No mês em que se celebra o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (20), uma preocupação paira sobre a comunidade quilombola Ana Laura, em Piracanjuba, a cerca de 86 km de Goiânia. A única unidade educacional da área, o Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Léo Lynce não abriu matrículas para o ano letivo de 2024. Presidente da associação local, Lucy Helena Roza Tavares teme que a escola seja extinta ou transformada em colégio militar, conforme as informações que chegaram à entidade. “O reconhecimento dessa escola como quilombola foi uma luta de anos de trabalho com os alunos e com a comunidade”, disse ela ao POPULAR. Criada em 2011, a Associação Quilombola Ana Laura representa 250 famílias remanescentes de negros cativos fugidos da mineração de Santa Cruz de Goiás. Segundo Lucy, atual presidente e uma das fundadoras da entidade, seus ancestrais chegaram ali na primeira metade do século 19. “Quando Auguste de Saint-Hilaire passou por aqui já encontrou os casebres do nosso povo.” O botânico francês passou seis anos no Brasil, a partir de 1816, fazendo pesquisa de campo. Entre 1829 e 1832, um guarda-mor português chegou ao local, viu as moradias precárias e pediu autorização à Coroa portuguesa para construir uma igreja no local. Esse foi o embrião de Piracanjuba, fundada em 1855.