O Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) perdeu na última semana ao menos três especialidades (musicoterapia, reumatologia e psiquiatra) e os pacientes que eram atendidos pelos profissionais destas áreas ainda estão com o futuro incerto. Enquanto o hospital afirma que haverá remanejamento por meio da Central de Regulação de Vagas da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) até que outros profissionais sejam contratados, a pasta municipal diz que não foi notificada e que sem uma decisão judicial, além de não regular os pacientes da unidade, continua fazendo encaminhamentos de novas demandas.Apenas na reumatologia, que tinha uma única profissional da instituição, havia 72 pacientes atendidos por mês. Na psiquiatria, mais 68 mensalmente. As demissões fariam parte do Plano de Demissão Voluntária (PDV) da Associação Goiana de Integralização e Reabilitação (Agir), a organização social (OS) que gerencia o hospital. Já são 85 adesões de médicos e outros profissionais da saúde ao plano. Os números foram repassados pela OS. Entre os colaboradores, há mais de 30 recepcionistas. De acordo com profissionais demitidos e também alguns que ainda compõe a equipe do local, o novo contrato firmado entre a OS e a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) prevê diminuição de verba e meta dobrada, o que estaria impossibilitando a continuidade dos serviços. A renovação do contrato da SES com a Agir foi realizada no último mês de abril. “Está difícil trabalhar por aqui. Antes trabalhava por três e agora vou ter que trabalhar por seis. Mesmo com o quadro completo não conseguimos atender toda a demanda que chega ao Crer. A perda de profissionais vai piorar essa realidade que já é difícil”, pontua um profissional da unidade que pediu para não ser identificado.Um outro profissional da saúde, que não quis se identificar, afirmou que além das demissões, alguns cargos estão sendo extintos. Além disso, cargas horárias estariam sendo modificadas com o objetivo de reduzir salários. “Estão deixando os funcionários sem opção de escolha. Mudam carga horária e diminuem os salários. Quem não aceita é mandado embora. Está um caos”, completa. Em nota, o Crer afirmou que “as adequações promovidas no corpo clínico do hospital não guardam nenhuma relação com a renovação do contrato de gestão, mas sim uma decisão dos profissionais em não manter o vínculo celetista com a instituição.”A SMS afirmou que ainda não foi oficialmente comunicada da redução da oferta. “A Secretaria Municipal de Saúde tem convênio firmado com o Crer, o qual estabelece metas a serem cumpridas. A contração de RH não pode interferir na oferta do serviço, passível de aplicação das penalidades previstas em lei”, explicou a pasta. O Crer disse que vai enviar o documento até segunda-feira, dia 13, com todos os levantamentos necessários.O Crer afirma também que os profissionais da psiquiatria que deixaram os cargos assim o fizeram por “questões de mercado e por decisão individual”. Ainda segundo o centro, os órgãos de fiscalização trabalhistas não reconhecem a possibilidade de contratação de profissionais médicos como profissionais liberais e não como celetistas, o que, no entendimento da OS, dificulta os processos seletivos. “Esse rigor, se mantido, será certamente um dificultador para o retorno dessas especialidades”, afirmou, em nota.Metas cumpridasA SES-GO informou que não foi oficialmente notificada sobre dificuldades na prestação de nenhum serviço no Crer, e que a unidade segue prestando assistência dentro do perfil de atendimento e que a Agir possui metas a serem cumpridas. Em nota, disse que a OS tem autonomia para realizar os trâmites processuais de contratação previstos na legislação. Enquanto isso, disse que cabe à Regulação de Goiânia - que possui gestão plena -, quando comunicada, redirecionar os pacientes para outras unidades que ofertam os serviços até que a situação retorne à normalidade.-Imagem (Image_1.1795728)