-Imagem (1.1287939)O presidente Michel Temer assinou, nesta segunda-feira (5), o decreto de expansão do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), na Região Nordeste de Goiás. Com a ampliação, a unidade de conservação situada até então entre os municípios de Alto Paraíso e Cavalcante passa a ocupar áreas em Nova Roma, Teresina de Goiás e São João D'Aliança.Pelo decreto presidencial, o PNCV passa de 65 mil hectares para 240 mil hectares, como adiantou o POPULAR na edição de 31 de maio. A decisão, anunciada no Dia Mundial do Meio Ambiental, foi comemorada por ambientalistas que fazem, há anos, uma campanha em prol da ampliação para a proteção de um importante remanescente do bioma Cerrado. "Esperamos iniciar um processo de ordenamento dos atrativos que estão na nova área para viabilizar a visitação", disse o chefe do PNCV, Fernando Tatagiba.O novo mapa traz duas áreas descontínuas, cortadas pela BR-239. A maior delas, de 222 mil hectares, engloba o desenho atual do parque, por onde passa o rio Preto. A menor, de 18 mil hectares, inclui a região do rio dos Macacos e a localidade conhecida como Sertão Zen, no município de Alto Paraíso.Entre os novos atrativos está a Cachoeira Santana, em Cavalcante, que poderá ser visitada após a abertura de uma nova entrada para o parque. Entretanto, o portal norte do PNCV ainda não tem data para ser construído. A ampliação era alvo de disputa entre ambientalistas e ruralistas da região. "Hoje a gente tem a segurança que a grande maioria das ocupações foram retiradas da proposta, assim como os atrativos privados com gestão, para reduzir ao máximo os conflitos", afirmou Tatagiba.HistóricoApesar da disputa ter se acirrado nos últimos dois anos, as tentativas de expansão da área de proteção são bem mais antigas. Criado em 1961 com 625 mil hectares, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros sofreu sucessivas reduções de tamanho, até chegar a 65 mil hectares, ou seja, aproximadamente 10% da área original. Em 2001,o então presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a decretar a ampliação para 240 mil hectares, mas a medida foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por falhas no processo e pela não realização de audiências públicas, previstas na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), que havia entrado em vigor no ano anteior.Estudos elaborados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) chegaram a um novo mapa de ampliação. Mas a proposta esbarrava na pressão de setores do agronegócio e em um impasse com o governo de Goiás, que defendia a regularização fundiária das terras da área de expansão antes de dar o aval para o aumento do parque. A Secretaria Estadual das Cidades e Meio Ambiente (Secima) chegou a apresentar uma contraproposta, com a ampliação em área descontínua em 90 mil hectares, que foi apelidada pelos ambientalistas de "colcha de retalhos". O desenho fragmentado não foi aceito pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).Em nota, o ICMBio afirma que a ampliação consolida, definitivamente, o título de Patrimônio Natural da Humanidade, concedido pela Unesco à Chapada dos Veadeiros em 2001. O reconhecimento estava ameaçado pela considerável redução da área de preservação.Representante de Goiás na cerimônia, o secretário executivo do Conselho Estadual de Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Secima, Rogério Rocha, afirmou que a ampliação do parque se deu em acordo o acerto realizado entre o Governo Federal e o Governo Estadual em reunião há menos de um mês. Entre os principais pontos desse acordo está a eliminação de uma área do município de Nova Roma onde se concentrava o maior número de posseiros e pequenos produtores rurais. "Com isso fica mais fácil o processo", afirmou.Rogério também destacou que, durante a reunião, foram apresentadas propostas de inserção de novos dispositivos no decreto. Segundo o superintendente, esses dispositivos garantem que recursos da compensação ambiental sejam utilizados para regularização fundiária, assim como o mecanismo de reserva legal previsto no Novo Código Florestal.