As cinco cidades goianas com mais casos confirmados de Covid-19 – Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Águas Lindas e Valparaíso de Goiás – tiveram na sexta-feira (29) o pior índice de isolamento registrado por monitoramento telefônico desde a publicação, em 19 de abril, do decreto estadual que flexibilizou as medidas restritivas para conter o avanço do novo coronavírus (Sars-CoV-2).Aparecida e Anápolis registram pela primeira vez índices abaixo de 34%, enquanto Goiânia ficou bem próximo dos 35%. Valparaíso, com 35,5% foi o segundo melhor índice, atrás de Águas Lindas, que registrou 36%, mas ambos bem longe dos 50% mínimo de isolamento recomendando por profissionais de saúde e autoridades para se conseguir evitar a propagação rápida do vírus.Estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) mostra que existe uma relação entre a queda do índice de isolamento e o aumento da taxa de contágio do Sars-CoV-2, que já foi de 1,1 no começo de abril e hoje estaria em torno de 1,6, segundo a última nota técnica divulgada pelo grupo de pesquisadores da UFG que acompanham os cenários da epidemia no Estado.Considerando apenas os dias úteis, a queda tem sido constante em todos os municípios desde o final de março, mas inclusive a partir de 11 de maio, quando o governador Ronaldo Caiado (DEM) chegou a sugerir um decreto mais rigoroso de restrições, mas recuou ao não encontrar apoio dos prefeitos e da sociedade civil e empresarial organizada. Desde esta data, na média semanal, Valparaíso perdeu 1,4 ponto percentual, Goiânia, 1 ponto, Anápolis, 0,8 ponto, Águas Lindas, 0,6 ponto e Aparecida, 0,5 ponto.Em Aparecida, o Comitê de Prevenção e Enfrentamento da Pandemia do Coronavírus, que reúne representantes da prefeitura e de entidades civis e empresariais da cidade, aprovou uma proposta do executivo municipal para fazer um escalonamento do comércio por regiões a partir, possivelmente, da próxima semana.O titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida, Alessandro Magalhães, disse que o projeto deve ficar pronto na quarta-feira (3), quando então será detalhado ao público e que no momento não havia como antecipar detalhes de como se dará este escalonamento. Ele adiantou que é diferente do modelo adotado por Goiânia, que prevê abertura em horários diferentes dos comércios e serviços.“O prefeito (Gustavo Mendanha) já vinha manifestando preocupação com o baixo índice de isolamento e a intenção com esse projeto de escalonamento é voltarmos a alcançar os 50%”, comentou Alessandro.Já a prefeitura de Anápolis diz ser impossível alcançar o “índice ideal de 50%” por estarmos em um cenário “onde boa parte das atividades econômicas está liberada”. “Para que este grau de isolamento fosse atingido, a maior parte destas atividades teria que ser suspensa, o que causaria um alto impacto na vida do cidadão, pois grande parte da população está saindo às ruas para garantir o seu sustento diário”, informou por meio de nota.Ainda na noite, o executivo municipal de Anápolis destaca que a regulamentação das atividades locais está de acordo com a situação de risco da cidade, “que é calculada tendo como base matriz de risco que leva em consideração a quantidade de casos confirmados e a capacidade de atendimento do sistema de saúde público, em especial os leitos de UTI”. “No momento, segundo esta matriz, Anápolis permanece em ‘risco leve’.”O governo estadual informou que sua posição sempre foi pelo isolamento e por medidas mais rígidas, mas que cabe aos prefeitos “seguir ou não o decreto estadual de 19 de abril, que até então vinha mantendo achatada a curva no Estado”. Grupo técnico que desenvolveu a base de sustentação deste decreto defende que se ele fosse seguido na íntegra seria possível chegar aos 50% de isolamento.“O governo reitera que vem mantendo contato constante com prefeitos e com pesquisadores da UFG, tendo, inclusive, realizado uma videoconferência na última semana sobre levantamento da universidade. Somente com a união de todos, incluindo autoridades municipais, empresários e a própria população, é que conseguiremos, de forma mais intensa, combater a propagação da Covid-19 em Goiás”, afirmou o executivo estadual por nota.-Imagem (1.2062456)