Até que ponto os atos de violência doméstica impactam o desenvolvimento e a saúde mental das crianças e dos adolescentes? E, em casos extremos, quando eles se tornam órfãos do feminicídio? E, ainda pior, assistem às cenas aterrorizantes da morte da própria mãe? Neste mês de julho, em duas cidades goianas, Bom Jardim de Goiás e Luziânia, situações como essas se repetiram, deixando para as famílias das vítimas o fardo de amenizar o espinhoso rastro emocional. A advogada Sueli Meireles vivencia de perto os efeitos da morte da prima Michelle Siqueira Batista, 35 anos, assassinada no dia 18 deste mês com seis facadas em Luziânia, município do Entorno do Distrito Federal. Os golpes mortais foram desferidos pelo serralheiro Raul Rodrigues dos Santos, 30. Galeguinho, como era conhecido, saiu à noite e ao voltar de madrugada encontrou trancado o portão da casa onde vivia com Michelle. Irritado, ele pulou o muro dando início a um comportamento irracional que culminou num desfecho trágico.