Dois dos três homens mortos dentro da Casa de Prisão Provisória (CPP), no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, nesta terça-feira (26), eram vizinhos no Setor Buriti Sereno antes da prisão e respondiam pelo mesmo crime: a morte encomendada de um dono de barbearia no bairro. Matheus Junior Costa de Oliveira, de 20 anos, e Hyago Alves da Silva, de 19, foram detidos no dia 5 de maio, menos de dois meses após o homicídio pelo qual eram acusados.Matheus Júnior e Hyago teriam matado Clayton Junior Cestino Costa, no dia 16 de março, por volta de 22h30. Matheus Júnior ligou para a vítima horas antes combinando de se encontrarem ali perto e o esperou junto com o cúmplice. A polícia chegou até os dois depois de descobrir uma ligação via Whatsapp no celular do barbeiro de um número em nome da namorada de Matheus Júnior. Também houve uma denúncia anônima indicando que os dois cometeram o crime a mando de um preso da CPP.Chamou a atenção da polícia desde o começo o fato de Clayton ter ido a um lugar supostamente comprar uma “jantinha”, sendo que ele já havia encomendado por meio de aplicativo pizza e pastel para jantar com familiares. Junto com o telefonema de mais cedo, suspeitou-se da emboscada. Também foi apurado que o barbeiro havia guardado uma arma para criminosos e a perdeu, gerando uma dívida.Leia também:- OAB-GO vai vistoriar CPP após morte de três detentos em Aparecida de Goiânia Durante as investigações, a polícia descobriu que na verdade quem teria ordenado o crime foi Matheus Xavier do Rêgo, de 23 anos, pois este acreditava que Clayton teve envolvimento na morte de seu irmão, Weverton, em novembro de 2017. Além disso, os acusados pela morte estavam devendo dinheiro para este segundo Matheus, e havia uma promessa de que a dívida seria quitada caso eles matassem o barbeiro.Matheus Xavier está foragido até hoje. Ele responde a mais dois processos por tráfico.Uma quarta pessoa, Lucas Marques Pereira, de 18 anos, foi presa no começo de julho acusado de ter dado a arma a Matheus Junior em troca de R$ 2 mil. Lucas também é suspeito de envolvimento em outros três homicídios e, segundo a polícia, confessou o envolvimento em todos os crimes.A Polícia Civil conseguiu chegar até Lucas e Matheus Xavier após os depoimentos de Matheus Junior e Hyago, que confessaram o crime. A única divergência está no fato de Hyago ter ou não atirado na vítima. O comparsa diz que sim, no coração. Já ele, nega.A namorada de Matheus Junior foi excluída do inquérito depois que se descobriu que ele apenas usou os dados pessoais dela para cadastrar uma linha telefônica usada aparentemente em práticas criminosas. O casal tem um filho pequeno.Ao longo do processo, não foi adiante a suspeita de envolvimento de alguém preso na CPP na morte de Clayton.Entenda o casoAlém de Matheus Junior e Hyago, foi encontrado morto o detento Paulo César Pereira dos Santos. Os três estavam em duas celas. A Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) não deu mais detalhes sobre as mortes. Apesar da morte ter sido constatada no local, o Samu foi acionado para socorro. Em nota, a DGAP informou apenas que "a ordem e a disciplina dentro da unidade seguem sem alterações".