Ao menos seis bairros de Goiânia sofreram com alagamentos e inundações na noite de segunda-feira (21) para terça-feira em decorrência das chuvas. Na região oeste, os problemas ocorreram no Residencial Serra Azul, Jardim Mirabel, Conjunto Vera Cruz, Parque Industrial João Braz e Bairro Goiá, enquanto que na região norte houve transtornos na Vila Roriz. De acordo com o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), a região oeste foi a que registrou o maior volume de chuvas, com o aparelho medidor localizado na Maternidade Célia Câmara, no Conjunto Vera Cruz, indicando que o índice pluviométrico havia chegado a 107,4 milímetros (mm).

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Os bairros também foram os que sofreram as consequências mais fortes, especialmente no Residencial Serra Azul, em que o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO) teve de ser chamado para resgatar oito pessoas que estavam ilhadas em suas residências por volta das 20 horas de segunda-feira. A água chegou a subir 1,5 metro nas casas da Rua Antônio Conselheiro, que fica em área de inundação do Ribeirão Anicuns, já na confluência com o Córrego Taquaral. De acordo com a Defesa Civil Municipal, uma parte do Residencial Serra Azul “é uma região catalogada como área de risco, implantado dentro da área inundável do Córrego Anicuns”.

Na lista da Defesa Civil Municipal divulgada neste ano e publicada pelo POPULAR no início do mês, o Residencial Serra Azul é descrito como de risco médio a alto de inundação. Em janeiro de 2023, o setor, também na Rua Antônio Conselheiro, sofreu com a inundação do Ribeirão Anicuns, em que a água chegou aos joelhos dos moradores e uma casa chegou a ficar alagada. Segundo a Defesa Civil, “são realizados monitoramentos constantes e emitidos relatórios detalhados para os grupos de ações emergenciais, a fim de que possam realizar obras preventivas visando minimizar os impactos das chuvas”.

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No caso desta segunda-feira, o CBMGO informou que foi acionado por volta das 20 horas em razão do alagamento no Residencial Serra Azul. “Entre as vítimas estava uma idosa que não conseguia sair de casa. As equipes do CBMGO resgataram cerca de oito pessoas, cujas residências foram invadidas por até 1,5 metro de água. Cinco pessoas de uma mesma família foram levadas para um local seguro, enquanto outras vítimas, como um casal de idosos, também foram resgatadas”, relatou a corporação. Ainda segundo os bombeiros, alguns moradores optaram por não deixar suas casas, mas permitiram o resgate de uma criança de 8 anos, que foi entregue em segurança à mãe. “As vítimas resgatadas se abrigaram em casas de vizinhos e parentes que não foram afetados pela cheia. As buscas foram encerradas sem a identificação de mais vítimas.”

Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), parte do Residencial Serra Azul foi implantado dentro da área inundável do Córrego Anicuns, o que torna a solução do problema “um pouco mais complexa”. “Cabe ressaltar que não se trata de um loteamento regular e parte da área, além de ser inundável, é área brejosa na qual foram necessários diversos drenos para estabilização do terreno. Com a conclusão do Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU), até o final do ano, serão iniciados os trabalhos que visam reduzir os transbordamentos dos córregos, bem como problemas como esse”, informa.

<h2>Moto na enxurrada</h2>

Também foi registrado um problema no Conjunto Vera Cruz, em que um motociclista teve seu veículo levado pela enxurrada. A moto foi encontrada na manhã desta terça-feira (22) pelo Corpo de Bombeiros, a apenas dez metros do local da ocorrência – o condutor saltou quando sentiu a força da enxurrada e nada sofreu. O bairro não consta na lista da Defesa Civil Municipal como uma das 32 áreas de risco da cidade. Entretanto, dos seis bairros em que a instituição informou ter tido alagamento na chuva de segunda para terça, além do Serra Azul, há também o Jardim Mirabel, que é apontado como de alto risco de alagamento.

Além deles, também está na lista a Vila Roriz, na região norte, que já possui longo histórico de alagamentos e inundações em razão da proximidades com o Córrego Botafogo, o Ribeirão Anicuns e o Rio Meia Ponte. Nesse caso, a Defesa Civil Municipal aponta o setor como de risco muito alto de inundação. O estudo “Inundações e Alagamentos na Vila Roriz, Goiânia-GO: um estudo histórico e espacial”, realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Instituto Federal de Goiás (IFG) que atuam na realização do PDDU da capital analisa os motivos do problema nesse bairro em específico.

De acordo com a publicação, divulgada no mês passado, “a análise dos eventos de inundação e alagamentos ocorridos entre 2014 e 2024 indica uma tendência de ocorrência praticamente anual desses fenômenos”. Os pesquisadores identificaram um “considerável aumento da expansão urbana na Vila Roriz”. Seria necessária a implementação “urgente de medidas de gestão de recursos hídricos, com a participação ativa da comunidade, priorizando ações preventivas e eficazes, além de um planejamento urbano que contemple as necessidades da população e os riscos associados aos eventos extremos”.

Sobre os alagamentos registrados no Jardim Mirabel, na Vila Roriz, no Vera Cruz, no João Braz e no Bairro Goiá, a Defesa Civil Municipal informou que “assim que tomaram conhecimento, a Seinfra despachou equipes técnicas ao local a fim de avaliar a situação e tomar as medidas necessárias”. Complementou ainda que é importante destacar “a importância da atuação da Defesa Civil na coordenação de um sistema que envolve diversas secretarias municipais, fundamental para a rápida mitigação de problemas em situações de emergência”. “Além disso, o acionamento do Corpo de Bombeiros para operações de resgate e socorro é essencial, uma vez que também integra o grupo de ações emergenciais”, informa a Defesa Civil. Sobre as chuvas nesta semana, o gerente do Cimehgo, André Amorim, aponta que os eventos ainda estão irregulares na capital, com tempestades em várias regiões.

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Chuvas inundam seis bairros de Goiânia

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Matéria - Cidades

Meio ambiente

Goiânia enfrenta, como muitas outras cidades brasileiras, os impactos de um crescimento urbano intenso associado às mudanças climáticas e à falta de planejamento para o enfrentamento dessa realidade. As enchentes que transformam ruas em rios e afetam a rotina de milhares de pessoas são reflexo das mudanças climáticas e do legado das decisões urbanísticas que priorizaram a expansão, o adensamento e a ocupação da cidade sem considerar os aspectos sustentáveis.

A aprovação do Plano Diretor de 2022 trouxe avanços importantes, mas também deixou lacunas que precisam ser debatidas. Entre elas, a regularização e ocupação de áreas marginais aos córregos, a apresentação de um mapa ambiental da cidade desatualizado, com nascentes ausentes e percursos dos corpos hídricos incompletos, e a exclusão da cota de inundação no cálculo das Áreas de Preservação Permanente (APPs), além do incentivo à urbanização de áreas rurais.

Bairros como o Setor Sul, historicamente consolidados, agora sofrem ainda mais com os efeitos do adensamento urbano de áreas vizinhas, que alteram significativamente a drenagem natural e agravam o risco de enchentes. Essas questões colocam em pauta o desafio de como equilibrar o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.

O cenário atual é o resultado de um processo longo e complexo. A impermeabilização do solo, a redução das áreas verdes e a canalização de córregos como o Botafogo, que deveria funcionar como um sistema natural de drenagem, contribuíram para os problemas que vemos hoje. Não se trata de culpar exclusivamente as administrações públicas, mas de reconhecer que as escolhas feitas por décadas, muitas vezes, ignoraram a capacidade do meio ambiente de suportar essas transformações.

Há, no entanto, uma oportunidade de reverter esse quadro com soluções como a estruturação e aprovação do Plano Diretor de Drenagem Urbana, o aumento das APPs, o resguardo de várzeas e rios perenes e a implantação de corredores verdes. Outras ações são a ampliação das áreas permeáveis, a revisão das ocupações em áreas de risco e a proibição do rebaixamento do lençol freático. Além disso, são medidas necessárias a modernização da infraestrutura de drenagem, com o uso de pisos drenantes, e a reintegração de rios e córregos por meio da criação de parques lineares. Adotando essas e outras estratégias, Goiânia pode se tornar uma cidade mais resiliente às chuvas intensas e aos desafios climáticos.

É importante lembrar que as enchentes não são inevitáveis, mas sim reflexo das escolhas feitas até aqui. Como arquitetos, urbanistas, cidadãos e administração pública, cabe a nós a reflexão sobre como queremos planejar nosso futuro.

Goiânia se aproxima de seu centenário em 2033, e as escolhas feitas hoje serão fundamentais para determinar seu futuro, se será um modelo de equilíbrio entre crescimento urbano e sustentabilidade ou se terá que enfrentar desafios cada vez mais complexos.

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Simone Buiate Brandão é arquiteta e urbanista e presidente do CAU/GO

Como se planejar para enchentes

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Simone Buiate Brandão

Jorge Braga

Charge

Matéria - Charge

Reportagem nesta edição mostra impactos que serão provocados pelo adensamento da Avenida Fued Sebba, autorizado pelos vereadores de Goiânia, por meio de emenda “jabuti”. Urbanistas e engenheiros destacam algumas dessas consequências, em uma área já problemática: trânsito mais saturado e maior volume de enxurradas desaguando no Córrego Botafogo.&nbsp;

O manancial recebe todo a água das chuvas que caem na região sul da capital, o que eleva o nível de seu leito, algumas vezes invadindo a Marginal Botafogo. A liberação do adensamento, que significa a construção de grandes edifícios no lugar de lotes baldios, de imóveis horizontais ou pequenos prédios, tem como consequência óbvia maior impermeabilização e aumento das inundações na via que margeia o córrego.

Ao mesmo tempo, o maior fluxo de moradores e comerciantes resultaria em efeito imediato na mobilidade, com congestionamentos e lentidão. Para evitar tais problemas, que afetam diretamente a qualidade de vida da população e impactam toda a cidade, existe o Plano Diretor, que tem a função de disciplinar o crescimento da capital. Ignorá-lo, por meio de manobras que desprezam estudos técnicos, é um atentado aos goianienses.&nbsp;

Efeitos da emenda jabuti

Editorial

Matéria - Opinião - Editorial

Carro cai dentro de cratera em Goiás

<div attr-cid="policy:1.3221414" attr-version="policy:1.3221414:1737216628" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3221414" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3221414', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3221414">Carro cai dentro de cratera em Goiás (1.3221414)</a></div>

Uma cratera engoliu parte de uma rua em Planaltina de Goiás, no entorno do Distrito Federal. A situação tem preocupado as pessoas que moram próximo do buraco, que surgiu após as fortes chuvas prolongadas na região desde terça-feira (14). Na noite desta sexta-feira (17), um carro caiu dentro de uma outra&nbsp;voçoroca que surgiu com a continuação das chuvas (veja vídeo acima).&nbsp;

O major Gyovana da Cruz Martin, do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM-GO), relatou que na madrugada deste sábado (18) choveu bastante no município.&nbsp;

<cite>O Corpo de Bombeiros monitorou as regiões mais&nbsp; afetadas, e apesar da chuva intensa,&nbsp; não houve necessidade de atuação do Corpo de Bombeiros. As regiões monitoradas foram o Setor Oeste, São José e Iatapuã 1, onde uma cratera engoliu um carro. O condutor do veículo saiu sozinho", relatou o bombeiro.&nbsp;</cite>

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A Prefeitura de Planaltina Goiás, por meio de nota, informou que acompanha os impactos causados pelas tempestades, que resultaram em alagamentos em diversas áreas do município.&nbsp;

<cite>Em virtude da gravidade da situação e com base no alerta laranja emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o prefeito Delegado Cristiomário decretou situação de emergência para agilizar as ações de resposta e assistência à população", cita trecho do comunicado (veja íntegra da nota ao final do texto).</cite>

A prefeitura destacou que 120 pessoas foram orientadas a deixar suas casas. Porém, apenas uma família atendeu ao apelo. Outras famílias, segundo a prefeitura, preferiram permanecer no local e algumas foram para casas de parentes.&nbsp;

<cite>A administração está oferecendo alojamentos coletivos em ginásios e escolas para as famílias que precisarem, enquanto realiza avaliações socioeconômicas para verificar a possibilidade de concessão do auxílio- aluguel, como já é praticado em casos semelhantes de desastres anteriores", acrescentou a prefeitura.</cite>

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Bombeiros resgatam famílias de casas alagadas e cratera é monitorada durante chuvas fortes (Divulgação/CBM-GO)

De acordo com o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), no município choveu mais de 70% da média climatológica prevista para janeiro. Isso teria ocasionado alagamentos em pontos baixos da cidade, como no Setor Oeste.&nbsp;

<cite>Planaltinha já ultrapassou a média climatológica para o mês. E as chuvas continuarão no entorno de Brasília. Nós estamos monitorando de perto a questão da chuva, localmente. A população tem que ficar atenta, pois as chuvas vão continuar acontecendo", prevê o gerente da Cimehgo, André Amorim.&nbsp;</cite>

<h2>Riscos&nbsp;</h2>

<img attr-cid="policy:1.3221417" attr-version="policy:1.3221417:1737216970" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3221417/chuvas_em_goias_e_brasilia_criam_crateras.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Cratera ameaça casas em Planaltina, alerta CBM-GO (Divulgação/CBM-GO)

Por ser mais baixo, o local recebe as enxurradas, o que explica os alagamentos de ruas e casas, pois as galerias de captação pluvial não conseguem suportar a sobrecarga de água. Diante dos riscos, o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM-GO) ressaltou que, no primeiro momento, deslocou militares com embarcação e equipamentos para socorrer as vítimas, que foram retiradas de casas alagadas.

O CBM-GO emendou que os setores afetados com os alagamentos e com o surgimento da cratera são próximos. "O grande volume de água causaram o rompimento de várias manilhas da rede pluvial, que em efeito dominó foram cedendo e sendo arrastadas uma a uma, formando uma enorme cratera ameaçando as várias moradias próximas a essa voçoroca", esclareceu a corporação.

<h2>Íntegra da nota da Prefeitura de Planaltina Goiás&nbsp;</h2>

A Prefeitura de Planaltina Goiás informa que está acompanhando de perto os impactos causados pelas fortes chuvas registradas na manhã de ontem (14), que resultaram em alagamentos em diversas áreas do município. Em virtude da gravidade da situação e com base no alerta laranja emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o prefeito Delegado Cristiomário decretou situação de emergência para agilizar as ações de resposta e assistência à população.

Destacamos que o presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Pedro Sales, está em Planaltina acompanhando de perto a situação e trabalhando em conjunto com a administração municipal.

O Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, a Secretaria de Desenvolvimento Social e outros órgãos municipais e estaduais estão mobilizados para atender as ocorrências, prestar apoio às famílias afetadas e executar medidas emergenciais. Equipes técnicas continuam avaliando os danos para implementar ações de contenção e prevenção de novos alagamentos.

A respeito das 120 pessoas orientadas a sair de suas residências, a Prefeitura informa que, até o momento, apenas uma família deixou sua casa e foi para a residência de parentes. As demais famílias foram orientadas a buscar segurança, mas muitas preferem permanecer ou ir para casas de parentes. A administração está oferecendo alojamentos coletivos em ginásios e escolas para as famílias que precisarem, enquanto realiza avaliações socioeconômicas para verificar a possibilidade de concessão do auxílio- aluguel, como já é praticado em casos semelhantes de desastres anteriores.

Reforçamos nosso compromisso com a população e solicitamos que todos sigam as orientações dos órgãos competentes. Em caso de emergência, entre em contato pelos números oficiais disponíveis.

Seguiremos monitorando o cenário e mantendo a comunidade informada sobre as medidas tomadas.

Assessoria de Comunicação Prefeitura de Planaltina Goiás

Cratera engole parte de rua e preocupa moradores de cidade em Goiás; vídeo

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