A menina Laura Cibelly, de apenas seis dias, faleceu logo após conseguir um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) cardíaca, em Goiânia. Ela foi diagnosticada no nascimento com transposição das artérias, uma cardiopatia grave que fazia com que o sangue que circulava em seu corpo tivesse baixo teor de oxigênio, o que poderia levar à insuficiência cardíaca.Laura nasceu na maternidade Nossa Senhora de Lourdes, no Setor Nova Vila, em Goiânia, na última segunda-feira (23), após um parto complicado. Devido a seu estado de saúde, foi encaminhada ao Hospital e Maternidade Vila Nova (HMVN), no Setor Leste Vila Nova. A unidade, no entanto, não dispunha do leito especializado de UTI que ela precisava, nem de um médico capacitado para realizar a cirurgia complexa que ela necessitava.Segundo uma tia do bebê, os médicos apontavam para a necessidade urgente de que ela fosse levada para uma UTI cardíaca, pois seu estado era gravíssimo. Porém, a dificuldade de encontrar uma unidade que pudesse atender a criança fez com que a família procurasse a Defensoria Pública.De acordo com o órgão, uma liminar foi concedida na madrugada de sábado (28) em resposta a uma requisição feita na sexta-feira (27) para que os bens da Prefeitura fossem bloqueados para garantir que a cirurgia fosse realizada na rede privada, já que não havia profissionais aptos na rede pública. No fim da tarde deste domingo (29), Laura conseguiu um leito no Instituto Goiano de Pediatria (Igope), no Parque Amazônia, onde faleceu.De acordo com a unidade, Laura chegou em estado muito grave. Uma equipe já estava a postos para operá-la, mas a menina não resistiu.EnfartesMarilisa de Paula Passos, amiga dos pais da menina, que os acompanhou durante a procura de atendimento, conta que Laura sofreu dois enfartes neste domingo: um na ambulância enquanto estava sendo transportada para o Igope, e outro já na unidade. “Ela já estava bem ruinzinha, à base de muito medicamento e morfina”, contou.Segundo ela, Laura já havia sofrido ao menos um enfarte também quando estava na UTI do HMVN. Ela acusa o hospital de só conseguir um cardiologista para atendê-la dois dias depois. O POPULAR tentou contato com representantes da unidade, mas as ligações feitas ao hospital neste domingo não foram atendidas.Marilisa ressaltou que os pais de Laura são pessoas muito humildes e que a mãe estava deslumbrada com a criança. O pré-natal foi feito conforme as orientações médicas, mas, mesmo assim, o problema da menina só foi descoberto após o parto. A situação deixou toda a família devastada. “O que aconteceu foi um descaso muito grande. Me sinto envergonhada de a saúde em Goiânia estar dessa forma”, lamentou.Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que buscou o leito para a criança a partir do momento da formalização do primeiro pedido no sistema e a vaga foi liberada no domingo.