Atualizada às 11h53.O secretário municipal de Assistência Social Mizair Lemes, que já foi diretor de planejamento da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e o ex-deputado Wagner Siqueira foram alvos de mandados de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira (12), em operação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Denominada Grande Famiglia, a investigação apura fraudes em licitação na compra de sacos de lixo pela Comurg entre os anos de 2009 e 2015. Promotor responsável pela operação, Sandro Henrique Silva Halfeld explica que, dos oito mandados de prisão expedidos, sete já foram cumpridos e uma pessoa se encontra foragida. Além disso, 17 mandados de busca e apreensão estão sendo realizados em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Distrito Federal (DF). Às 9h30 desta quarta-feira, todos já estavam em andamento ou haviam sido finalizados. De acordo com a decisão judicial, entre as irregularidades investigadas está uma dispensa de licitação e depois a celebração de um contrato entre a Comurg e a empresa S.A de Sousa Indústria e Comércio. O valor é de mais de R$ 2,9 milhões para o fornecimento de 75 mil pacotes com sacos plásticos de lixo, no período de 180 dias. A investigação aponta que entre 2012 e 2014 a companhia não finalizou ou realizou uma única licitação para o fornecimento dos sacos de lixo, recorrendo sempre à empresa, sem processo licitatório. A investigação também apura a contratação de uma empresa de fachada para compra de 75 mil kits de cestas básicas sem licitação. O valor, segundo a decisão do MP é superior a R$ 5 milhões. Os produtos seriam destinados a famílias carentes que sofreram com o impacto da pandemia.No total devem ser cumpridos 8 mandados de prisão, 2 preventivas e 6 temporárias, e 17 mandados de busca e apreensão na casa de 8 pessoas físicas, 4 pessoas jurídicas e 5 órgãos públicos. Segundo o MP, são nove empresas familiares ou em nome de laranjas e até o momento foram presas pelo menos quatro pessoas da mesma família: marido, mulher e duas filhas. “O grupo é familiar e cada empresa envolvida está em nome de um deles”, explica o promotor do MP. O Gaeco contou com apoio de equipes da Polícia Militar e mandados foram cumpridos na sede da Prefeitura de Goiânia na sede da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), Comurg e Secretaria Municipal de Administração (Semad) além do Serviço Social do Comércio (Sesc) e da Prefeitura de Aparecida de Goiânia. PosicionamentosA Prefeitura de Goiânia informou que não é alvo da operação que ocorreu na manhã desta quarta-feira nas sedes da Comurg, Semas e Semad. “A investigação visa obter informações sobre um grupo de empresas suspeito de fraudar licitações no período de 2009 a 2015. A prefeitura ressalta ainda toda disposição para contribuir com o trabalho investigativo”, diz o documento. A Prefeitura de Aparecida de Goiânia também se pronunciou e afirmou que não é alvo da operação do Ministério Público. “O alvo da operação são empresas que participam de licitações em órgãos públicos e que a prefeitura foi acionada para repassar informações e documentos e, portanto, está colaborando com as investigações.”Através de nota, o Serviço Social do Comércio (Sesc) Goiás informa que não é alvo das investigações. O Sesc esclarece que foi acionado na manhã desta terça-feira (12), para colaborar com o Ministério Público com o repasse de informações e documentos. De acordo com a nota, foi solicitada uma cópia de um processo específico de compra de cestas básicas, que por decisão administrativa o processo foi cancelado, e a compra não foi efetuada. O Sesc ressalta ainda que são investigadas empresas que participaram do processo de licitação, o que não faz jus a instituição. O Sesc esclare que por ser uma instituição privada possui regulamentos próprios de contratação.A reportagem tentou contato com Mizair e Wagner por telefone e mensagens, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.