-Imagem (Image_1.1963327)O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG), em Goiânia, alcançou nesta segunda-feira (1º) a lotação máxima pela primeira vez dos dez leitos de UTI oferecidos para casos de Covid-19. A unidade é referência para atendimentos de pacientes mais graves, com múltiplas comorbidades. Pelas vagas de UTI já passaram 52 pessoas infectadas ou com suspeita de infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), sem nenhuma morte registrada.A situação é mais crítica do que quando lotou, na última quarta-feira (27), o Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC), também na capital, que oferece 30 leitos de UTI, mas atende casos graves menos complexos que os encaminhados para o HC. Vão para a unidade ligada à UFG casos como de pacientes que tiveram acidente vascular cerebral (AVC) ou enfarte ou que precisam de cirurgia. No fim de semana, um paciente com Covid-19, por exemplo, passou por uma cirurgia toráxica no HC.“Hoje somos o único hospital que consegue oferecer isso tudo, com capacidade para todas as cirurgias, por isso que para cá vêm os casos mais graves, com multinfecção, AVC, enfarte. E todos os pacientes que passaram por aqui se recuperaram”, comentou o diretor-geral do HC, José Garcia Neto.Levantamento feito pelo POPULAR desde 19 de abril mostra que o momento mais crítico do Hospital das Clínicas começou na sexta-feira (29). Até então, a ocupação dos leitos de UTI girava sempre em no máximo 50%. O total de vagas varia conforme o tipo de paciente, se foi confirmada ou não a infecção. Isso porque os casos suspeitos exigem leitos de isolamento, que ocupam um espaço maior. Com todos suspeitos, o HC tem capacidade de até quatro leitos. Se todos são confirmados, aí pode chegar até a dez, como é o caso nesta segunda-feira.O diretor-geral do HC afirma que existe a previsão até meados de junho de abertura de mais oito leitos de UTI, mas que isso depende do encaminhamento de profissionais de saúde aprovados em processo seletivo temporário feito pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), organização social que administra hospitais universitários. A reportagem não conseguiu contato com a entidade nesta segunda-feira para mais detalhes da seleção.Outra alternativa está no prédio novo do HC, no Setor Universitário, com capacidade para até 78 leitos de UTI, mas que ainda não está em funcionamento. A UFG negocia com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para que esta contrate os leitos que necessita para Covid-19. A Ebserh só deve assumir o prédio e colocá-lo para atendimento após a pandemia, mas até lá a Fundação de Apoio ao HC (Fundahc) assumiria a gestão destes leitos e faria o contrato com a SMS de Goiânia. O reitor da UFG, Edward Madureira, diz que a instituição tenta adquirir respiradores e equipamentos para estruturar os leitos de UTI no novo prédio do HC e que já recebeu recursos para isso, por meio de repasses de verbas da bancada goiana no Congresso Nacional e doação de recursos do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) em Goiás e da Justiça Federal e Trabalhista.Edward afirma que os recursos do Sicoob serão usados para concluir a montagem de 20 respiradores mecânicos produzidos pelo projeto Pneuma da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC) da UFG. Estes equipamentos podem ser usados de forma emergencial nos leitos de UTI. Eles ficaram prontos em tempo para enfrentar a epidemia e já foram testados pela equipe médica da universidade. “Falta apenas a análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).”Ainda segundo o reitor, no momento, a maior dificuldade está em adquirir os respiradores. “Isso é o que está segurando estes leitos. Conseguindo os respiradores, vamos habilitar os leitos no Cnes (cadastro do Ministério da Saúde que permite o repasse de verbas federais para as prefeituras custearem as despesas com leitos do SUS), a fundação pode contratar os profissionais para trabalharem na UTI e as prefeituras nos contrata.”O número de leitos que a SMS pode contratar do HC depende da demanda e de a UFG conseguir encontrar equipamentos em tempo hábil. Garcia Neto diz que os fabricantes de respiradores que apareceram até agora pedem no mínimo um prazo de 90 dias para a entrega, o que seria muito tarde para as necessidades da capital durante a pandemia. Em nota, a SMS informou que “tem interesse em contratar tais leitos, que são um total de 40, sendo 28 para Covid-19, desde que estejam montados”. Mais 20 leitos críticos em dois hospitaisO Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia, da rede estadual, e o Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC), também na capital, aumentaram cada um mais dez leitos de UTI o total ofertado para casos suspeitos ou confirmados de Covid-19. Com isso, o primeiro tem 50 vagas e o segundo, 40.No caso do HMMCC foram liberados para regulação do município mais sete leitos na tarde de segunda-feira (1º). Os outros três estariam disponíveis a partir de terça-feira (2), mas foram antecipados para a noite anterior. A situação na unidade está mais administrável após a UTI ter lotado no dia 27 de maio. Sem contar os novos leitos ofertados, havia nove vagas na noite de segunda.Já o HCamp, que ainda tem a possibilidade de oferecer até 70 leitos críticos, chegou ao maior número de pacientes atendidos no domingo, quando atingiu 35 internações. Na noite de segunda, eram 31 pessoas ocupando as vagas de UTI.Na rede particular, a segunda-feira foi mais calma para as unidades filiadas à Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), que divulgam um boletim diário com o número de internações e oferecem cem leitos de UTI para Covid-19.Após ter um pico de 52% destes leitos ocupados na quarta-feira (27) e de 91 pacientes internados (incluindo aí os de enfermaria) na sexta-feira, estes hospitais estavam com 39 internações em UTI e 32 em enfermaria, somando 71 pacientes.A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES) não atualiza o painel com os dados sobre internações por Covid-19 desde sexta-feira (29), quando registrava um total de 126 pacientes em leitos de enfermaria e 93 em UTI.