Acusado do assassinato de seis mulheres, dois anos após ser condenado por uma das mortes, o artesão José Vicente Matias, o Corumbá, de 43 anos, será levado hoje ao Fórum de Goiânia. Às 10 horas, Corumbá será submetido a exames psicológicos por médicos da Junta Médica Oficial do Tribunal de Justiça de Goiás para comprovar se tem mesmo problemas psicológicos graves que o tornam semi-imputável, ou seja, incapaz de entender o caráter ilícito dos seus atos.A avaliação foi pedida por um juiz criminal de Minas Gerais (MG), onde Corumbá também está sendo julgado por ter matado uma adolescente de 16 anos, crime ocorrido em 1999, e provavelmente o primeiro homicídio dele. Corumbá confessou ter matado a adolescente Natália Canhas Carneiro, em Três Marias (MG). Ela desapareceu em setembro de 1999 e o corpo, com lesões no crânio e sinais de violência sexual, foi encontrado um mês depois.O exame será feito em Goiânia porque Corumbá está preso na Penitenciária Odenir Guimarães, em Aparecida de Goiânia, para onde foi transferido após ter sido condenado em junho de 2008, pelo 1º Tribunal do Júri de Goiânia. A condenação em Goiás foi pela morte de outra adolescente da mesma idade, a estudante Lidiayne Vieira Melo, de 16, ocorrida em janeiro de 2004, no Jardim Curitiba 4, na capital.Antes, Corumbá estava detido no presídio de São Luís (MA) ? onde ele também é acusado de matar duas turistas, uma alemã e outra espanhola ?, a exemplo do que fez na Bahia, onde confessou ter assassinado uma artesã de 25 anos em Lençóis, cujo corpo nunca foi localizado.Na época do julgamento dele em Goiânia, a defesa de Corumbá também garantiu que ele seria semi-imputável, pois laudos psiquiátricos juntados aos autos demonstraram que ele sofre de transtorno de personalidade antissocial provocado pelo uso excessivo de drogas. No entanto, apesar das alegações da defesa, o corpo de jurados preferiu acreditar na tese do promotor de Justiça Gleibson Rezende. Ele afirmou que, na hora do crime "Corumbá era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se sobre o que fazia."Magia NegraAlguns dos crimes praticados por Corumbá foram cercados pelo consumo de drogas e por rituais de magia negra. O próximo homicídio que ele planejava praticar, segundo admitiu ao ser preso no Pará, em março de 2005, seria em Belém. Ele dizia que ouvia vozes e obedecia ordens diabólicas para matar sete mulheres e que faltava apenas uma para cumprir a meta. Foi assim que a polícia confirmou que ele já havia feito seis vítimas. Em Goiás, além de Lidiayne, ele matou a turista israelense de origem russa Katryn Rakitov, de 29, crime cometido em Pirenópolis, em abril de 2004. O corpo foi encontrado com o rosto desfigurado. Ela foi enterrada perto de uma cachoeira.Nascido em Firminópolis, na região do Mato Grosso Goiano, foi na cidade de Rio Quente onde Corumbá foi preso pela primeira vez por dois estupros, em 1998, aos 32 anos. Mas ele fugiu. Ele também cometeu estupros em Colinas do Sul.NA HISTÓRIAA escalada do maníacoAos 7 anos de idade José Vicente Matias, o Corumbá, deixou a casa da família em Firminópolis, após a morte da mãe. Viveu pelas ruas muitos anos e se tornou artesão. Na sua escalada de crimes, atacou mulheres de 14 a 49 anos de idade.Tudo indica que o primeiro homicídio foi o de Natália Canhas, em Minas Gerais, em 1999. Um ano depois matou a artesã Simone Pinho na Bahia. Em Goiás, estuprou duas garotas em Colinas do Sul em 2001. Em 2004, matou Lidiayne Vieira ( Goiânia) e a israelense Katryn Rakitov ( Pirenópolis). No Maranhão, matou a alemã Mariane Kern e a espanhola Nuria Fernandes (2005).