O recente aumento de crimes no câmpus Butantã da Universidade de São Paulo (USP), maior universidade pública do País, reflete a realidade em outras universidades do País. No caso da Universidade Federal de Goiás (UFG), eles estão migrando de dentro do câmpus Samambaia para seus arredores. O estudante Heitor Dias Oliveira, 20, teve o celular roubado no ponto de ônibus em frente ao campus da UFG há menos de um mês. Ele esperava sozinho pelo transporte público quando um rapaz de bicicleta o abordou com uma faca, pedindo o aparelho. Ele entregou e foi pra casa. Não registrou ocorrência na delegacia nem avisou qualquer pessoa da universidade. Casos como esses são comuns e, de acordo com a Polícia Militar (PM), atrapalha a identificação e prisão dos autores.A Polícia Civil também aponta que casos ocorridos dentro da universidade são ignorados pelas vítimas, que não procuram o distrito policial para o registro. Escrivão Leonardo Bentes, do 25º DP, diz que o número de casos que ouve falar é muito maior dos que são registrados oficialmente no local. “Ficamos sabendo de casos de furto e até roubo, mas as pessoas não nos acionam.” Mas o escrivão admite a dificuldade em investigar casos dentro da UFG. “Por ser área federal, temos uma série de restrições, além da falta de câmeras de segurança do lado de fora para ajudar na identificação dos suspeitos”.Diretor do Centro de Gestão do Espaço Físico (Cegef) da UFG, Marco Antônio Oliveira confirma que casos de furto e roubo ainda ocorrem dentro e nos arredores da instituição, mas que desde a instalação de 300 câmeras nos dois câmpus da Capital, os registros caíram drasticamente. Os equipamentos estão montados em locais estratégicos e, segundo Marco Antônio, tem surtido efeito positivo. “Estão instaladas em áreas comuns, corredores, locais com grande circulação e locais de entrada e saída.”O diretor informa que há estudos para que novas câmeras sejam instaladas no estacionamento do Campus Samambaia em 2015. O local é hoje onde se concentram a maioria das ocorrências. Aluna da instituição, Maria Eduarda de Sousa, 23, disse ter tido o carro arrombado há seis meses. “Abriram e levaram tudo que puderam. Desde estepe e ferramentas, até carregadores do notebook e do celular que, por sorte, estavam comigo.” Ela afirma que também deixou de avisar a direção da universidade e a delegacia. “Não achei que mudaria minha situação. Só me enrolaria a tarde toda e não teria nada de volta.”ParceriaOliveira espera que, assim como houve redução dos furtos que ocorriam dentro dos prédios da UFG, a instalação de câmeras possa inibir crimes do lado de fora. O diretor acrescenta que a instituição possui contrato com empresa terceirizada de segurança, mas que é impossível coibir todas as práticas, principalmente as que ocorrem depois dos horários de maior movimento. “Temos várias entradas e saídas e por ser pública, tem acesso liberado para qualquer pessoa.” Ele diz que, para coibir casos nos arredores, a PM tem sido convidada constantemente para discutir ações.A PM informou que, por ser área federal, não pode atuar com policiamento ostensivo dentro da instituição, mas que mesmo assim mantém diálogo com a direção da universidade. Oliveira afirma que a PM, apesar de não realizar ações dentro da unidade, pode entrar. Mas o foco da parceria é identificar e prender suspeitos nos arredores. “Enquetes feitas com nossos alunos e funcionários confirma que queremos e precisamos de mais segurança. Por isso fizemos esses investimentos e buscamos comunicação direta com a PM”, destaca o diretor do Cegef.-Imagem (Image_1.714460)