Goiânia tem 99 pontos que apresentam riscos de alagamento e são monitorados pela Defesa Civil da capital. No período de chuva, o acompanhamento é mais frequente e as equipes ficam em alerta 24 horas por dia. Com a previsão de mais chuvas nos próximos dias, o coordenador operacional Anderson Marcos de Sousa explica que os riscos passam a ser maiores porque o solo pode estar encharcado, o que faz com que os alagamentos ocorram rapidamente.Sousa diz que desde o ano passado tem observado mais chuvas na capital. “Nos 15 primeiros dias de janeiro, já tínhamos mais da metade da chuva esperada para o mês.” Os 99 pontos que estão na lista dos agentes foram catalogados no período de estiagem no ano passado, mas novos pontos podem entrar na relação quando a população aciona a ajuda, seja por alagamentos, deslizamentos, transbordamento de rio ou outra ocorrência.O coordenador operacional explica que o trabalho é realizado um ano antes para que as ações sejam de prevenção. Com a lista dos locais onde ocorre problema, os agentes de Defesa Civil acionam as outras pastas municipais para realização de serviços. Um exemplo são as bocas de lobo comumente entupidas com lixo. “A Comurg e a Secretaria de Infraestrutura são acionadas para retirada do entulho, remoção para um local apropriado e, se necessário, refazer os equipamentos, como as tampas, por exemplo.” Ele acrescenta que todas as pastas municipais podem ser acionadas, a depender da necessidade.Algumas áreas sofrem com problemas historicamente. É o caso da Avenida Feira de Santana, no Parque Amazonas. Quando chove forte, a parte baixa da rua alaga a ponto de impedir a passagem segura de veículos. A orientação de Sousa é para que os motoristas nunca se arrisquem. “Não se aventurar é a principal orientação. Pode ser que dê certo, mas pode ser perigoso e acabar em tragédia.”Em outubro de 2011, uma mulher que estava em uma moto foi arrastada neste local durante uma chuva forte. O corpo dela foi encontrado no dia seguinte. O local, depois disso, recebeu uma boca de leão, que é uma estrutura maior que uma boca de lobo, mas que tem grades de aço para permitir a passagem da água.Em 2013, um casal de motociclistas foi arrastado pela enxurrada dia 12 de dezembro. Eles haviam saído para comprar leite para o filho de três meses. Na tentativa de atravessar a ponte na Viela Nonato Mota, no Setor Pedro Ludovico, foram levados. O corpo do condutor da moto foi encontrado na manhã do dia seguinte. O corpo da mulher nunca foi encontrado. “O recomendado é acionar a Defesa Civil quando a água estiver subindo. As equipes podem ajudar, orientar e encaminhar moradores para áreas seguras”, diz o coordenador operacional.Sousa explica que em praticamente todos os locais monitorados pela Defesa Civil a causa dos transbordamentos é o lixo descartado de maneira irregular. “Depois que a água baixa, precisamos acionar as equipes para remoção do entulho que trava a passagem da água. Tem de tudo, desde peças de carro, móveis, galhos. Mas o que mais tem são garrafas, materiais plásticos, que deveriam ser descartados e estão nos rios.” Áreas de riscoGoiânia tem 27 áreas de risco mapeadas pela Defesa Civil. Entre os riscos, existe inundação, alagamento, deslizamento, processo erosivo e enchentes. Coordenador de monitoramento de áreas de risco, Marcelo Luz explica que o acompanhamento se dá porque a vida das pessoas pode estar em perigo. “As áreas são dinâmicas por conta das ações de mitigação por meio de obras. Mas mesmo quando uma situação está controlada, outras podem aparecer.”As principais áreas atualmente estão na Vila Roriz, Vila Fernandes e Vila São José, onde há risco de inundação e alagamento. Na Vila Bandeirantes, o risco é de deslizamento de solo. No Jardim Novo Mundo, o que preocupa é um processo erosivo severo. No Parque Tremendão existe um risco identificado recentemente de deslizamento de solo. No Setor Norte Ferroviário, há áreas propensas a enchentes e inundação.Luz diz que, em todos os casos, a Defesa Civil sempre atua em conjunto com outras pastas, mas que dependem muito mais da ajuda da população. Ele ressalta que na Vila Fernandes, por exemplo, vem sendo executado plano de ação conjunta e que só a Comurg retirou 294 caminhões de entulho da região entre fevereiro e dezembro de 2021. “Tinha colchão, sofá, capô de carro, lixo doméstico, muita garrafa PET, entre outras coisas. A cada visita para retirada, mais lixo. As pessoas precisam se conscientizar do risco de descartar resíduos sólidos de maneira errada”, alerta. EstiagemHá uma semana Goiânia tem vivido dias de céu fechado e chuvas intensas. A partir de domingo (13), a previsão é de que o tempo fique mais estável, mas a tendência é de que novo corredor de umidade proporcione mais chuva. A explicação é do gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim. “Por volta do dia 18, nova frente fria deve proporcionar encontro a canalização desse novo corredor. As chuvas devem voltar com o formato do verão, de pancadas rápidas.” Mas ele alerta que o verão também tem a característica de ter mudanças repentinas no clima, por isso, é preciso manter o alerta por conta de chuvas fortes e mesmo de precipitações demoradas.-Imagem (1.2402323)