O advogado Luiz Carlos Silva Neto, que defende o empresário Maurício Borges Sampaio, acusado de ter encomendado a morte do jornalista Valério Luiz de Oliveira em 2012, entrou com pedido nesta segunda-feira (6) no Judiciário goiano para adiar o júri marcado para 13 de junho alegando a necessidade de estar no Rio de Janeiro para atuar na defesa de um cliente que está preso e vai passar por uma audiência de instrução e julgamento no mesmo dia.Silva Neto assumiu o caso do policial no dia 31 de maio, quando as datas tanto do júri remarcado em Goiânia como da audiência de instrução já estavam agendadas, ambas, para o dia 13 de junho. O POPULAR teve acesso à petição enviada pelo advogado Sérgio José Martins Santana ao Judiciário carioca substabelecendo sem reserva de poderes Silva Neto como advogado do PM neste processo específico.No Rio, o cliente é o policial militar Gabriel Paixão Baptista, preso em dezembro do ano passado sob acusação de tentar matar quatro turistas estrangeiros e um guia brasileiro após uma briga em uma boate quatro meses antes. Ele responde ao processo com um suposto integrante de uma milícia, segundo a imprensa carioca, e mais uma terceira pessoa que se encontra foragida. De acordo com a acusação, o miliciano é quem teria se envolvido na briga e depois convocado o policial para matar os turistas.A audiência na próxima segunda no Rio é continuação de uma iniciada em 2 de maio, coincidentemente mesma data em que houve uma nova tentativa de júri no caso Valério Luiz.Leia também:- CNJ arquiva queixa contra juiz feita por acusado de mandar matar Valério Luiz- Ministério Público se posiciona contra suspeição de juiz no caso Valério Luiz- Justiça suspende multa dada a advogados que deixaram plenário no julgamento do caso ValérioO julgamento aqui em Goiânia foi adiado para junho porque Silva Neto abandonou a sessão, se recusando a seguir no local enquanto o juiz Lourival Machado da Costa seguisse responsável pelo processo. Logo após a saída do advogado, Costa remarcou a nova data do júri para 13 de junho.No site do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) consta que o PM foi representado por Martins Santana na audiência do dia 2. Neste mesmo dia, a juíza Tula Corrêa de Mello, da 1ª Vara Criminal da Comarca da Capital do TJ-RJ já havia agendado para às 16h30 do dia 13 de junho.Em seu pedido de adiamento do júri, protocolado no dia 6 de junho, Silva Neto alega que foi contratado para atuar na defesa de réu preso. Ele cita na argumentação um artigo do Código de Processo Penal (CPP) que prevê preferência para réus presos na pauta de julgamentos.“Diante da expressa disposição legal, deve ser observada a prioridade para os processos com réu preso, devendo ser adiado o ato designado por Vossa Excelência, com vistas a evitar violações ao contraditório e à ampla defesa”, escreveu na petição.O advogado cita também o artigo 265 do CPP, que é o mesmo usado pelo magistrado para justificar a multa aplicada no valor de 100 salários mínimos quando Silva Neto abandonou o júri no dia 2 de maio. A multa foi suspensa após recurso impetrado pela Ordem dos Advogados do Brasil de Goiás (OAB-GO).O artigo 265 trata da punição para advogados que abandonam processos sem justa causa e também aborda quando uma audiência pode ser adiada quando a defesa não puder comparecer.O juiz encaminhou o pedido de adiamento para análise do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) antes de se manifestar dentro do processo.Desde que assumiu a defesa de Sampaio, em março deste ano, Silva Neto tem atuado para adiar o júri do caso Valério Luiz, seja questionando o depoimento de um dos réus, apresentando reclamação pedindo suspeição do juiz responsável pelo caso ou, como anunciou nesta segunda-feira (6), prometendo apresentar notícia-crime contra a atuação do mesmo magistrado. Até o momento, todos os pedidos têm sido rejeitados, mas ele conseguiu adiar o júri previsto para o dia 2 de maio.