Atualizado às 20h06Após a morte de Diogo Soares Carlo Carmo, de apenas 5 anos, na sala de espera do Hospital Materno Infantil (HMI), na tarde de quinta-feira (28), o Conselho Tutelar esteve na unidade para apurar o atendimento oferecido à criança. O órgão espera, agora, o resultado do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) de Goiânia para verificar se houve, ou não, omissão no socorro da vítima. Além disso, o Conselho, juntamente com o Ministério Público de Goiás (MP-GO) protocolaram uma ação na Justiça, por meio da 82ª Promotoria, com denúncias identificadas no Centro de Atenção Integrado à Saúde (Cais) de Campinas, onde a criança buscou o primeiro atendimento.A Conselheira da Região de Campinas, Vera Lucia Pereira da Silva, afirmou que os Conselhos estão, há um longo tempo, constatando a falta de atendimento nos cais da região e que essa seria uma das causas que acabou levando a criança à morte, já que a mãe, Ana Caroline Soares, procurou socorro, primeiramente, no Cais Campinas. “Ela buscou ajuda no Cais, não foi atendida como precisava e procurou o HMI, chegando lá às 3h da manhã”, diz.“Nós temos o relatório médico, o HMI prestou o serviço imediato de reanimação, o corpo foi encaminhado pro SVO e também foi levantada a hipótese de meningite”, disse. “A criança tinha síndrome de Down, era cardiopata e estava com um quadro de pneumonia avançada. Nós vamos juntar todos esses dados, aguardar o laudo do SVO e encaminhar para as instâncias”, explica. Além disso, serão realizados testes para H1N1, dengue e meningite. Ainda não há previsão de quando esses laudos ficarão prontos e os resultados são entregues direto para a família.Em nota, o HMI afirma que Diogo passou pela classificação de risco, sendo classificado como ficha amarela. Em seguida, foi atendido por um pediatra, onde foram "iniciados os procedimentos terapêuticos e diagnósticos". A criança teria, então, permanecido nas cadeiras com a mãe, aguardando vaga em leito. "O quadro da criança evoluiu com muita gravidade não respondendo às manobras de ressuscitação na sala de reanimação, e às 13:55 foi constatado óbito", diz a nota. O HMI informa também, que encontra-se em constante superlotação, o que levou a criança a aguardar nas cadeiras. O corpo de Diogo foi velado na manhã desta sexta-feira, no Jardim Guanabara I, em Goiânia. O sepultamento aconteceu às 15h, no Cemitério Jardim da Saudade, no Parque dos Buritis, na capital.Saúde municipalVera pontua, também, que uma comissão de conselheiros tutelares foi montada para fiscalizar os atendimento de saúde e que essa comissão deve se reunir com a secretária municipal de saúde, Fátima Mrue, no próximo dia 9. "Nós abordamos ela em um Mutirão da Prefeitura e entregamos a notificação para que ela comparecesse ao Conselho Tutelar para prestar esclarecimentos sobre as situações presenciadas pelos conselheiros. Ela confirmou sua presença, via assessoria, para o dia 9 de abril", pontuou Vera.Por meio da fiscalização feita no mês de março pelo conselho no Cais, foi verificado que a unidade está sempre superlotada e com falta de médicos, principalmente pediatras. Informações do relatório feito pelo Conselho e protocolado juntamente pelo Ministério Público na Justiça detalham que o atendimento pediátrico na unidade, divulgado das 7h às 19h não funciona. Hoje (29), por exemplo, como relatado por Vera, o atendimento teria começado às 9h10, com duas horas de atraso. As denúncias dão conta, também, que a partir do período da tarde, crianças que procuram o atendimento já não são classificadas para atendimento e que nem mesmo aquelas que aguardam consulta desde o período da manhã têm garantia de ser atendidas até às 19h.Por nota, a Secretaria Municipal de Saúde pontua que nesta sexta feira, no período diurno, quatro pediatras fizeram o atendimento no Cais Campinas e que, em média, são atendidas cerca de 200 crianças diariamente. Sobre o caso de Diogo, diz que o paciente foi atendido no Cais Campinas na última segunda-feira (25), com queixas de alergia e febre naquele dia. O exame de sangue estava normal. Ele recebeu atendimento e foi medicado de acordo com o quadro clínico que se apresentou no momento.