O carnaval em Aruanã não tem carros alegóricos, mas conta com um verdadeiro desfile de embarcações no Rio Araguaia. Lanchas, chalanas, canoas e motos náuticas dão charme ao bloco do descanso, formado por aqueles que aproveitam o feriado prolongado para praticar esportes aquáticos ou desestressar em meio à natureza. Para a surpresa e alegria dos visitantes, apesar da cheia normal desta época do ano, havia pequenas faixas de praia no meio do manancial, que os turistas aproveitaram para tomar sol e se divertir.As prainhas não se comparam às imensas faixas de areia que se formam na alta temporada, em julho, quando o nível das águas está baixo. Mas foram suficientes para famílias e grupos que possuíam canoas ou lanchas aproveitar os dias de sol. Em uma dessas praias, a reportagem encontrou o corretor de imóveis Leone Antônio Filho, de 40 anos. Morador de Goiânia, ele convidou os amigos do vôlei para passar o carnaval na casa da família, em Aruanã. O anfitrião, que cresceu visitando o Araguaia, gosta de fugir da folia e confessa até ter achado bom a prefeitura não ter realizado shows este ano.“Aqui é cidade de pescador. Eu vim curtir mais o rio do que a cidade. A água é muito boa e vim curtir a natureza. Ontem (domingo) fui na tribo dos índios (Karajá) e comprei um pintado para fazer um peixe. Acho melhor quando está mais tranquilo.” No grupo de Antônio Filho estava a cantora de MPB Vanessa Oliveira, 27, que deu um tempo nos shows para ver de perto o rio mais famoso de Goiás. “Vim para cá conhecer o Araguaia e me deparo com essa praia. A gente vê o quão é incrível a natureza que a gente tem em Goiás. Estou maravilhada!”A estilista e administradora Raissa Paz, 28, diz que tradicionalmente é “do bloco do descanso” e escolheu passar o carnaval no Araguaia pela segunda vez. “Foi uma surpresa essa areia aqui, porque nesta época o rio está em alta, mas graças a Deus deu praia.” Sempre que podia, a empresária Sara Patrícia Araújo Cardoso, 27, integrava o grupo que aproveitava a praia para jogar futevôlei. “Sempre que posso venho aqui para descansar e fugir da correria de Goiânia.” O estudante de engenharia civil Rafael Novaes, 25, completava o time. “A gente vem aqui, joga um futevôlei, dá um mergulho no Araguaia, é demais!”, diz. No entanto, o jovem não dispensa o agito noturno. “Eu gosto de ir lá na praça (Couto Magalhães) e poder dançar.”Nos arredores de Aruanã, o point mais badalado era o Recanto do Pescador, restaurante montado às margens do Rio Vermelho, a poucos quilômetros do encontro com o Araguaia. Em uma ilha, em meio à vegetação alagada, o flutuante só é acessível por meio de embarcações. Quem não tinha lancha ou canoa própria usava o transporte de barqueiros, que cobravam cerca de 60 reais a viagem de ida e volta, do porto da cidade ao ponto badalado, situado a 6 quilômetros rio acima, o que corresponde a dez minutos de canoa motorizada.Na segunda-feira, apenas o barqueiro José Maria da Silva, mais conhecido como Zé Legal, contabilizava oito viagens. “Deu um movimento muito bom para a gente aqui esse ano.”BanhistasAruanã tem diversão para vários gostos e bolsos. Quem não quis ou não pôde aproveitar as embarcações, movimentou a escadaria no porto. No local, muitos grupos faziam churrasco e nadavam no rio. Por conta da cheia, a água chega até lá, transformando o porto em local muito procurado por banhistas.Movimento que deixou os bombeiros em alerta. Muitas pessoas chegavam a nadar bem próximo ao canal principal do Araguaia, um risco que exigia intervenção da equipe de resgate. “Está um pouco tenso. Há muitas pessoas fazendo o uso do rio para banho, o que a gente não esperava devido ao período de cheia, pesca proibida, a gente pensou que o pessoal iria ficar mais na cidade. Tivemos princípios de afogamento, mas estava próximo à nossa equipe e tivemos condições de evitar”, diz o sargento Leonardo Quirino da Silva.De acordo com o sargento, a maior demanda era por atendimento a embarcações. “Elas ficam a deriva por conta de problemas mecânicos ou falta de combustível, e precisam ser resgatadas.” O POPULAR acompanhou o resgate do industrial Nelico de Paula Sousa, 53. A lancha apresentou problemas e ele ficou alguns minutos à deriva, e precisou ser rebocada pelos Bombeiros ao porto de Aruanã. Mas nem o contratempo tirou a empolgação de Sousa com os dias no Araguaia. “Esse carnaval está só o ouro”, garante.