A visita a entes falecidos, tradição do feriado de Dia de Finados, foi antecipada por muitos em Goiânia. Seja por costume ou para evitar tumultos, familiares e amigos movimentaram os cemitérios da capital. A percepção dos comerciantes que vendem flores e artigos de homenagem nas portas dos locais é de que o movimento está parecido com o de anos anteriores à pandemia da Covid-19A empresária Marlene Cirino Ferro, de 65 anos, está entre os que preferiram ir ao cemitério nesta segunda-feira (1°) para evitar tumultos. “Vir um dia antes é mais tranquilo e tem o mesmo sentimento”, disse Marlene. Ela foi visitar o filho, Alessandro Ferro Godói, que faleceu há três anos. Com flores amarelas nos braços, Marlene conta que além do arranjo a família também contratou uma manutenção extra para o jazigo que fica no Cemitério Santana, localizado no Setor dos Funcionários.Para muitos, o feriado de Finados deste ano está sendo o marco de retorno da tradição de visitas anuais aos cemitérios, que havia sido pausada no ano passado por conta da pandemia da Covid-19. Foi o caso da aposentada Terezinha Barros, de 81 anos, que visita o Cemitério Santana desde a década de 1960 e não havia comparecido em 2020. O filho, Marcelino Guimarães, de 59 anos, conta que no local eles têm familiares e amigos que foram sepultados.Outro grupo encontrado visitando os cemitérios da capital neste feriado é de pessoas que perderam familiares ou amigos por conta da Covid-19. As irmãs Marilda Pinheiro Costa, de 46 anos, e Mariluce Pinheiro Costa, de 58, foram até o Cemitério Parque, que fica no setor Gentil Meireles, para homenagear a mãe, Maria Dirce Pinheiro Costa, que morreu aos 84 anos, em agosto deste ano, por complicações da Covid-19.Uma das filhas de Maria, a professora Marilda diz que tinha o hábito de acompanhar a mãe em outros feriados de Finados. Nas visitas ambas iam até túmulos de familiares e amigos da mãe. “Eu quis vir hoje, porque era algo que ela fazia sempre”, explica Marilda sobre a tradição. “É um momento em que você sente que está na presença da pessoa. Ela está presente dentro de nós o tempo todo, mas é diferente”, define a professora sobre o sentimento contido na visita.ComércioOs comerciantes estão aproveitando o retorno mais intenso das visitas. Nas portas dos cemitérios Parque e Santana há presença de barracas de flores e de pessoas que oferecem limpeza nos túmulos. Com tradição nas vendas de arranjos de flores, Natália Ramos, de 29 anos, conta que a floricultura da família faz o serviço na porta do Cemitério Santana desde o século passado e que ela ajuda nas vendas há 20 anos.“O movimento está muito melhor do que a gente esperava. Hoje foi um dia que a gente não contava com as vendas e mesmo assim foram ótimas”, conta a comerciante sobre a segunda-feira de vendas. Sobre a organização das famílias nas visitas, Natália diz que a maioria está indo em grupos de no máximo três pessoas. “Sempre vêm duas, três pessoas, sozinhos são poucos”, detalha.Na porta do Cemitério Parque, Everson Costa, de 22 anos, é um dos vários que oferecem limpeza nos túmulos. Por R$ 20 ele varre e limpa o local indicado por quem contratar o serviço. “Hoje foram oito, então é bom”, disse o rapaz sobre os lucros. Espaço tem muro incompletoEm mais um ano, quem visitou o Cemitério Parque observou que o muro do local ainda não está completo. A obra para refazer a estrutura que antes era baixa demais, e por isto facilitava depredações, está paralisada com um trecho de cerca de 300 metros sem nenhuma proteção entre os túmulos e a rua.Apesar de observar que a manutenção interna do Cemitério Parque está em dias, com mato cortado e pouco lixo, a cabeleireira Mariluce Pinheiro Costa destaca as falhas e os cuidados do local, que historicamente tem registro de abandono. “A gente fica com receio de entrarem e mexerem nos túmulos, mas o maior medo é de fazerem algo contra a gente aqui visitando”, relata Mariluce.Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SEDHS), responsável pela manutenção dos cemitérios públicos da capital, a administração observou problemas de documentação da obra e da empresa contratada para reconstruir o muro. “As documentações estão sendo reorganizadas, a empresa já foi notificada. Em poucos dias retornaremos com as obras para conclusão”, informou a SEDHS por nota. Com cuidadoEm nota informativa, a Prefeitura de Goiânia dá recomendações e alertas quanto aos procedimentos de visitação aos cemitérios, mantendo regras em razão da pandemia da Covid-19. O horário de funcionamento nos locais públicos será das 7h às 18h. Confira:Não será permitido o acesso de pessoas sem máscara. A máscara deverá ser utilizada durante todo o período de visitação;Terá controle de acesso de pessoas, limitando o número de visitantes nos horários de maior procura;Os visitantes dos grupos de risco, incluindo idosos acima de 60 anos e pessoas com comorbidades, bem como crianças menores de 12 anos, que não realizem a visita no dia 2;Não serão permitidas aglomerações, o visitante deverá manter o distanciamento mínimo de 1,5m entre os demais visitantes;Evitar apertos de mão ou outros tipos de contato físico;Há locais estratégicos para higienização das mãos com fonte de água, sabonete líquido, papel toalha e lixeira com acionamento por pedal;Também há álcool 70% em locais estratégicos para higienização de mãos;Não será permitido o consumo de alimentos e bebidas nas dependências dos cemitérios.-Imagem (Image_1.2346895)