Mesmo sem concluir a maior parte das obras que assumiu neste ano, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) assinou, no final de novembro, mais um contrato além das suas atribuições gerais com a Prefeitura de Goiânia. Desta vez, o acordo foi com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs) para a reforma geral de 14 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) para os próximos 12 meses, ou seja, deverá ser reformado mais de um local por mês até dezembro de 2023. Apenas neste último semestre, pelo menos 27 obras municipais foram repassadas para a Comurg.Até então, a companhia tinha apenas um contrato com a Prefeitura, firmado em dezembro de 2021, que abrange serviços de coleta de resíduos sólidos, limpeza urbana e até mesmo de manutenção de espaços públicos diversos, como praças e cemitérios. Desde o final de junho, no entanto, a gestão Rogério Cruz (Republicanos) passou a recorrer à Comurg para a realização de obras mais complexas. Como se trata de uma empresa pública, não é necessário um processo de licitação para a contratação da Comurg para a realização das obras, o que se tornou até mesmo justificativa para a escolha. A primeira delas foi a revitalização da Praça do Trabalhador, cujo serviço era para ser feito em 4 meses e já estava em andamento há dois anos e meio.O Paço fez o rompimento do acordo com a Construtora Ventuno em março e já anunciou que faria um acordo com a Comurg para que a empresa pública, cujo maior acionista é a própria Prefeitura, finalizasse o serviço. A previsão era que seriam necessários 3 meses para terminar os 26% restantes da obra ao custo de R$ 2,6 milhões. Porém, no final de setembro, quando era para ser entregue a revitalização, a Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação (Seplanh), que é a pasta responsável pela Praça do Trabalhador, assinou um aditivo no contrato para mais três meses.No local, segundo a Comurg, o serviço de concretagem e da calçada está em 90% de conclusão, enquanto que as instalações elétricas de baixa tensão e a infraestrutura geral estão praticamente finalizadas. Por outro lado, só 20% das instalações elétricas de alta tensão foram feitas, assim como 42% da parte de acessibilidade. Quanto à construção dos banheiros ainda restam 30% para a conclusão e 35% para a sede da associação dos feirantes da Feira Hippie. Assim mesmo, a companhia mantém a previsão de entrega para “meados de dezembro”, com a estimativa para o dia 22.PraçasNa mesma época, o prefeito Rogério Cruz assumiu o compromisso público de realizar obras de construção ou revitalização de 10 praças a cada 60 dias, em obras que também ficaram a cargo da Comurg e com custos a partir de emendas parlamentares. O POPULAR verificou que para esses serviços específicos, que inclui também reforma de espaços públicos, como quadras poliesportivas, não foi feito um novo contrato com a empresa, mas sim o uso do acordo geral firmado no final de 2021 e que deve ser renovado na virada do ano. Da primeira leva das ordens de serviço assinadas por Cruz, já foram entregues para a comunidade as unidades dos setores Goiânia II e Jardim Vista Bela, e a reforma da praça do Setor Park Solar.Segundo a Comurg, as obras da praça do Setor Residencial Português falta apenas a finalização do piso tátil, enquanto que a unidade do Setor Itaipú está em fase de concretagem das calçadas. No Park Lozandes, bairro em que está localizado o Paço Municipal, a praça ainda recebe os serviços de plantio de grama e instalação de equipamentos urbanos, mas no Eli Forte ainda está sendo executada a terraplenagem. No caso das reformas, a praça do Faiçalville está em fase de plantio de grama e instalação de equipamentos urbanos, mas na Rua T-23 do Setor Bueno a obra não foi iniciada e ainda aguarda definição de projeto.A situação é semelhante com a reforma dos 14 CRAS em contrato que foi assinado no final de novembro. As obras nos locais ainda não foram iniciadas, já que a Comurg “aguarda a entregue dos materiais para iniciação” do serviço. A empresa também não começou a construção da quadra poliesportiva do Setor Progresso, mas a estimativa é que isso ocorra nesta semana, mesmo que a ordem de serviço para tal tenha sido dada em junho deste ano. Nessa mesma época, houve também a inclusão da quadra da Vila Mauá, onde já foi “executada concretagem do campo para instalação da grama sintética”. A estimativa é que nesta semana seja feita a instalação do alambrado e início da construção de vestiários.Outra obra que a Prefeitura passou para a Comurg, desta vez em contrato à parte, como no caso dos CRAS, foi no final de outubro, com a reforma do Cemitério Parque, localizado no Setor Gentil Meireles. Passados 40 dias desde a assinatura do acordo, a empresa afirma que “já estão sendo feito as estacas de fundação do muro de blocos de concreto”. O projeto garante a construção de um muro de 4 metros de altura, o dobro que havia anteriormente. Para esta reforma, a Comurg deve receber R$ 5,8 milhões. Apenas com relação a esses contratos à parte e sem levar em conta as verbas para o projeto das praças e quadras poliesportivas, a companhia vai receber cerca de R$ 18,7 milhões a mais do Paço Municipal para as obras públicas.Empresa possui 55 pedreirosA Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), empresa pública que tem assumido a realização de obras públicas da Prefeitura neste último semestre de 2022, possui em seus quadros de funcionários lotados na Divisão de Obras 55 pedreiros, 50 serventes e 6 engenheiros, segundo dados da própria estatal. Até então, os contratos e as ordens de serviço para a realização dos trabalhos somam pelo menos 27 construções neste semestre, embora 17 delas ainda não tenham sido iniciadas. Ou seja, seria uma média de 3,8 trabalhadores por cada obra assinada, sem calcular os engenheiros.Válido ressaltar que a conta não leva em consideração as demais ordens de serviço para a construção ou revitalização de praças na cidade que ocorreriam a cada 60 dias. A primeira se deu no final de junho, ou seja, pelo menos mais duas levas de locais públicos já deveriam ter sido iniciados. A reportagem apurou que novos espaços tem sido incorporados ao projeto, mas não há a informação de que a quantidade está sendo de acordo com o prometido pela administração e nem mesmo o volume da execução no tempo adequado, o que já não ocorreu com a primeira leva em que apenas três das dez praças ou quadras poliesportivas já foram entregues após 150 dias.No entanto, segundo a Comurg, estes serviços assumidos além do contrato geral que já existe com a Prefeitura desde o final de 2021, que inclui a coleta de resíduos sólidos, limpeza urbana, coleta seletiva e outros, “não interferem nas demais atividades”. O POPULAR falou com servidores da companhia que confirmam a situação e afirmam que, de fato, outras áreas da empresa não estão sendo afetadas pelas novas obras assumidas, tendo sido mantidas as regularidades na coleta de lixo, por exemplo. Há a informação, por outro lado, de que não há a capacidade de realização de todos os serviços assumidos de uma só vez pela Divisão de Obras, de modo que os trabalhos estão sendo feitos paulatinamente e com o tempo além do prometido inicialmente, como na Praça do Trabalhador.Leia também:- Goiás tem 484 obras com recursos federais paradas- Goiânia contribui para encher mar de lixo-Imagem (Image_1.2576501)-Imagem (1.2576506)