A conclusão da reforma de 14 Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de Goiânia segue incerta. Firmado no fim de 2022 junto à Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), o contrato para as <a href="https://opopular.com.br/cidades/goiania-tem-parad-o-de-obras-no-inicio-do-ano-1.3233885" target="_blank">intervenções nas unidades</a> caminha a passos lentos, com apenas três iniciadas. Contudo, desde meados do ano passado as obras não têm grandes avanços. A Prefeitura justifica que tem analisado todos os contratos feitos na gestão anterior, e alega estar priorizando áreas emergenciais, sem dar previsão para a retomada das construções e reparos.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

Celebrado em novembro de 2022 no valor total de R$ 10,35 milhões, o contrato foi feito por dispensa de licitação com o objetivo de realizar a reforma geral de todos os 14 Cras, com “adequação elétrica, estrutural, hidráulica e arquitetônica”. Metade do valor foi pago antecipadamente à Comurg, antes mesmo do início dos trabalhos, ou seja, R$ 5,2 milhões. O prazo inicial era de 12 meses para entrega das obras, sendo que o contrato foi prorrogado por mais um ano em dezembro de 2023, desta forma, até o fim do ano passado.

Nos últimos anos, o histórico da companhia foi justamente de <a href="https://opopular.com.br/cidades/32-obras-do-governo-de-goias-est-o-paradas-1.3237218" target="_blank">obras inacabadas</a>, crises na coleta do lixo – hoje feita pelo Consórcio Limpa Gyn –, e até mesmo uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara Municipal que apurava, dentre outros pontos, os repasses adiantados da Prefeitura à Comurg, bem como escândalos de corrupção. No período, os impasses da companhia foram amplamente divulgados pela mídia e, agora, a gestão de Sandro Mabel (UB) planeja um repasse de R$ 190 milhões para reestruturação financeira da mesma, com a expectativa de torná-la sustentável até o segundo semestre de 2026.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/goiania-tem-parad-o-de-obras-no-inicio-do-ano-1.3233885" target="_blank">Goiânia tem 'paradão de obras' no início do ano</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/32-obras-do-governo-de-goias-est-o-paradas-1.3237218" target="_blank">32 obras do governo de Goiás estão paradas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/com-obras-de-drenagem-paradas-populac-o-enfrenta-rotina-de-transtornos-e-riscos-1.3200529" target="_blank">Com obras de drenagem paradas, população enfrenta rotina de transtornos e riscos</a></div>

O POPULAR mostrou em setembro do ano passado que a Comurg ainda não havia conseguido concluir a reforma nos 14 Cras, mesmo passados quase dois anos do contrato. A companhia alegou, à época, que aguardava a “conclusão de processos licitatórios para aquisição dos materiais” e que as demais obras teriam início após terem sido concluídas as licitações. Contudo, sem especificar uma previsão de finalização para as intervenções já em andamento.

<img attr-cid="policy:1.3237942" attr-version="policy:1.3237942:1741225446" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3237942/Vida Urbana - cras.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Cras Baliza, no Conjunto Baliza, também não teve a obra concluída (Wildes Barbosa / O Popular

A reportagem questionou novamente à companhia e à Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh) – antiga Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs) – se as três obras iniciadas devem ser retomadas e finalizadas, e se há uma previsão para as demais 11 unidades. Em nota, a pasta diz que a “atual gestão municipal recebeu a Prefeitura em situação de calamidade financeira e de saúde, e neste início de gestão prioriza as áreas emergenciais, como a prestação de serviços básicos, que foram abandonados pela gestão anterior”.

O POPULAR também questionou se o contrato deve ser continuado ou rescindido, mas a administração municipal alega apenas que tem trabalhado “na análise de todos os contratos firmados na gestão passada, para que as providências necessárias sejam tomadas”. Diz ainda, portanto, que “na área de assistência social foi identificado a necessidade de melhorias nos prédios, e há interesse em adequar todas as estruturas.” Não há, entretanto, nenhuma previsão de data para retomada das obras.

Em setembro de 2023, o POPULAR já havia mostrado que apenas três das 14 obras haviam começado entre o final de 2022 e início do ano seguinte. São eles os Cras Vila Redenção, Baliza e Recanto do Bosque. À época, a previsão de início para as demais era para outubro daquele ano, o que não ocorreu. Na ocasião, a reportagem visitou todas as unidades que constam no contrato e reparou a precariedade na maioria dos espaços, como infiltração, vidros quebrados, mato alto e pichações.

Em abril de 2024, o POPULAR mostrou novamente que a reforma de 11 Cras seguia apenas no papel. À época, a Comurg disse apenas que estava focada em “finalizar as reformas que se encontram em andamento” – sendo 45% concluído na unidade Vila Redenção, 63% na situada no Recanto do Bosque, além de 75% no Cras Baliza.

Nesta quarta-feira (5), a reportagem questionou a Comurg qual o percentual de execução atual das três unidades. Contudo, não houve resposta até o fechamento desta edição.

Em visita aos Cras Baliza e Vila Redenção, também nesta quarta, percebe-se que a situação se mantém a mesma desde a visita em abril passado. Na unidade mais avançada, que foi fechada e teve o serviço remanejado para outro centro, faltam apenas portas, janelas e telhas, sendo que a parte estrutural está toda concluída.

Já na Vila Redenção há infiltração, lodo, mofo, pichações e vidros quebrados, sendo que apenas o muro havia sido finalizado. Em ambos os espaços, entretanto, tem sido realizada uma poda de manutenção para a retirada do mato alto.

<h2>Unidades são espaço de convivência&nbsp;</h2>

Os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) são abertos à população e promovem projetos através do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), como é o caso do Entre Linhas e Pincéis, iniciativa da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh). Com o objetivo de desenvolver a interação entre os participantes, estimular a criatividade e criar oportunidades de valorização e exposição do trabalho, mulheres idosas produzem ecobags, crochê e panos de prato no Cras do setor Capuava, que atende usuários das regiões Noroeste e Mendanha de Goiânia.&nbsp;

O projeto acontece todas as quartas-feiras pela manhã, com aulas práticas. Os participantes não precisam ter conhecimento prévio sobre pintura para fazer parte da atividade. O Entre Linhas e Pincéis já existe há um ano e tem como público-alvo idosos com mais de 60 anos que frequentam o Cras Capuava. Para fazer parte da iniciativa, é necessário estar cadastrado em algum programa social ou ter acesso à unidade do setor.&nbsp;

Entre as 15 pessoas inscritas no projeto está Acidalia de Albino Santos, de 67 anos. A idosa conta que faz parte do Cras há oito anos e anseia pela chegada de quarta-feira para realizar as atividades. Além de integrar diversos projetos na unidade, Acidalia sente que o convívio com outras pessoas do Centro tem efeitos positivos em sua saúde e destaca: “Fiz ótimas amizades lá, pessoas maravilhosas”.

Goiânia conta hoje com 24 Cras em funcionamento, dentre os que estão previstos para receberem reformas e os Núcleos de Assistência Social (NAS) transformados em centros. As unidades oferecem serviços como o Cadastro Único (CadÚnico) para obtenção de programas sociais às famílias de baixa renda, a exemplod do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC).&nbsp;

Conforme a Semasdh, o cadastro para o CadÚnico passará a ter uma nova plataforma a partir do dia 17 de março. Durante a transferência do sistema, que será conduzida pelo Governo Federal, o atendimento à população deverá seguir normalmente. Beneficiários que precisam realizar cadastro, atualizar informações ou acessar outros serviços podem procurar os Cras ou mesmo a Central do CadÚnico, no Centro de Goiânia.&nbsp;

Após a transição, o CPF será utilizado como número de identificação para o cadastro. Além do CadÚnico, os centros de assistência social ofertam outras atividades, tais como hidroginástica, dança, pintura e palestras. (Mariana Milioni, estagiária do GJC em convênio com a PUC Goiás)

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Conclusão de obras de Cras na capital é incerta

Cidades

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Matéria - Cidades

Saúde

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), enfrenta um novo desgaste com os servidores públicos municipais após a repercussão negativa de uma discussão no Cais Novo Mundo na semana passada. Em vídeo que circula nas redes sociais, Mabel se irrita com as reclamações de um servidor sobre a estrutura da unidade de saúde. “Entenda que está melhorando, bicho. Nós queremos melhorar”, afirma o prefeito.

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O servidor responde: “Mas não é dessa forma”. Em tom elevado, Mabel rebate: “Mas não é dessa forma que você fala também”. Em determinado momento, o prefeito pede para o servidor ser retirado do local.

O episódio gerou reações imediatas de entidades representativas dos servidores. Quatro sindicatos da área da saúde - Sindsaúde-GO, SIEG, Simego e Soego - divulgaram na sexta-feira (28) uma nota conjunta de repúdio aos recentes atos do prefeito. No documento, as entidades criticam a postura de Mabel e sua equipe, que, conforme alegam, têm culpabilizado os servidores pelos problemas estruturais da gestão municipal.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/sindicatos-recebem-denuncias-de-falta-de-medicamentos-em-cais-e-ciams-em-goiania-1.2087951">Sindicatos recebem denúncias de falta de medicamentos em Cais e Ciams, em Goiânia&nbsp;</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/despesa-com-saude-cresce-em-meio-a-crise-na-rede-municipal-1.3189728">Despesa com saúde cresce em meio a crise na rede municipal&nbsp;</a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/coluna-da-cileide/incomodo-da-camara-com-mabel-1.3236440">Incômodo da Câmara com Mabel&nbsp;</a></div>

A nota destaca que as abordagens do prefeito e de sua equipe nas unidades de saúde têm sido marcadas por acusações de que os profissionais “<a href="https://opopular.com.br/politica/mabel-diz-que-cobranca-da-taxa-do-lixo-deve-ficar-para-depois-de-abril-1.3234695" target="_blank">não querem trabalhar</a>”, “não executam um bom serviço” e “não têm compromisso”, além de ameaças de demissão. “Trata-se de uma clara tentativa de responsabilizar os servidores pelos sucessivos erros administrativos que se perpetuam na gestão municipal”, afirmam os sindicatos.

Sobre o episódio no Cais Novo Mundo, os sindicatos criticam a postura do prefeito, que, ao ser informado sobre a falta de medicamentos e insumos, agiu de forma ríspida e desrespeitosa. “Em vez de ouvir e dialogar, o prefeito expulsou o trabalhador que apenas tentava expor as dificuldades enfrentadas no dia a dia daqueles que atuam na saúde”, afirma a nota.

O novo atrito não é fato isolado neste início de gestão do prefeito na capital. Conforme noticiou O POPULAR, logo na primeira semana à frente da Prefeitura, Mabel teve desgaste com o funcionalismo ao editar decretos de calamidade pública na área da Saúde e penalizar, na visão de sindicalistas, a categoria de forma direta. Entre as queixas apontadas à época, a suspensão de férias e licenças.

O prefeito vem divulgando parte de seus arroubos em postagens nas redes sociais. Um dos episódios mais polêmicos, e que provocou debates acalorados, ocorreu em 23 de fevereiro, quando, em “vistoria” no bairro São Francisco, <a href="https://opopular.com.br/opiniao/editorial/policia-municipal-1.3235084" target="_blank">se dirigiu em tom de ameaça a um comerciante</a> em uma distribuidora de bebidas fazendo cobranças sobre o lixo. Após enxurrada de críticas, Mabel defendeu seu tom, em entrevista à CBN Goiânia, e minimizou a repercussão contrária.

Além disso, as entidades sindicais denunciam a atuação da <a href="https://opopular.com.br/opiniao/editorial/policia-municipal-1.3235084" target="_blank">Guarda Civil Metropolitana (GCM)</a>, que, ainda segundo a nota, adentrou unidades de saúde para coagir profissionais durante plantões, exigindo a disponibilização das escalas de trabalho. “Essa conduta representa um desvio de finalidade da GCM, cuja função deveria ser cuidar da segurança do patrimônio público e dos servidores, que frequentemente enfrentam agressões dentro das unidades”, diz o texto.

As entidades reforçam a importância do diálogo como base de um Estado Democrático de Direito, destacando que ele deve ser um espaço para construção de consciência e “compartilhamento de significados”. A nota finaliza dizendo, sem citar Mabel, que “é hora de descer do palanque e assumir a gestão municipal com seriedade, responsabilidade e respeito”.

Mabel tem novo desgaste após discutir com servidor em Cais

Política

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Prefeitura de Goiânia

Enquanto a Prefeitura de Goiânia finaliza a preparação de um decreto que regulamenta a destinação das emendas impositivas dos vereadores, o <a href="https://opopular.com.br/politica/tcm-sinaliza-que-aporte-do-paco-n-o-precisa-de-nova-lei-1.3233883" target="_blank">Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) </a>publicou uma instrução normativa que estabelece diretrizes para a operacionalização dessas emendas individuais nas leis orçamentárias municipais. A medida do tribunal já gera debates sobre as atribuições e competências dos poderes e o impacto na gestão dos recursos públicos.

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Sob a justificativa de garantir maior transparência, publicidade e eficiência na aplicação dos recursos, a instrução prevê que as emendas podem ser genéricas (executadas diretamente pelas prefeituras) ou definidas (vinculadas a programas específicos ou destinadas a entidades privadas sem fins lucrativos) - essa última, devendo conter a apresentação de um plano de trabalho detalhado, incluindo cronograma físico-financeiro, metas e plano de aplicação de despesas.

Secretário-geral de Controle Externo do TCM-GO, Rubens Custódio afirmou nesta segunda-feira (3), em entrevista ao programa Na Trilha da Política, da CBN Goiânia, que a normativa tem caráter “pedagógico e orientativo” e busca alinhar as práticas municipais às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e à Constituição. No entanto, ele ponderou que a instrução não dá “cheque em branco” ao Legislativo, mantendo a atuação <a href="https://opopular.com.br/politica/com-comurg-paco-busca-enquadrar-folha-na-lrf-1.3235992" target="_blank">conjunta ao Executivo</a>.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/opiniao/coluna-da-cileide/incomodo-da-camara-com-mabel-1.3236440">Incômodo da Câmara com Mabel | O Popular</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/emendas-de-vereadores-pagas-a-entidades-n-o-ganham-transparencia-1.3231662">Emendas de vereadores pagas a entidades não ganham transparência </a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/editorial/falta-de-transparencia-1.3232102">Falta de transparência</a></div>

“O tribunal não inova nesse campo, nós repetimos o que o texto da Constituição diz, mas estabelecemos uma padronização de um efeito pedagógico e orientativo para todos os municípios”, afirmou Custódio. “O que é estabelecido? Qual o conteúdo mínimo de uma emenda impositiva para que haja uma rastreabilidade daquele recurso em alinhamento com o que o STF tenha decidido; e estabelece que o recurso decorrente de uma emenda de um vereador quem executa essa despesa é o Executivo.”

Caberá ao Executivo municipal analisar, segundo a normativa, a compatibilidade das propostas com as políticas públicas e a legislação, emitindo parecer fundamentado em caso de impedimentos técnicos, como falta de recursos ou incompatibilidade com programas setoriais, e comunicando formalmente às Câmaras Municipais.

Neste ano, conforme mostrou O POPULAR, as emendas impositivas tiveram boom de destinação para institutos, associações e organizações sem fins lucrativos em Goiânia. O direcionamento para essas entidades foi de 95% - porcentual recorde desde 2020, o primeiro ano de obrigatoriedade da execução dos recursos na capital. Com a previsão em lei que prevê a obrigatoriedade da destinação de metade das emendas para a Saúde, grande parte dos parlamentares dirigiu valores a projetos de unidades móveis de saúde para consultas e exames médicos nos bairros.

Competências

Questionado sobre o papel das prefeituras ao identificar problemas nas emendas impositivas, Custódio afirmou que cada município pode estabelecer seus procedimentos, mas a normativa do TCM-GO exige que haja um parecer técnico do Executivo local em caso de incompatibilidades. Além disso, parcerias com organizações da sociedade civil devem seguir a Lei Federal das Parcerias, reforçou o técnico. “Lá estabelece os balizadores para a atuação em regime de parceria, e a normativa do TCM remete a essa norma. Mas isso não impede que cada município estabeleça a regra própria”, afirmou o secretário-geral de Controle Externo.

Há vereadores que veem a normativa como um avanço para a transparência e o controle dos recursos públicos, mas outros criticam o que consideram uma “interferência indevida” do TCM-GO nas prerrogativas do <a href="https://opopular.com.br/politica/ja-foram-pagos-r-285-mil-de-cota-parlamentar-1.3236962" target="_blank">Legislativo e do Executivo</a>. Lucas Vergílio (MDB) afirmou ao POPULAR que o tribunal está “indo muito além de suas funções” ao criar diretrizes orçamentárias por meio de uma instrução normativa, algo que, segundo ele, deveria ser feito por lei. “TCM é órgão auxiliar do Legislativo. Não compete a ele usurpar dessa prerrogativa e querer legislar”, disse.

O líder do prefeito, Igor Franco (MDB), vê a normativa como uma forma de esclarecer o que já está previsto na legislação. Ele citou como exemplo os impedimentos técnicos, como a insuficiência de recursos para executar uma emenda, que já são previstos em lei.

Luan Alves (MDB), destacou que a falta de recursos não pode ser um impeditivo para a execução das emendas, já que elas são impositivas e os valores estão previstos no orçamento. “A questão da falta de recurso é algo que, tenho certeza, será judicializada para fazer valer a lei”, afirmou Alves.

Ao POPULAR, a secretária Municipal de Governo da Prefeitura, Sabrina Garcêz (Republicanos), informou que nesta semana o Executivo fará “análises” sobre possíveis adequações ao decreto que visa regulamentar as emendas impositivas, baseadas na instrução do TCM-GO. “Vamos compatibilizar se for necessário”, disse a secretária.

Já Fabrício Rosa (PT) enxerga a normativa como positiva, desde que aplicada com ética e transparência. O vereador destacou que a medida está alinhada às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e pode trazer mais segurança jurídica ao processo. “Compreendo que o governo municipal possui legitimidade e pessoal habilitado para analisar tecnicamente o emprego correto das emendas e espero, sinceramente, que essa análise seja técnica e não política”, afirmou Rosa.

O secretário-geral de Controle Externo do TCM-GO reforçou que a corte de contas ainda não tem um levantamento sobre quantas Câmaras Municipais adotaram o recurso das emendas impositivas, já que isso depende de previsão na Lei Orgânica de cada município. Segundo ele, não há prazo para adequação da norma. “O tribunal adotará uma postura orientativa, mas os procedimentos de fiscalização devem começar tão logo concluídos os procedimentos de divulgação da norma”, disse Custódio.

Norma do TCM sobre emendas se antecipa a decreto do Paço

Câmara de Goiânia

Os vídeos do prefeito Sandro Mabel (UB), divulgados em suas redes sociais, em que ele bate-boca com lavadores de carros na Praça Tamandaré, com um comerciante e com um caminhoneiro vendedor de frutas por conta do descarte irregular de lixo, e o vazamento de outro vídeo em que ele discute com um servidor da saúde no Cais Novo Mundo, repercutiram negativamente nas próprias redes do prefeito e na Câmara de Goiânia. A percepção do estilo empresário de Mabel, acostumado a mandar em suas empresas, em vez do perfil de um líder político, que ouve e faz a mediação de conflitos, deu vazão aos incômodos que já rondavam o Legislativo.

Durante o mandato de Rogério Cruz houve uma exorbitância indevida da Câmara sobre as competências do Executivo. A casa perdeu poder político na atual gestão. E isso é positivo, afinal os “prefeitinhos” ajudaram a piorar a gestão de Rogério. Mabel não convocou o Legislativo no recesso parlamentar, como aventou antes da posse, regulamentou por decreto (publicado nesta quarta-feira, 26) a aquisição de vagas em escolas particulares para reduzir o déficit nos CMEIs; e criou um plano de reestruturação da Comurg, com previsão de repasse de R$ 190 milhões do Tesouro à empresa sem passar pela Câmara. Essa foi a ação que mais impactou os vereadores.

O incômodo era manifestado publicamente por poucos parlamentares, só por aqueles que mais concentraram poder na Comurg no passado e que agora ficaram no vácuo. Contudo, na sessão de quarta-feira, o grito de descontentamento ecoou nos discursos de vários deles, além da bolha inicial. Ironicamente, quem usurpou poder, sente, neste momento, apropriação indevida de suas funções, com a exclusão do Legislativo das principais decisões administrativas. No caso da Comurg, a prefeitura negocia diretamente com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) a elaboração de um termo de ajustamento de gestão (TAG), que pretende apresentar também ao Ministério Público, para aplicação dos R$ 190 milhões na Comurg.

A mesa diretora da Câmara passou a semana quebrando cabeça sobre como entrar no processo da Comurg. Assessores legislativos admitem que o prefeito pode fazer o aporte financeiro à empresa sem passar pela Câmara. Só que dizem não haver rubrica na Lei Orçamentária Anual (LOA) para destinar recursos à empresa, além dos pagamentos previstos em contratos pela prestação de serviço da limpeza urbana. Sem rubricas orçamentárias, dizem que a prefeitura terá de recorrer à Câmara, seja para pedir a suplementação por meio de projeto de lei complementar, que exige quórum qualificado, ou para pedir crédito especial à Comurg, este por projeto de lei ordinária, com quórum simples.

As tratativas da prefeitura com o TCM avançaram pouco e nem começaram com o Ministério Público, onde o projeto tende a enfrentar mais resistência. Com isso os vereadores ganharam tempo. E, claro, vão querer bem mais do que ouvir a apresentação do prefeito do plano de recuperação, prevista para a próxima semana. Vão querer participar da definição deste plano. Isso exigirá de Mabel a habilidade de negociar e conciliar ao mesmo tempo em que impede que vereadores atravessem a fronteira que separa as competências de cada poder, preservando suas prerrogativas de prefeito.

Caiado 2026

A divulgação da pesquisa Quaest, quinta-feira (27), e o fogo amigo contra o lançamento da candidatura de Ronaldo Caiado à Presidência da República, em 4 de abril, em Salvador (BA), revelam dois desafios para a consolidação do projeto eleitoral do governador. De acordo com a Quaest, à exceção de Goiás, Caiado é desconhecido por mais de 60% dos eleitores dos oito estados pesquisados (SP, MG, RS, PR, BA, PE, RJ e GO). Além do desconhecimento, o governador enfrenta a oposição de bolsonaristas, que querem deter o monopólio da direita, e de companheiros do União Brasil. A largada de sua campanha, em abril, visa romper seu anonimato, mas ele terá de enfrentar a oposição no UB e os bolsonaristas. Em outras palavras, passar nas prévias da direita.

Incômodo da Câmara com Mabel

Opinião

Opinião - título

Cileide Alves

Matéria - Opinião - Cileide

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, pretende utilizar a atual sede do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO), na Rua 68, no Centro, para implantar um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) que serviria para atender filhos dos trabalhadores da Região da 44 - que fica bem próxima ao local. A questão já foi tratada com a direção do tribunal, que informou a previsão de desocupar o prédio em outubro deste ano. Os demais andares devem ser aproveitados para instalações da Secretaria Municipal de Educação (SME).A instalação do Cmei é prevista em meio a outros planos da Prefeitura em relação à 44, como a retirada de ambulantes do local. O prefeito reafirmou esta semana em entrevista à TV Anhanguera a determinação em remanejá-los, estabelecendo prazo até o fim de março.Há proposta de criação de aluguel social, que seria subsidiado pelos empresários, para que os ambulantes ocupem espaços vazios nas galerias da região ou em feiras existentes nas proximidades. O TCM-GO funciona na Rua 68 desde 1994. Na ocasião do acerto de transferência para a antiga sede da Assembleia Legislativa de Goiás, em 2022, havia intenção da Câmara de Goiânia de utilizar temporariamente o prédio do Centro para algumas de suas atividades. A direção da Casa informou, no entanto, que com as obras de ampliação da própria Câmara não haverá mais necessidade de uso.

Prédio do TCM vai se tornar Cmei para atender a trabalhadores da região da 44

Nova sede

O Popular