O decreto publicado na noite desta segunda-feira pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que institui quarentena alternada entre 14 dias de fechamento e 14 dias de abertura, suspende as cirurgias eletivas durante o período de revezamento das atividades econômicas. Também restringe as consultas ambulatoriais em 50%.A determinação consta como exceção no artigo que trata das atividades de saúde consideradas essenciais. "Farmácias, clínicas de vacinação, laboratórios de análises clínicas e estabelecimentos de saúde, excetuando-se os procedimentos de cirurgias eletivas e reduzindo-se a 50% a oferta de consultas e procedimentos ambulatoriais, não abrangendo, neste caso, os serviços de atenção primária à saúde, os quais devem funcionar em sua capacidade máxima, inclusive com atendimento à demanda espontânea", diz o techo do documento.Antes do decreto, na tarde desta segunda-feira, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) havia divulgado uma nota técnica recomendando a suspensão imediata de procedimentos cirúrgicos eletivos nos hospitais da rede privada. As exceções são os procedimentos cirúrgicos das seguintes especialidades: cardiologia intervencionista, oncologia e neurologia.Cirurgia eletiva é aquela que pode ser postergada sem causar grandes problemas ao paciente. A recomendação não vale para os procedimentos cirúrgicos de urgência e emergência, ou seja, aqueles em que há risco de vida para os pacientes caso não sejam realizados.A nota técnica tem como base a recomendação do Comitê de Operações Estratégicas (COE) do Estado de Goiás; o relatório de assessoramento estratégico feito pelo Instituto Mauro Borges; e os estudos da Universidade Federal de Goiás (UFG) sobre as projeções de casos confirmados, necessidade de leitos de UTI e óbitos em decorrência da Covid-19. Também levou em consideração o cenário de escassez e dificuldades de aquisição de equipamentos e medicamentos, principalmente anestésicos e relaxantes musculares necessários para pacientes que necessitem de terapia intensiva.SedativosNesta segunda-feira, antes mesmo da recomendação, o Hospital Samaritano, no Setor Coimbra, em Goiânia, havia suspendido os procedimento eletivos como medida preventiva para evitar a falta de medicamentos anestésicos para pacientes internados. A unidade também montou tendas na calçada para atender pacientes suspeitos e confirmados do novo coronavírus.A reportagem entrou em contato com a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) e Associação dos Hospitais do Estado de Goiás (AHEG), para saber as unidades associadas vão seguir a recomendação da SES. No entanto, não recebeu retorno.Na sexta-feira (26), a AHEG havia emitido uma nota defendendo a continuidade dos procedimentos. "A situação de muitos pacientes que aguardam suas cirurgias eletivas, em não dar continuidade aos seus tratamentos, pode trazer sérios transtornos, como risco de morte. Além disso, a entidade observa que, a suspensão das cirurgias eletivas pelo Ministério da Saúde, impactou na arrecadação das unidades hospitalares e trouxe grandes transtornos operacionais para as mesmas, acarretando, inclusive, num aumento do desemprego", diz a nota.-Imagem (1.2077870)