O trabalho de intensificação na fiscalização aos focos do aedes aegypti, transmissor da dengue, chicungunha e zika vírus, vai ser realizado em Goiânia com uma articulação entre os agentes de endemias e os auditores fiscais. O reforço no serviço começa nesta segunda-feira (25), na região sudoeste da capital, onde há maior incidência de criadouros do mosquito.A intensificação das ações vem após uma audiência realizada na última quarta-feira (20) entre a Prefeitura de Goiânia e o Ministério Público por causa do avanço da dengue.O planejamento, conforme o coordenador de fiscalização da Diretoria de Vigilância em Zoonoses, Jadson Moreira, explicou ao POPULAR é para que os agentes de combate às endemias façam as visitas aos imóveis. “Quando houver focos do mosquito e as irregularidades não puderem ser sanadas de imediato, pode ser dado prazo para o morador fazer a correção”, diz Moreira. O retorno pode ser feito pelo agente com a companhia do auditor fiscal, que se identificar que a irregularidade continua, vai aplicar a multa. Há casos que a penalidade financeira é emitida na primeira visita, como na situação de imóveis fechados, que estão sendo abertos pela administração municipal.O secretário municipal de Saúde, Durval Pedroso, afirma que o conhecimento dos agentes de combate às endemias é fundamental para o sucesso do trabalho. “Eles atuam junto com os agentes de saúde e conhecem a região onde estão os maiores problemas.”As pessoas ou empresas que forem descuidadas no combate ao mosquito podem ser multadas em valores que vão de R$ 2.608,81 a R$ 26.088,15 (veja quadro). Neste ano, foram 219 multas. “Não posso afirmar com precisão, mas creio que em torno de 3% dos casos foi neste valor de R$ 26 mil”, diz Moreira.As multas aplicadas podem ter recurso no prazo de cinco dias. Há também a opção de pagamento com desconto. O valor negativo fica vinculado ao CPF ou CNPJ, dependendo se for para pessoa física ou jurídica. Houve até agora a identificação de 23 mil focos do mosquito em 15 mil imóveis da capital. Mais de 644 mil foram visitados.O trabalho de intensificação no combate ao mosquito envolve também Guarda Civil Metropolitana (GCM), fiscais da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano de Habitação (Seplanh) e trabalhadores da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg).A articulação, explica o secretário, vai seguir os mesmos moldes do trabalho realizado no combate ao coronavírus (Sars-CoV-2), que foi realizado nos meses de restrição à circulação de pessoas. “Utilizamos, por exemplo, o apoio da GCM na ação de abertura de imóveis abandonados ou desocupados com o amparo legal”, diz Pedroso.Esta intensificação do combate terá o prazo de 180 dias, o mesmo do decreto municipal que estabeleceu emergência em saúde por causa da dengue. A medida legal implica na simplificação de compras e contratações para frear a doença.LotesPedroso afirma que os agentes de combate às endemias terão o papel também de informar à Amma e a Comurg os lotes com problemas. A limpeza de imóveis serão alvos de cobrança do proprietário. O serviço de raspagem e roçagem tem valor de R$ 4,07 o metro quadrado (m²). Em um lote de 300 m² ficaria em R$ 1.221,00. Há ainda a cobrança de uma multa que varia de R$ 250 a R$ 1 mil.A administração municipal também criou quatro ecopontos temporários, além dos que são fixos e já estão instalados. Os locais recebem entulho, recicláveis e resíduos eletrônicos.O maior empenho em combater os criadouros do mosquito vem frente ao crescimento da dengue. Nas primeiras 15 semanas do ano, Goiânia registrou 30.141 notificações, nove óbitos e há outros 22 em investigação sob suspeita de terem sido causados pela doença. Em todo ano passado foram cinco mortes.O secretário reforça o papel da população no combate ao aedes aegypti. “O mosquito é domiciliar, não se reproduz em grande quantidade fora dos domicílios. Com ações simples, é possível evitar a proliferação.” Rede pública terá exame mais preciso para diagnósticoA Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia se prepara para ofertar nas unidades de saúde o exame NS1. É uma metodologia mais precisa e de diagnóstico rápido da dengue.O titular da pasta, Durval Pedroso, afirma que a maioria dos casos são confirmados por critério clínico. Há muitos casos de hemograma que também contribuem para o diagnóstico. Neste ano, predominam os sorotipos 1 e 2 da dengue. O 2 é mais agressivo e preocupa, sobretudo quando atinge crianças e idosos.O secretário explica também que a dengue é uma doença que provoca uma demanda significativa no sistema de saúde. “O paciente de dengue tem de voltar muitas vezes para orientação quanto aos sintomas, medicamentos ou hidratação, diferente da Covid, que muitas vezes, é encaminhado para internação ou orientado e vai para casa”, explica.