Pesquisas, abertura de leitos e medidas de proteção individual foram ações fundamentais no combate à Covid-19. O Estado ampliou a quantidade de leitos. No começo da pandemia, contava com 250 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19. Hoje, são mais de 700 na rede estadual. Os municípios e a rede privada também ampliaram. Além disso, as pesquisas possibilitaram analisar cenários e adiantar ações importantes. Ainda assim, a ocupação chega a 100% há dias e a fila de espera por uma vaga de UTI chegou a ter mais de 250 pessoas.Em 2020, as medidas tomadas foram suficientes para achatar a curva de casos e internações e impedir o colapso do sistema de saúde. Agora, o cenário é diferente. Professor e pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), José Alexandre Diniz recorda a repercussão dos cenários estimados pela universidade em julho do ano passado. Na ocasião, uma estimativa de mortes em caso de total reabertura do comércio foi amplamente questionada pela população, que se assustava com 700 mortes por Covid-19 no Estado. Hoje, o número ultrapassou 9 mil. “Todos os grupos que estão fazendo modelos, projeções e análises no Brasil estão sendo criticados porque a pandemia no país foi politizada. Temos pessoas que chegam a dizer que não existe pandemia, e que isso é um complô para tirar o presidente (Jair) Bolsonaro. Ainda temos a questão do tratamento precoce, que é uma coisa anticientífica, pseudocientífica sendo propagada pelo próprio governo federal. Muita gente perdida, sem saber em quem acreditar. É informação e contrainformação o tempo todo, dentro das bolhas, das redes sociais e a atitude negacionista e anticientífica do próprio governo federal e Ministério da Saúde”, diz. Nem todos os estudos se confirmaram, claro, e para Diniz alguns pontos foram importantes e ainda precisam de mais análise. Ele afirma que podem ter subestimado a eficiência dos protocolos individuais, como o uso da máscara, e que esse pode ter sido um grande diferencial para impedir um número ainda maior de casos em 2020. “Medidas individuais, como máscara e ficarmos mais distantes, são eficientes. Protocolos individuais são mais importantes do que a gente achou que era. Isso não foi só no nosso grupo. Até hoje não sabemos quanto reduz, mas está claro o impacto”. Reitor da UFG, Edward Madureira diz que as pesquisas foram muitas incluindo novos medicamentos, sequenciamento do vírus, comportamento no organismo e interação com outras doenças. Além disso, cita o teste de Covid-19 que equivale ao RT-PCT e dá resultados confiáveis em cerca de 40 minutos. “A UFG atuou em muitas frentes e nossos estudos serviram de base para muitos governantes. Agora, precisamos de conscientização e alerta à população. O correto é o que a ciência oferece pra nós. Sem a ciência não temos salvação nesta pandemia”. Outro ponto citado é o fato de que nem todas as cidades do Estado se comportaram da mesma forma. “Fazíamos modelos imaginando pessoas circulando entre as cidades. Mas descobrimos que cada cidade se comporta de maneira diferente. Acertamos muito para cidades grandes, mas é muito difícil. Ainda estamos descobrindo se há um padrão”, afirma Diniz.-Imagem (1.2211468)