Os motoristas que transitam pelo Parque Vaca Brava, no Setor Bueno, ainda veem as placas indicando que o local tem o trânsito fiscalizado pelas lentes de câmeras de videomonitoramento. No entanto, desde 2020 que os dez equipamentos não estão em funcionamento e há postes que já não possuem os aparelhos instalados. Iniciado em 2017, o projeto de monitoramento dos motoristas por câmeras iniciou no parque com a previsão de se expandir pela cidade sob o mote de ser uma fiscalização mais eficaz, de menor custo e maior resultado. A ideia era ampliar o projeto para locais como a Avenida Universitária, Aeroporto Santa Genoveva e a região da Rua 44, inicialmente.Nos primeiros seis meses após o uso dos equipamentos, que eram utilizados apenas pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) para monitoramento do Parque Vaca Brava, enquanto verificação do trânsito, entre julho e dezembro de 2017, foram feitos 3.506 autos de infração no local, a partir de 4.220 imagens geradas. Do total de multas, 755 foram com relação ao estacionamento de veículos em horários proibidos ao longo da ciclofaixa de lazer que contorna o parque, ou seja, uma média de 36 infrações por semana, já que a proibição ocorre apenas aos sábados e domingos.A partir da fiscalização eletrônica houve redução no uso irregular da ciclofaixa, por exemplo, o que já não ocorre. No último domingo (13), às 14 horas, a reportagem verificou que todo o entorno do Parque Vaca Brava, com exceção da Avenida T-10, estava ocupado por veículos automotores, sem qualquer espaço para os ciclistas usarem a ciclofaixa e sem a fiscalização por câmeras. A Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) informa que entre janeiro e fevereiro deste ano foram emitidos 207 autos de infração por estacionar ou parar o veículo sobre a ciclofaixa do Vaca Brava, uma média de 23 por semana.Para o geógrafo e perito em trânsito Antenor Pinheiro, “o videomonitoramento é uma tecnologia eficaz para inibir infrações e crimes de trânsito, desde que seja operacionalizada com rigor, eficiência e de forma continuada”. Ele acredita que o entorno do Parque Vaca Brava é um local em que deve ser feito este tipo de fiscalização. “Lamentável que não esteja em funcionamento, pois isso colabora para a fragilização da segurança viária, especialmente para o transporte ativo.”Sobre a permanência das placas que indicam a continuidade da fiscalização no local, Pinheiro afirma que o poder público “está negligenciando a responsabilidade de fiscalizar adequadamente (conduta de gestão que é obrigatória) e de quebra contribuindo para a poluição visual”. O engenheiro de trânsito e professor do Instituto Federal de Goiás (IFG) Marcos Rothen entende que isso é incorreto, “pois a sinalização tem que ser real, até como está previsto no CTB (Código de Trânsito Brasileiro)”. “Esse tipo de falsa informação pune na verdade os motoristas que agem corretamente e são pressionados pelos que sabem que a informação é falsa e querem desrespeitar a regulamentação”, define.Atualmente, a fiscalização de trânsito por câmeras só ocorre no entorno do Aeroporto Santa Genoveva, com equipamentos da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Rothen, no entanto, não vê motivo para isso no local, já que teria pouco movimento. “Dá se a impressão que é para incentivar o uso do estacionamento, mas só a impressão.” Pinheiro diz ser positiva a fiscalização na área de embarque e desembarque, mas que não deveria ser proibido o estacionamento em todo o perímetro do aeroporto.-Imagem (1.2421612)