A Delegacia de Homicídios investiga ainda se a execução do empresário Fabrício Brasil Lourenço, em 2025, tem ligação direta com o homicídio de Adriano Oliveira Arantes, ocorrido dois anos antes no mesmo local, em 2023. Ele era próximo ao empresário e frequentava os mesmos ambientes. No entanto, não possuía histórico conhecido de envolvimento com esquemas financeiros, crimes sexuais ou investigações de grande porte. Justamente por essa diferença de perfil, os investigadores passaram a trabalhar com a hipótese de que Adriano possa ter sido morto por engano.Durante a apuração, a Polícia Civil identificou que, na véspera do assassinato de Adriano, houve uma consulta ao nome dele em um sistema interno de segurança pública feita pelo policial militar, do Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), Murilo Cesar de Sousa Ribeiro. Esse tipo de acesso é restrito e exige justificativa operacional. O registro da consulta ficou gravado nos logs da plataforma e foi recuperado pelos investigadores. Ao ser localizado e ouvido, o Murilo informou que não se recordava do acesso e alegou que não estava de serviço no dia em que a pesquisa foi realizada. Os investigadores consideram a consulta um elemento importante da investigação, pois indica que havia interesse prévio em identificar a vítima sem explicação formal para acesso. Alessandro Regys de Carvalho, suspeito de ser mandante do assassinato de Fabricio, atuou na Rotam em duas ocasiões, de 2003 a 2010 e de 2012 a 2014. Durante o interrogatório do Coronel Alessandro Regys de Carvalho, os investigadores explicaram que havia, no entendimento da equipe, semelhanças entre as mortes de Adriano e a de Fabrício. Em seguida, os investigadores questionaram o Coronel sobre a consulta realizada pelo policial militar Murilo feita no sistema às vésperas da morte de Adriano, querendo saber se ele conhecia esse agente.Em resposta, Alessandro afirmou que não conhecia o policial pelo nome naquele primeiro momento, e ressaltou que hoje não conhece todos os oficiais da Rotam. Em seguida, ao receber uma foto enviada pelos próprios investigadores, ele então reconhece Murilo apenas de fisionomia, dizendo que se lembra de já ter visto na Rotam, mas deixa claro que nunca teve amizade, vínculo pessoal ou qualquer tipo de relação próxima com ele.No encerramento desse bloco de questionamentos, a Polícia Civil deixou claro ao Coronel que a linha investigativa sobre Adriano seguia aberta justamente por causa da consulta irregular no sistema e da hipótese de erro de alvo. Diante disso, Alessandro foi perguntado se tinha qualquer informação adicional que pudesse ajudar a esclarecer essa possível conexão entre os dois crimes. Ele negou novamente qualquer participação, qualquer conhecimento prévio da vítima de 2023 e reiterou que jamais realizou ameaças, perseguições ou atos fora da legalidade, seja contra Adriano, seja contra Fabrício.