A Justiça tornou réu o comerciante Kleber Nascimento de Melo, de 49 anos, acusado de matar com golpes de barra de ferro a mulher, Jeanny Leonel Ribeiro da Silva, de 30 anos, em Formosa, no Entorno do Distrito Federal. O crime foi na madrugada de 7 de outubro, na residência do casal na zona rural, horas depois de Jeanny ter mandado um áudio para uma amiga dizendo saber do histórico de violência do marido, com quem estaria junto havia cinco anos, e que não queria ser mais uma vítima dele. Na denúncia, o promotor Danilo de Souza Colucci Resende, da 5ª Promotoria de Justiça da comarca de Formosa, afirma que, nos dias que antecederam o crime, o relacionamento “tornou-se permeado por episódios de controle e agressividade por parte do denunciado”. “Kleber, movido por sentimento de posse, passou a restringir a liberdade da vítima Jeanny, impedindo-a de sair sozinha, trancando-a em casa e mantendo-a sob constante vigilância, inclusive acompanhando-a a seu local de trabalho”, escreveu.Danilo afirma que, no dia do crime, houve uma discussão irrelevante entre o casal, mas que foi usada pelo comerciante como justificativa para agir com o intuito de matar a vítima. Ao contrário do que afirma Kleber, o promotor argumentou que o agora réu aproveitou que a mulher estava dormindo, pegou uma barra de ferro e desferiu “violentos golpes contra a cabeça da vítima, impelido pelo sentimento de vingança decorrente de uma suposta traição”. Jeanny morreu no local. O marido fugiu e foi preso no dia seguinte em um posto de combustível, em Goiânia. Ao ser preso, Kleber confessou o crime para os policiais militares que o detiveram, mas alegou que matou a companheira após descobrir uma suposta traição e golpeá-la por trás diversas vezes na cabeça durante uma discussão. Na delegacia, ele disse que a traição havia sido 20 dias antes e que eles tinham decidido se separar, mas ainda residiam na mesma chácara, em um assentamento rural de Formosa. Ele disse que a intenção era vender a chácara, dividir o dinheiro e formalizar a separação. Entretanto, segundo Kleber, ela se recusava a assinar a venda.O juiz André Luiz Figueiredo Ligório, substituto na 1ª Vara Criminal de Formosa, aceitou a denúncia feita pelo MP-GO, mas não se posicionou sobre o pedido de indenização a ser pago por Kleber, no valor de R$ 50 mil, caso venha a ter uma condenação para cada “vítima direta ou indireta da conduta”. O magistrado acatou o pedido da defesa para que seja feito um exame de insanidade mental pela junta médica do Poder Judiciário e o processo principal, sobre o homicídio, foi suspenso temporariamente até sair o resultado. Kleber segue preso. Este é o segundo feminicídio pelo qual Kleber responde na Justiça. Ele também é acusado de matar com quatro tiros, em Bonfinópolis, em fevereiro de 2020, Poliana da Silva Laureano, com quem vivia uma relação extraconjugal havia três anos. Segundo familiares, ela queria terminar a relação. Kleber chegou a fugir, mas se apresentou dois dias após o crime e desde então estava em liberdade. O júri deste caso estava marcado para o dia 6 de novembro deste ano, porém foi adiado a pedido do MP-GO, pois o promotor responsável pelo caso teve de passar por um procedimento cirúrgico.