efeitos temporários, ainda sem sinal de melhora estrutural da inflação”, disse o economista Leonardo Costa, do Asa, que atua no setor financeiro.

“Os dados do IPCA nos últimos três meses mostram algum arrefecimento da inflação, mas esse movimento deve ser temporário”, disse a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

Goiânia registra menor inflação entre os índices regionais

Economia

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Consumo

Na manhã desta quarta-feira (10), a 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri de Goiânia absolveu Dedilson de Oliveira Souza, <a href="http://opopular.com.br/cidades/pai-de-menino-atropelado-em-goiania-e-investigado-pela-morte-do-motorista-que-causou-o-acidente-1.2582058" target="_blank">pai de Danilo Pignato de Oliveira</a>, de 8 anos, que foi atropelado e morto na frente dele por um motorista embriagado e em alta velocidade, após invadir o canteiro central da Avenida dos Pirineus, no Setor Esplanada dos Anicuns, em dezembro de 2022. No momento do acidente, a criança e o pai vendiam balinhas no canteiro quando foram atingidos pelo motorista.

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Após o atropelamento e a morte de Danilo, o pai teria sido tomado por uma violenta emoção e agredido Francilei da Silva de Jesus, condutor do veículo responsável pelo acidente, desferindo contra ele vários socos e, em seguida, uma pedrada, que teria causado diversas lesões na cabeça do motorista. Francilei chegou a ser socorrido e encaminhado com vida ao hospital, mas não resistiu e morreu.

Dedilson respondia desde dezembro de 2022 pelo crime de homicídio privilegiado. No entanto, o Ministério Público de Goiás (MP-GO), autor da denúncia, entendeu que, na situação enfrentada pelo pai, caberia absolvição, por se tratar de uma “inegabilidade de conduta diversa”, ou seja, qualquer pessoa nas mesmas condições poderia agir da mesma forma. Além disso, sustentou que Dedilson não teve intenção de matar.

Segundo relatório do julgamento, oito testemunhas e sete jurados estiveram presentes. A investigação apontou que o motorista estava embriagado no momento do atropelamento.

No julgamento, o júri votou pela absolvição do réu e a Justiça acolheu a tese sustentada pela defesa. O juiz Lourival Machado da Costa declarou o réu absolvido da acusação.

O lavrador chegou a ser preso em flagrante no mesmo dia do acidente, 17 de dezembro de 2022, e esteve à disposição do Poder Judiciário. No dia seguinte, 18 de dezembro, ele foi solto durante a audiência de custódia. Desde então, permaneceu respondendo em liberdade.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/pai-de-menino-atropelado-em-goiania-e-investigado-pela-morte-do-motorista-que-causou-o-acidente-1.2582058" target="_blank">Pai de menino atropelado em Goiânia é investigado pela morte do motorista que causou o acidente</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/motorista-estava-bebado-quando-atropelou-e-matou-menino-de-8-anos-em-goiania-conclui-policia-1.2582729" target="_blank">Motorista estava bêbado quando atropelou e matou menino de 8 anos em Goiânia, conclui polícia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/policia-pede-para-arquivar-inquerito-sobre-caso-de-motorista-que-matou-crianca-na-frente-do-pai-1.2599334" target="_blank">Polícia pede para arquivar inquérito sobre caso de motorista que matou criança na frente do pai</a></div>

Segundo a defesa de Dedilson, formada pelos advogados Alan Araújo Dias, Danilo Franquilino Silva Alves e Dnart Davlly Miranda, até a própria autoridade policial reconheceu que ele agiu movido por violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima — no caso, o homicídio culposo de seu filho menor.

Dedilson havia sido absolvido na audiência de custódia pela delegada responsável. Entretanto, o MP-GO optou por oferecer denúncia e levar o caso a júri popular. O POPULAR entrou em contato com o órgão, a fim de obter informações sobre as possíveis motivações da mudança de posicionamento quanto à absolvição do réu, mas, até o fechamento desta edição, não obteve resposta. Alan conta que o pai de Danilo sente que tirou das costas o peso de responder a um processo e que poderá viver a dor da perda do filho sem essa culpa.

Relembre o caso

Um menino de 8 anos morreu após ser atropelado por um carro em 17 de dezembro de 2022, em Goiânia. Segundo a Polícia Militar, a criança estava com o pai no canteiro central da Avenida dos Pirineus, no Setor Esplanada dos Anicuns, quando foi atingida pelo veículo. De acordo com a Delegacia de Crimes de Trânsito (DICT), o veículo VW Gol vermelho trafegava pela Avenida Anhanguera e, ao acessar a Avenida Consolação, no sentido Vila Canaã, o motorista perdeu o controle da direção, subiu no canteiro, atingiu a criança e a arrastou por alguns metros até colidir com uma árvore. A vítima morreu ainda no local.

Ao presenciar a cena, o pai da criança agrediu o motorista com socos e pedradas na cabeça. O condutor sofreu traumatismo craniano e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros. Ele foi levado para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde ficou internado em estado grave, na UTI, mas morreu três dias depois.

(Laysa Milograma é estagiária do GJC em convênio com a UniAlfa)

Júri absolve pai que matou motorista bêbado que atropelou seu filho

Justiça

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) arquivou o inquérito policial sobre o assassinato do mecânico Marcus Phelipe de Souza Almeida, de 27 anos, em uma abordagem policial após fugir com um amigo de uma blitz da Balada Responsável no Jardim Itaipu, em Goiânia. Em julho, a Polícia Civil havia concluído pelo indiciamento do terceiro sargento Fellipe Mecenas de Oliveira Lima, de 35 anos, pela morte ocorrida em outubro de 2023. Porém, para a promotora Elissa Tatiana Pryjmak, da 29ª Promotoria de Justiça da comarca de Goiânia, não há elementos suficientes para afirmar que o policial militar de fato cometeu um crime.

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Marcus Phelipe foi morto com um tiro na cabeça e outro no ombro disparados por um policial militar durante a fuga. O mecânico estava de passageiro no carro dirigido pelo amigo, o tapeceiro Gustavo Alves Maciel, de 21 anos. Eles iam para a casa de outro amigo, pela GO-040, quando, ao entrarem na Avenida Vieira Santos, no Jardim Itaipu, se depararam com a blitz e resolveram dar ré e sair dali para evitar a fiscalização. Isso chamou a atenção dos policiais presentes e então se deu início a uma perseguição. Gustavo conseguiu dirigir por 8,5 quilômetros até chegar à frente da casa da mãe, gritar por socorro e se entregar. A vítima já estava morta no carro.

As investigações foram marcadas por uma série de atrasos e falhas, conforme atestado pelo próprio responsável pelo caso, o delegado Marcus Vinícius Cardoso do Nascimento, adjunto da Delegacia Especializada em Investigação de Homicídios (DIH). Em seu relatório final, ele destacou que o laudo de perícia criminal do local da morte, por exemplo, não foi feito, sob alegação de que a vítima foi socorrida supostamente ainda viva e que não foi feita a preservação da área pelos policiais presentes. Já o laudo de vistoria veicular foi produzido apenas 30 dias depois, comprometendo a preservação dos vestígios.

Outro problema encontrado pela Polícia Civil foi com o laudo de reprodução simulada, que apenas apontou o fato de os tiros que atingiram a vítima terem partido de uma única arma. Os peritos não conseguiram dar certeza nem ao momento em que Marcus Phelipe foi baleado (provavelmente logo após a fuga, ao alcançar uma rotatória na GO-040), nem se os tiros que o atingiram passaram pelo vidro traseiro ou pelo lateral da frente. O documento não aborda se o mecânico pode ter tentado atirar ou não contra os policiais. Os peritos que participaram da reprodução simulada também afirmam que não houve da parte da DIH formulação de quesitos específicos a serem respondidos.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/pm-e-indiciado-por-morte-de-mecanico-que-fugiu-de-blitz-1.3289127" target="_blank">PM é indiciado por morte de mecânico que fugiu de blitz</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/morto-em-blitz-em-goiania-estava-sem-arma-diz-m-e-de-motorista-1.3111421" target="_blank">Morto em blitz em Goiânia estava sem arma, diz mãe de motorista</a></div>

Contradições

A promotora chama a atenção em seu parecer para as contradições nos depoimentos prestados por Gustavo, que ela chama de “notáveis variações”. Primeiramente, logo após o crime, ele disse que o amigo deu dois disparos na direção dos policiais, mas na delegacia, em sua segunda oitiva, disse que a vítima tombou em seu ombro e que ouviu três disparos ao longo da perseguição, mas sem saber precisar de onde vieram os tiros. A partir daí, ele afirmava não ter conseguido ver se o mecânico, que estava ao seu lado, atirou ou não. Durante a reprodução simulada, ele também demonstrou incerteza quanto à ocorrência de outros disparos.

Elissa afirma que os depoimentos dos policiais militares envolvidos apresentaram “divergências pontuais que comprometem a formação de quadro probatório sólido”. A promotora cita a fala de Felipe, que chegou a ser indiciado pela Polícia Civil. Segundo ela, o terceiro sargento admitiu ter efetuado um único disparo no início da abordagem e, durante a perseguição, viu uma “labareda de disparo” saindo do carro em que a vítima estava, o que o fez atirar uma segunda vez. “Contudo, tal versão vai de encontro à versão apresentada por Gustavo, que afirmou que a vítima estava desfalecida desde o início da perseguição.”

Os tiros atingiram Marcus Phelipe por trás, mas as perícias feitas pela Polícia Científica foram incapazes de determinar por onde os disparos entraram. Apesar de a hipótese mais provável ter sido pela janela direita traseira, cujo vidro ficou fragmentado, não foram encontradas perfurações esperadas no banco do passageiro. A promotora diz que duas hipóteses são prováveis, mas que “a ausência de elementos materiais conclusivos impede a determinação segura da trajetória balística”. Ela também comentou sobre o lapso temporal de 32 dias entre o fato e a perícia veicular, que impediu a preservação de “vestígios sensíveis” para a investigação.

Também mereceu um alerta da promotora a ausência de exame pericial de local de crime, procedimento que, segundo ela, “teria sido fundamental para a materialização de vestígios como manchas de sangue, elementos de munição ejetados e posicionamento dos envolvidos”. “Tal omissão prejudicou sobremaneira o entendimento do caso, impossibilitando a reconstituição precisa da dinâmica dos eventos.” São raros os casos em que os corpos das vítimas de tiros em abordagens policiais permanecem preservados no local para perícia, sempre com a alegação de que havia sinais de vida que justificavam o transporte até uma unidade de saúde ou a violação do local.

Alguns pontos ficaram de fora da investigação, como se seria crível a versão de Gustavo de que estava focado na direção do veículo para fugir da abordagem e não conseguiu ver se o amigo atirou ou não contra os policiais ou mesmo se o passageiro estava armado. Testemunhas contaram na delegacia que ouviram do tapeceiro que o amigo estava, sim, desarmado. A conclusão do inquérito dá a entender que a morte foi instantânea após o tiro na cabeça, mas oficialmente Marcus Phelipe morreu cinco horas depois, em um hospital. Também não foi anexado o laudo pericial feito na arma que supostamente estava com o mecânico e foi encontrada justamente pelo policial indiciado.

Insegurança

A promotora diz não haver dúvida quanto à autoria dos tiros que mataram o mecânico, até porque o próprio terceiro sargento admitiu ter efetuado os únicos disparos contra o veículo em fuga do lado em que a perícia diz ter atingido a vítima. “As divergências probatórias impedem a formação de convicção ministerial acerca das circunstâncias específicas que motivaram o uso da força letal pelos agentes policiais. (...) Neste contexto, é impossível estabelecer, com segurança, se houve efetiva troca de tiros entre os ocupantes do veículo e os policiais militares, elemento fundamental para a avaliação da legitimidade da atuação policial.”

Elissa não cita em sua análise a conclusão do delegado pelo indiciamento. Marcus Vinícius pediu para que o terceiro sargento respondesse por homicídio qualificado, mas não é incisivo sobre se houve ou não troca de tiros. Ele escreveu no inquérito que não há “evidências claras” e que não “ficou comprovado que a vítima estava armada e tenha realizado disparos”, mas que, mesmo assim, as provas coletadas eliminam a possibilidade de legítima defesa alegada pelos policiais. Ao contrário da promotora, o delegado afirma que as provas são suficientes para identificar de forma segura a “autoria e a materialidade delitiva” quanto ao terceiro sargento.

Na época, o crime causou revolta entre familiares e amigos do mecânico, que apontaram não haver nenhuma suspeita contra ele que motivasse a violência da abordagem policial. Não consta no inquérito o motivo para o inquérito ter sido concluído apenas em julho deste ano. O laudo mais recente ficou pronto em agosto de 2024. Em maio, os agentes da DIH entregaram um relatório apontando as mesmas conclusões que constam no relatório do delegado.

A petição da promotora foi protocolada às 15h21 desta terça-feira (9) e foi respondida no mesmo dia, às 17h13, pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, da 1ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos contra a Vida da comarca de Goiânia. Ele acatou o pedido e determinou o arquivamento também do processo na Justiça. A promotora ressaltou que o inquérito poderia ser reaberto caso surgissem fatos novos que mudassem o entendimento do MP-GO. A decisão será comunicada à autoridade policial e aos parentes da vítima por ofício.

Uma investigação paralela foi feita pela corregedoria da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO) e concluída em fevereiro do ano passado. Ao contrário do inquérito da Polícia Civil, os depoimentos desfavoráveis aos policiais, como o de Gustavo e o da mãe dele, que corroboram a versão de que o mecânico estava desarmado, foram ignorados. Para a corregedoria, os policiais agiram em legítima defesa. Porém, quando a ocorrência envolve homicídio, o trabalho da corregedoria não tem implicações legais, sob alegação de que não é uma competência da corporação militar.

MP arquiva inquérito sobre morte de mecânico em abordagem policial

Investigação

Um dos problemas identificados pelo técnico Vagner Mancini para explicar a oscilação do Goiás no início do 2º turno da Série B é o alto número de gols sofridos pela equipe esmeraldina. Nos seis jogos disputados no returno, o clube goiano não foi vazado apenas uma vez e aparece com a segunda pior defesa no recorte da competição.

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O Goiás sofreu dez gols nos últimos seis jogos. Em comparação com os seis primeiros jogos da equipe na Série B, a média saiu de 0,8 (foram cinco gols sofridos) para 1,6. Ou seja, os números de gols sofridos pelo time esmeraldino dobraram no returno da competição nacional.

No recorte do 2º turno, os números apresentados pela defesa do Goiás são melhores apenas que os obtidos pelo lanterna Paysandu e o vice-lanterna Amazonas.

Paysandu e Amazonas sofreram gols em todos os seis jogos. O Goiás vem logo na sequência com gols sofridos em cinco das seis partidas. O único duelo que a defesa esmeraldina não sofreu gol foi na vitória de 1 a 0 sobre o América-MG, na Serrinha, pela 23ª rodada.

O Papão está ao lado do Goiás com a segunda defesa mais vazada no returno, foram dez gols sofridos por cada time. Já o Amazonas é o clube com mais gols sofridos no 2º turno: 12, até aqui.

<div class="p-readmore-box" dir="ltr"><a href="https://opopular.com.br/esporte/goias-tenta-manter-bom-desempenho-em-duelos-contra-lideres-1.3310372" target="_blank">Goiás tenta manter bom desempenho em duelos contra líderes</a> 
<a href="https://opopular.com.br/esporte/lateral-viaja-para-curitiba-e-deve-voltar-a-jogar-pelo-goias-1.3310573" target="_blank">Lateral viaja para Curitiba e deve voltar a jogar pelo Goiás</a></div>

No geral, contabilizando toda a competição, a defesa do Goiás sofreu 25 gols em 25 jogos (8ª melhor defesa). Foram 17 partidas com a defesa vazada.

A campanha do Goiás no 2º turno destoa do desempenho da equipe no 1º turno, o melhor do clube goiano na história da Série B.

Na classificação do returno, o time esmeraldino ocupa a 14ª colocação com apenas sete pontos - Athletic-MG (seis pontos), América-MG, Amazonas, Volta Redonda (todos com cinco pontos), Novorizontino (três pontos) e Paysandu (um ponto) possuem desempenhos piores.

No mesmo recorte de jogos no 1º turno, a equipe comandada pelo técnico Vagner Mancini somou 13 pontos e ocupava a 2ª posição.

O treinador demonstrou, após a derrota de 2 a 1 contra o Avaí, que está incomodado com o número de gols sofridos. Na avaliação do treinador, o sistema defensivo não demonstra a mesma solidez defensiva e tem permitido, aos adversários, chances que não ocorreram no início da Série B, quando o Goiás esteve em seu melhor momento defensivo.

Vagner Mancini defende que a oscilação defensiva do Goiás começou após ele perder atletas da defesa por lesões. Foram os casos de Lucas Ribeiro (fratura no rosto) e Messias (lesão muscular) durante parte da Série B.

No atual momento, o treinador não possui nenhum desfalque no setor e acredita que a evolução defensiva vai ocorrer com a correção de erros na defesa. O comandante do Goiás tem utilizado três jogadores com frequência: Messias, Lucas Ribeiro e Titi. Ele também já improvisou o volante Gonzalo Freitas no setor, em algumas ocasiões.

Vagner Mancini identificou que o número de erros individuais aumentou, como tomada de decisões em alguns lances, mas também acredita que erros coletivos persistem, como espaços entre as linhas ou em pontos do campo que estão sendo ocupados por adversários.&nbsp;

Em sua comissão técnica, o treinador conta com a experiência do ex-zagueiro Réver, que é seu auxiliar. Ambos são os responsáveis por organizar e corrigir erros da defesa do Goiás e estão fazendo trabalhos específicos nas últimas semanas na busca pela evolução da defesa do time goiano.

Contra o Coritiba, Lucas Ribeiro e Messias devem seguir como titulares, mas ainda não está descartada que a defesa do Goiás tenha ao menos uma mudança.

Um reforço caseiro na linha defensiva será o retorno do lateral Willean Lepo, que desfalcou a equipe no jogo contra o Avaí e tinha previsão de voltar a jogar apenas em outubro.

O jogador foi liberado pelo departamento médico para treinar e jogar, desde que mantenha a mão direita imobilizada. Ele sofreu uma fratura no dia 1º de setembro, não precisou passar por cirurgia e viajou para Curitiba para reforçar o Goiás diante do Coritiba.